Behind The Counter - WangXian.

Capítulo 3

Tudo que Wei menos queria era que algo como aquilo acontecesse, tudo que desejava era passar seus dias em paz vivendo uma vida normal, mas pelo visto isso era impossível quando se tratava dele, as confusões e os problemas o perseguiam ao montes, seus dias de tranquilidade definitivamente tinham ido embora, o sorriso na face do homem à sua frente era a prova viva disso. Lan Wangji o líder da Máfia das nuvens estava em pessoa na sua frente, segurando sua mão delicadamente enquanto depositava um beijo na mesma, demonstrando uma calma nada comum para aquele momento, diferente dele de que a qualquer segundo poderia surtar, mas respirou fundo se afastando rapidamente do toque do outro, recuando até se sentir em uma distância segura, tentando manter um mínimo de calma.

— Okay, isso não foi o que eu pedi — resmungou — Eu só queria ter uma vida tranquila, e aqui estou de frente para o dono da Máfia.

— Lan Wangji, meu nome é Lan Wangji — disse calmamente — Será que poderia me dizer o seu?

— Claro que não — cruzou seus braços — Olha Lan Wangji, não me importo se você é dono da Máfia, do morro ou seja lá do que for, mas o negócio é o seguinte — respirou fundo — Eu estou vivendo completamente em paz no momento, e isso é tudo que eu quero, porém por sua causa hoje eu quebrei uma regra muito importante do meu trabalho.

— Eu sinto muito por isso, ômega.

— Não me chame de ômega, eu tenho um nome — suspirou.

— Você me nega a fala-lo, como quer que eu o chame?

Wei apertou suas têmporas, aquele cara estava começando a testar sua paciência, com toda aquela pose e forma elegante de agir.

— Continuando, tudo que eu menos quero agora é estar envolvido com você, então por favor, pegue as faixas e alguns remédios e de um fora daqui — apontou em direção a porta dos fundos — Siga o beco até o final da rua, depois vire a sua esquerda e a partir de lá, você se vira.

Wangji o encarou, um sorriso preso sobre os lábios finos, enquanto recolhia as coisas que Wei tinha pedido e ajeitava suas roupas.

— Obrigado mais uma vez pela ajuda qīn'ài de* — uma breve reverência antes de se afastar e sumir pela porta dos fundos.

— Qīn'ài de*, ele me chamou....qīn'ài de minha bunda — murmurou irritado.

Precisava voltar para loja e limpar toda bagunça antes que o amanhecer chegasse e seu chefe também, havia muito sangue e marcas de balas em algumas prateleiras e pelas paredes, teria que dar uma boa explicação sobre o que tinha acontecido naquela madrugada, provavelmente seria demitido.

— Pensando bem — falou consigo mesmo enquanto limpava o sangue — Podia ser pior, eu consigo outro emprego de qualquer forma.

Deu de ombros terminando de limpar e organizar a bagunça que tinha feito, voltando novamente para de trás do balcão, logo seria manhã e ele iria embora. Quando seu chefe adentrou pela porta assim que o relógio marcou seis horas, parecia mais calmo que o normal enquanto observava as marcas deixadas pelas balas, nem sequer conversou consigo apenas ficou uns bons minutos falando no celular, o dispensando com um aceno ordenando que voltasse no dia seguinte para cobrir normalmente seu turno, aquilo lhe pareceu um pouco suspeito e estranho, porém não podia reclamar precisava de trabalho e estava feliz por não ter sido demitido.

Sua casa ou quartinho como costumava chamar, fica as três ruas da conveniência onde trabalha, o lugar era pequeno e um pouco apertado, mas como era apenas ele e um gatinho que havia encontrado abandonado em suas voltas para casa, não era tão ruim assim morar ali. Tinha poucos móveis apenas o básico para se viver, era organizado porque prezava por tudo em seu devido lugar, limpo já que todos dias antes de sair limpava tudo, o aluguel não era tão caro o que ajudava bastante, era um local bom para morar e no final das contas, aquele foi o primeiro lugar que realmente pode chamar de lar.

— Olá pequeno Sun — acariciou o gatinho que se arrastava até si, sua perna esquerda tinha sido amputada quando o encontrou — Como passou o dia sem mim? Espero que tenha se comportado.

Sorriu se jogando sobre o sofá, colocando o gatinho sobre sua barriga que apenas fechou os olhos apreciando aquele carinho suave, sua mente rapidamente voltou a madrugada agitada que teve na conveniência.

— Aquele tal Lan Wangji era bem prepotente — pensou — Cheio de si com toda aquela pose elegante, mas ele é bem bonito.

Mesmo com tudo que aconteceu, Wei não deixou de notar no quanto Wangji era bonito, podia imaginar as ômegas e os betas se jogando aos seus pés em montes, até mesmo alfas poderiam querer alguém tão bonito e educado, mesmo que fosse um mafioso que controlasse toda a cidade.

— Espero que ele me esqueça, estar envolvido no meio da máfia é tudo que eu não preciso agora — fechou seus olhos — Preciso de uma boa noite de sono, e depois dar uma volta por aí.

O ômega dormiu tranquilamente sobre o sofá acordando apenas durante a tarde, se levantou e seguiu direto para o banheiro para tomar um bom banho e sair para almoçar, uma vez na vida se dava esse luxo de comer fora e encontrar alguns amigos que tinha feito pela região onde morava, assim que terminou seu banho vestiu-se e preparou-se para sair após verificar que havia água e comida suficiente para Sun. Trancou sua casa antes de seguir na direção contrária à conveniência em direção ao centro comercial que tinha ali por perto, se aproximou de algumas bancas de comidas que ficavam espalhadas pelo lugar, avistando duas faces conhecidas que acenaram em sua direção.

— Olá meus amigos — se sentou — Já faz um bom tempo, não é?

— Você vive dormindo como um porco — Xue Yang bate em seu ombro.

— Modos A-Yang, Wei tem trabalhado muito ultimamente — XingChen sorriu — Como você tem estado?

— Me pergunto como um anjo como você, namoro esse tronco aqui — riu ao receber um soco em seu braço — A vida tem sido boa ultimamente, não tenho do que reclamar, mas e vocês o que tem feito?

— Nada demais, nós não trabalhamos mais naquele ramo, não queremos nosso pequeno Xie metido nisso — Xue deu de ombros — Temos levado uma vida normal.

Xue Yang e Xiao XingChen eram assassinos de aluguel, trabalhavam a anos naquele ramo, quando se conheceram ambos estavam tentando deixar aquele trabalho por causa do pequeno Xie Lian, uma criança que resgataram de um leilão ilegal. Mas quando se entra nesse ramo não é fácil sair, e o casal tinha alguns inimigos em potencial em sua cola.

— Bom, sabem que podem contar comigo para o que precisarem.

— Sabemos que não pode se meter em esse tipo de situação — XingChen tocou seu braço — Estamos lidando bem com tudo.

— Não se preocupe comigo, eu posso fingir que esse fantasma não me persegue, mas sei que ele está sempre ao meu lado, sei disso. Agora vamos beber e comer alguma coisa, eu estou faminto.

— Viu o que eu disse amor, um porco.

— Xue Yang!

Riu ao ver Xue resmungar que XingChen já não o amava mais. Por alguma razão, Wei desejou que os minutos ali durassem para sempre.

*Qīn'ài de - querida.