Behind The Counter - WangXian.

Capítulo 23

Wei estava em pé cedo novamente, descendo as escadas devagar para tomar café e caminhar pelos jardins, assim que chegou na cozinha deparou-se com Lan Qiren, que servia-se de um pouco de chá, o mais velho lhe sorriu e perguntou se queria algo, timidamente apontou na direção onde estava a garrafa de café e o mais velho logo o serviu, convidando para se sentarem na área do lado de fora que ficava de frente para o sol, o ômega prontamente aceitou seguindo o outro para o lado de fora.

— Como está esse ferimento meu rapaz? — o mais velho perguntou assim que se sentaram.

— Já não dói tanto, apesar de Cheng dizer que tudo estaria melhor dentro de três dias, ainda sinto dor quando ando, mas logo poderei voltar a minha vida normal — sorri.

— Você trabalha?

— Em uma conveniência, não muito longe daqui, foi lá que conheci seu neto e seu sobrinho — dá de ombros — As coisas mudaram desde então.

— Acha que foi culpa de Wangji o que aconteceu? — encarou o jovem ômega que observava a paisagem.

— Nós cometemos muitos erros, alguns deles nos seguem até a nossa morte, por isso não devemos cometê-los duas vezes — suspira — De uma forma insignificante eu me mantive cometendo os mesmos erros, era como um clico vicioso e então em busca de uma liberdade, eu caí aqui. As coisas que aconteceram comigo e que ainda vão acontecer, não são culpa de ninguém além de mim.

— Você parece bem confortável em como sua vida anda.

— Um pouco, às vezes temos que aceitar o destino que foi dado a nós — olhou para o mais velho — A vida não pode ser justa, porque o destino deveria?

Qiren não lhe deu uma resposta, apenas desviou seu olhar para a paisagem à sua frente, por alguns segundos ambos ficaram em silêncio, aproveitando a tranquilidade da primeira hora da manhã.

— Eu não sei como foi sua vida, Wei Wuxian — diz sem olhá-lo — Talvez pior que a minha de alguns anos atrás, quando eu não era um ninguém com duas crianças pequenas para criar, talvez eu não tenha feito meu melhor...

— Você fez — sorri suavemente — Quando meu pai já não era um bom homem, eu sempre perguntei quem estaria lá agora que ele não estava, alguns meses depois enquanto estava preste a ser leiloado, eu soube a minha resposta — aperta suas mãos ao redor da xícara — Ninguém. Então, você fez sim o seu melhor, não os deixou e deu a eles uma boa vida.

— Sinto muito...você é um bom rapaz, inteligente, bonito e tem o coração de Wangji nas mãos — toca seu ombro — Eu desejo que possa encontrar nele seu ponto de paz, por mais que eu saiba que talvez, você não escolha ficar, espero que de alguma forma vocês sejam felizes juntos.

— Eu sou uma boa escolha para seu sobrinho, ele é bem prepotente às vezes, então posso colocá-lo no lugar.

Ambos riram suavemente, seguindo com uma conversa confortável a partir dali. Enquanto conversavam Qiren não deixou de notar, que Wei era um ômega calmo e agitado algumas vezes, tinha um bom coração mas teve uma vida injusta, não buscava riqueza, glória ou fama apenas queria uma vida tranquila ao lado de uma família, sonho que o jovem ômega havia desistido a um bom tempo, afinal a situação que se encontrava no momento não lhe dava esse direito, e naquelas pequenas horas que ficaram ali conversando antes de todos levantarem, e a crianças correrem até ele, o mais velho teve a certeza que ninguém seria melhor do que Wei para estar ao lado de seu sobrinho. Depois de um tempo todos já se encontravam de pé reunidos na mesa, menos Norami que havia saído na noite anterior e não tinha voltado ainda, apesar de Wei estar preocupado apenas deixou aquilo de lado, afinal a mais velha sabia se cuidar e ficaria bem.

— A algo de errado? — Wangji tocou sua mão por cima da mesa.

— Não, eu só estava pensando — sorri minimamente — A reunião está finalmente chegando, não é?

— Sim, daqui a dois, eles decidiram fazê-la de uma vez — suspirou — Há muitos boatos correndo por aí, desde que Ling Yuo veio aqui.

— Ela deve ter inventado um monte de mentiras sobre mim ao conselho.

— Provavelmente, ela parecia desesperada por esse casamento — apertou suavemente a mão de Wei — Mas tudo ficará bem.

Wei assentiu se concentrando em comer, apesar de sentir uma pequena iquietude em seu peito, lembrando-se da época que havia sido leiloado como uma vadia, ainda conseguia sentir as mãos daquele homem tentando tocá-lo, em alguns de seus pesadelos ele estava lá o assombrando, o arrastando de volta para aquela cela para passar dias sem comer, preso no maldito escuro, perguntava-se o tal Ruohan faria a mesma coisa consigo quando negasse ir para cama com ele, aquele pesadelo se tornaria realidade novamente caso ele apenas fosse pego? Wangji o observava preocupado pela expressão em sua face, seus olhos cinzas permaneciam perdidos em algum lugar longe dali, sua mão tocou o ombro do ômega balançando seu corpo suavemente.

— Wei, tem certeza que está bem?

— Sim, eu...eu só estou cansado — sorriu.

— Eu estou aqui por você, e sempre estarei — beijou a mão de Wei.

O ômega apenas sorriu docemente esquecendo completamente aqueles pensamentos ruins, Ruohan não colocaria as mãos nele assim tão fácil, tinha Wangji ao seu lado agora assim como todos os outros.

— Alguém viu a Norami? — Cheng perguntou — Eu liguei para ela, mas deu fora da área.

— Ela saiu ontem a noite, parece que surgiu um assunto de última hora — Meng Yao deu de ombros.

— Isso é estranho, faltam dois dias para reunião, e ela sai assim — Cheng continuou.

— Mais tarde ela deve aparecer — Xichen disse calmamente — Norami é uma mulher forte, sabe se defender.

Apesar de dizer aquilo, Xichen também sentia-se levemente preocupado com Norami, apenas não estendeu o assunto por causa de Wei, que parecia não estar tão bem assim e não queria deixar o ômega pior ainda, seu irmão também estava preocupado com a mais velha porém acreditava na capacidade de Norami.

— Falando nisso — Wei começou — Como conheceram ela?

— A Norami é uma contrabandista como já deve saber, ela costumava vender armas para nós — Wangji o explicou — Um dia fomos emboscados por uma máfia rival e tivemos que lutar juntos, quando acabou nos encontramos em um bar para beber, depois nos tornamos amigos.

— Não sabemos a história dela, e nunca perguntamos — Xichen diz — Mas ela sempre esteve aqui.

Wei não fez mais perguntas, apenas ficou em silêncio, perguntando a si mesmo, onde a alfa estava.