Capítulo 3

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É muito difícil conseguir um emprego quando se perde anos servindo ao Corpo de Fuzileiro Naval americano

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É muito difícil conseguir um emprego quando se perde anos servindo ao Corpo de Fuzileiro Naval americano. Pelo menos pra mim foi. Pior ainda, por não ser americano nato, já que viemos morar em terras estadunidenses quando eu tinha sete anos de idade. Minha mãe, que era viúva na época, se apaixonou por um americano que estava de férias em Veneza e veio morar com ele aqui.

Dona Holanda, minha mãe, largou toda uma vida para viver seu grande amor.

Morávamos numa casa de meio porte no sul do Alabama e gostava muito da vegetação que tinha atrás de nossa casa. Fazia muitas trilhas, tomava banho em rios e acampava com o único amigo que eu tinha, meu padrasto.

Eu fui muito bem recebido por ele. Por não ter filhos, me tratava como um e fazia questão de dizer que eu era seu filho quando questionado sobre mim. Me ensinou diversas coisas da vida, sempre me aconselhando a ser alguém melhor. Contudo, ele morreu num assalto quando eu tinha dezoito anos de idade, e pior, eu presenciei a cena inteira.

Me senti um inútil por não conseguir fazer nada!

Por esse motivo, passei meses revoltado com a vida. Fiz um monte de coisas que me envergonho, andei com quem não devia, simplesmente me rebelei. Achei muito injusta a morte dele, principalmente porque ninguém faz nada para poder prender os assassinos. Mesmo eu fazendo a descrição dos homens cujo rosto lembro-me claramente, nada fizeram. Ver minha mãe sofrer mais uma vez por perder um amor, me deixou quebrado demais.

Contudo, a maior tristeza dela foi quando descobriu, poucas semanas depois da morte do meu padrasto, que estava grávida de seis semanas. Ela chorava dia e noite sem ter ninguém que pudesse lhe consolar. Nem mesmo eu, já que passava noites fora de casa, tentando achar os assassinos.

Fiz muita merda naquele período.

Numa noite, cheguei em casa e minha mãe estava passando mal. Achamos estranho, já que ela havia completado sete meses há poucos dias. Levei-a para o hospital e minha irmã Manuela nasceu prematuramente. Foi descoberto que seria uma criança autista.

Por muito tempo minha mãe se culpou pelo fato de a Manu ter nascido com essa anomalia. Por causa do luto, minha mãe bebeu quase que a gravidez inteira, o que acarretou numa série de problemas gestacionais, ocasionando enfim, um nascimento precoce. Mas, a culpa não foi somente dela.

Creio que seu eu estivesse mais presente em casa para ajudá-la, já que eu era o único que poderia tê-la auxiliado, certamente minha irmã seria diferente e minha mãe não teria tanta amargura na vida. No entanto, acredito que tudo ocorre de acordo com a vontade de Deus e que para tudo Ele tem um propósito.

Para tentar diminuir o peso das despesas da casa, decidi me alistar quando minha irmã completou dois anos. Minha mãe acabou perdendo a hipoteca da casa e passamos a morar de aluguel num apartamento conjugado. Todo o tratamento da minha irmã era muito caro e os locais públicos não aceitavam nossas condições. Por isso, me alistei e passei a mandar todo o dinheiro que recebia para minha mãe.

VITTORIA FONTINELLY -TRILOGIA IRMANDADE I Onde histórias criam vida. Descubra agora