Behind The Counter - WangXian.

Capítulo 8

Wei olhou com certa desconfiança o homem que se mantém ao lado do pequeno alfinha chamado A-Yuan, algo nele era estranhamente familiar mas ele não sabia exatamente o quê, por isso apenas se manteve em alerta caso precisasse agir de maneira rápida, ambos tinham chegado juntos pouco tempo depois do garotinho ter estado ali, Wei ficou feliz em vê-lo novamente tão rapidamente mas não gostou muito do homem que o acompanhava, fazia alguns minutos que eles estavam ali observando A-Yuan apenas pegar aquilo queria nas prateleiras, ao seu lado encostado no balcão sorrindo calmamente. O ômega tinha sua mão por baixo do balcão, sobre uma pequena faca enquanto devolvia o sorriso que recebia, a vida tinha feito dele alguém realmente desconfiado e ele não tinha esquecido o tal Lan Wangji, talvez aquele homem elegante e gentil estivesse ali por causa dele.

— Ah, estou aqui a tanto tempo apenas parado, nem me apresentei direito — o homem finalmente falou — Eu me chamo Xichen, sou o tio de A-Yuan. É um prazer conhecê-lo.

Fez uma breve reverência, Wei fez o mesmo apresentando-se logo em seguida.

— Wei Wuxian, é um prazer — talvez ele não fosse alguém ruim, já que era tio de A-Yuan.

— Eu nunca o vi nessa região, você é novo por aqui?

— Sim, me mudei recentemente — deu de ombros — Estou morando em um quarto pequeno.

— Está de passagem então? — cruzou seus braços a frente de seu peito — Gusu é um bom lugar, mesmo que a máfia comande todo lugar.

— É, você tem razão, nunca vivi tão bem como vivo aqui — suspira — Não estou de passagem, se depender de mim ficarei o resto de meus dias aqui, eu não ligo muito para máfia e nem quero me meter em problemas.

— Entendo perfeitamente o que quer dizer, mas a máfia não é realmente ruim.

— Sim, eu ouvi sobre seus feitos — encarou a face serena — E acho admirável o que o bonitão de olhos dourados fez, mas eu já tenho minhas próprias lutas.

— Compreendo — sorriu mais uma vez.

Wei deslizou seus olhos discretamente pelo corpo de Xichen, ele pode ver uma aliança brilhando em dourado em sua mão direita, era óbvio que ele era um alfa e pelo visto casado, procurou nele o traço de qualquer coisa que pudesse parecer suspeito, mas não encontrou nada. Talvez estivesse começando a ficar paranoico e o tal Lan Wangji nem sequer lembrasse dele, afinal um alfa como ele não teria tempo para um ômega que trabalha em uma conveniência, voltou a encarar sorriso gentil de Xichen que permanecia tranquilo, Wei tinha quase certeza que nada poderia abalar aquele homem.

— Bela aliança — disse — Um alfa tão bonito casado?

— Oh — Xichen encarou sua aliança sorrindo carinhosamente — Sim, ele é um ômega fora de nosso território, um pouco esquentadinho e cabeça dura, mas eu realmente o amo.

— Todos os alfas bonitos de Gusu estão comprometidos pelo visto — brinca suavemente.

— Na verdade não, soube que Lan Wangji está solteiro.

— O líder da máfia a azul? — fez uma breve expressão de tédio — Bom, ele é bonito pra caralho não vou negar, mas não quero me envolver com a máfia.

— Você é o primeiro a dizer isso, todos estão sempre se jogando ao seus pés — ri — Definitivamente você é estranho.

— Eu prezo muito minha paz.

— Acha que Wangji pode tirá-la? — ergueu uma de suas sobrancelhas.

— Um homem daquele pode me dar tudo menos paz, se é que entende — piscou para o alfa.

Xichen permaneceu alguns minutos chocado com o que tinha entendido nas entrelinhas, não conseguindo formular uma resposta ao ômega, A-Yuan que finalmente havia acabado de escolher correu em direção ao balcão, recebendo um sorriso carinhoso de Wei que passou tudo que o garotinho havia pego enquanto conversavam animadamente sobre a sessão de cinema que teria com seu tio, Xichen que estava apenas observando a interação entre os dois pode ver um brilho genuíno de felicidade no rosto de A-Yuan, normalmente outros ômegas o assustavam ou o deixavam com medo, além de Cheng, Huaisang e Wen Qing, Wei era o primeiro ômega que o garotinho parecia gostar de ter por perto, algo que seria muito interessante de comentar com seu irmão.

— Obrigado, por tratar A-Yuan tão bem, ele realmente gosta de você — acaricia os fios escuros do garotinho, que está distraído com um bonequinho que havia ganhado de Wei — Ele é um garotinho muito tímido para idade dele, apesar de ser alfa é muito carinhoso e calmo, o que lembra muito um ômega.

— Eu entendo, eu sofria bullying na escola quando era mais novo — encarou A-Yuan — Sei o quanto é ruim ser diferente daquilo que esperam, nunca fui um exemplo de ômega então as pessoas não compreendiam isso. Eu também gosto muito dele, A-Yuan é educado e muito gentil.

— Ele é como o pai dele de certa forma, às vezes tem a mesma expressão — segura a mão de A-Yuan — Agora deixarei você trabalhar, obrigado Wei.

— De nada, Xichen.

O alfa despede-se e Wei os observa se afastar, seus pensamentos voltando ao que Xichen disse sobre A-Yuan, a sociedade tinha um ideal sobre o que ômegas e alfas deveriam ser, quando qualquer um dos lados fugiam desse ideia eram tratados com indiferença e exclusão, não eram perfeito e sim peças defeituosas que não se casariam e se tornariam um peso, quando entrou no exército já tinha em mente o que iam pensar e falar, porém havia passado por isso a sua infância e adolescência nada que pudessem dizer naquela época o surpreenderia, o peso de ser tratado como um fardo o assombrou por muito tempo até que finalmente desapareceu.

— As pessoas e sua mania de querer dizer o que os outros devem ser — suspirou pesadamente — Ele é uma criança, deve apenas se divertir e não agir como os alfas idiotas que tem por aí.

Pelo menos o pequeno alfinha parecia ter uma família que o amava muito, o que iria amenizar todo preconceito que enfrentaria até se tornar um adulto, mas Wei tinha certeza que mesmo depois de alguns anos A-Yuan ainda seria o mesmo, cresceria como um rapaz calmo, tranquilo, educado e gentil, tudo que a sociedade não espera de uma alfa o garotinho seria. Se ele tivesse um pouco mais de sorte teria uma vida melhor do que a dele, o barulho do sino da loja interrompeu seus pensamentos, precisava voltar ao trabalho.