Capítulo 12

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— Ai! Dá pra ser um pouquinho delicado? — Wei resmungou ao Jiang.

— Se reclamar vou apertar até seus ossos saírem — disse passando mais uma volta da atadura.

— Wangji! — encarou o alfa.

— Cheng, por favor — pediu — Vá devagar.

— Tudo bem — revirou seus olhos.

Cheng encarou Wei com um sorriso falso que foi retribuído da mesma forma, os ferimentos do ômega já haviam sido tratados e agora faltava apenas o corte em sua perna que havia sido realmente fundo, Jiang até sugeriu ir ao médico mas Wei negou rapidamente afirmando que já tinha sofrido ferimentos piores que aquele. Aquilo causou certa estranheza no alfa que perguntou-se, em que o ômega trabalhava antes para fazer ferimentos piores que aquele.

— Você é bom nisso — disse encarando o curativo em sua perna.

— Eu me machucava muito quando era pequeno, assim como alguns amigos — ajeitou a maleta de primeiro socorros — Acabei me tornando um especialista. Você vai ficar sem andar por um dois ou três dias, a faca realmente atravessou fundo.

— Tudo bem, falarei com o gerente de onde eu trabalho — suspirou — Obrigado.

— Não há de que, foi mal bater em você — sorriu minimamente — Não é seguro que volte para sua casa, tem para onde ir?

— Pra quem me bateu, você tá bem preocupado — provocou — Não tenho, eles devem estar esperando eu sair.

Cheng olhou brevemente para Wangji, houve uma pequena conversa silenciosa entre eles, que terminou com um leve aceno com a cabeça.

— Fique aqui até de recuperar — Wangji sorriu, o que causou certa estranheza em Cheng — Quanto aos homens que te perseguiram, cuidarei deles.

— Até que você é gentil, bonitão.

O Jiang pode sentir uma certa tensão no ar entre eles, realmente quis não estar ali naquele momento. Batidas na porta os interromperam, Xichen apareceu com um sorriso aproximando-se de Cheng, para abraçá-lo pela cintura enquanto observava seu irmão e o ômega.

— Espero que esteja bem, Wei — falou de maneira amigável.

— Estou bem, apesar de seu marido ter me arrastado pela grama — encarou o outro.

— Sua sorte foi que alguém chegou — rebateu.

— Estou vendo que vão se dar muito bem — Xichen comentou beijando a bochecha de Cheng — Wangji, depois desça Meng Yao está aí para vê-lo.

— Meng Yao? — Cheng ergueu suas sobrancelhas.

— Não comece, Cheng — o alfa advertiu.

Wei olhou Wangji que apenas se afastou para mais perto da cama onde ele estava, pelo visto o tal Meng Yao era alguém realmente não muito amado pelo tal Jiang Cheng.

— Desculpe, Xichen — cruzou seus braços — Mas não sou obrigado a ter empatia.

— Ele está casado com Mingjue agora — suspirou — Tem até um filho.

— Mas antes ele caia de amores por você — apontou o dedo em direção ao seu rosto — Eu posso até engolir ele aqui pela Yanli e o Mingjue, mas ele que não me teste — virou-se para Wei — Amanhã volto para trocar suas atadura — saiu logo após dizer isso.

— É melhor eu ir acalmar a fera — sorriu — Melhoras Wei.

Xichen saiu rapidamente em busca de Cheng, Wangji apenas riu suavemente sentindo-se um pouco penalizado por seu irmão.

— O que há entre eles? — perguntou.

— Uma história mal resolvida do passado — deu de ombros — Mas pergunte a Cheng, ele lhe contará melhor. Como se sente?

— Bem, minha perna não dói tanto — a moveu devagar — Mas não vou poder andar por uns dias, como o tal Cheng disse, obrigado.

— Não há de quê, pode me procurar sempre que precisar ser salvo — pisca para o ômega — Agora vai me contar o que aconteceu?

Não houve uma resposta imediata vinda do ômega, que apenas remexeu suas mãos sobre seu colo, havia uma leve exitação em suas ações até um pequeno traço de medo? Wangji não saberia dizer ao certo.

— Se eu contar, não vai me expulsar daqui?

— Eu nunca faria isso.

— Jure de mindinho — colocou seu dedo mindinho à frente de seu corpo — Se quebrar a promessa, eu irei embora e nunca mais voltarei.

O alfa apenas concordou entrelaçando seus mindinhos, mesmo que tivesse completa consciência que jamais quebraria sua promessa, tudo que menos queria era o ômega longe de si.

— Bom, vamos dizer que eu sou ômega desertor — falou de maneira simples — Eu servi ao exército por oito anos, durante minha última missão eu descobri estar sendo manipulado, então fugi.

— Você é um ex-militar? — sua expressão mostrava incredulidade.

— Sim, forças especiais para ser mais exato — deu de ombros — Digamos que não tive uma vida realmente boa, servir ao exército foi uma forma de sobreviver, era isso ou morrer.

As palavras de Norami voltaram a sua mente, então Wei era o tal soldado que Wen Rouhan estava atrás, aquilo havia tomado um rumo completamente diferente do que ele imaginava, agora tinha ainda mais motivos para não deixar que ele o levasse para longe dali.

— Eu entendo — falou — Não vou julgar suas escolhas, mas tem algo que precisa saber. Seu comandante estava trabalhando para máfia escura, não sei o que aconteceu nesta sua última missão, mas Wen Rouhan, o líder dessa máfia, quer você.

— Mas por quê eu? Não tenho nada a oferecer — havia certa confusão em sua face.

— Não sei ao certo, mas essas foram as informações que chegaram até mim. Não se lembra da sua última missão?

Bom, a memória de Wei era como a de um peixe, mas aquilo ele nunca iria esquecer já que quase morreu enquanto fugia, pular de um avião no meio do nada não era uma boa escolha.

— Nós íamos invadir uma zona, onde alguns extremistas estavam. Tinha muitos reféns, entre eles crianças — ponderou por alguns segundos antes de continuar — Deveríamos entrar e libertar os reféns, depois pegar o chefe deles, quando a missão acabasse eu deveria voltar e ir até o comandante.

— Porque não voltou? — segurou a mão do ômega, ao perceber que elas tremeram levemente — Tudo bem, estou aqui.

— Quando estávamos chegando lá, sobrevoando uma área cercada pelo mar, eu ouvi de um dos meus soldados que aquela missão era estranha — engoliu em seco — Ele disse que as ordens passadas haviam sido mudadas, quando eu perguntei qual era a nova ordem já que nada tinha sido dito a mim, ele disse que deveríamos entrar e matar todo mundo — fechou seus olhos — Quando chegamos lá eu disse para mantermos o plano original, só que deveríamos levar os reféns de carro até a fronteira. Como eles confiavam em mim apenas fizeram o que eu pedi.

Wangji acariciou a mão de Wei, em uma tentativa de passar certo conforto.

— A missão foi bem sucedida, quando terminamos havia um avião diferente nos esperando, eu fui levado separado do meus homens — exitou — No meio do caminho tentaram me prender, mas eu pulei do avião e cair no mar perto da costa, meus homens foram mortos ainda em campo, eles nunca saíram de lá. Eu fugi pra cá, Norami me encontrou na fronteira e me ajudou, ela também me ajudou a entrar em contato com os familiares dos meus homens.

— E o que disseram? — apertou suavemente a mão de Wei.

— Que haviam deixados suas casas e fugidos, estavam bem e seguros, e que não tinham raiva de mim porque também fui enganado, me desejaram uma boa vida mas nunca me perdoei sobre o que houve lá.

Ninguém disse nada restando apenas o silêncio, Wangji puxou Wei para um abraço, queria saber mais da história do ômega mas deixaria aquilo para outro momento, agora precisava apenas fazê-lo sentir-se seguro.

Behind The Counter - WangXian.Onde histórias criam vida. Descubra agora