Behind The Counter - WangXian.

Capítulo 29

 Wangji anda de um lado para outro no quarto onde está temporariamente dormindo, muitas coisas passam por sua cabeça naquele momento e ele sente que pode estourar a qualquer segundo, faz anos que conhece alfa, compartilharam muitos bons e maus momentos juntos, ela foi a primeira a acolhê-los quando entraram naquele negócio, a única que realmente desejou ajuda-los já que a grande maioria os queria morto, foram tempos difíceis e ainda assim Norami sempre esteve lá por eles mesmo quando não mereciam. Agora a mais velha está ali, no andar debaixo sentada em um dos sofás enquanto recebe um tratamento adequado para seus ferimentos, conversando alegremente e sorrindo mesmo que esteja mergulhada no escuro, era como se nada pudesse mais machuca-la e tudo que pode fazer é continuar, mas aquilo não era justo, nem com ela e muito menos com Wei, que havia se fechado em seu quarto remoendo sobre uma culpa que não era sua.

A cada segundo Wangji se torna mais impaciente, quer gritar e quebrar tudo ao seu redor até que a raiva dentro de si passe, mas ele não consegue relaxar e cada vez mais está sendo consumido pelo ódio. Batidas soam na porta de seu quarto, Xichen passa por ela e olha com preocupação, o mesmo olhar que ele tinha quando eram crianças e a comida estava prestes a acabar.

— Wangji — toca seu ombro — Posso ouvi-lo lá embaixo. Precisa se acalmar.

— Eu não consigo, eu...estou louco de raiva — diz — Olhe para ela Xichen, Norami perdeu tudo que tinha...eu falhei com ela...

— Não tínhamos como achá-la — suspira — Estou sofrendo tanto quanto você, mas não podíamos fazer nada. Ela está viva e bem da melhor forma que pode, precisamos agradecer a Deus por isso.

— Ruohan — murmura — Ele vai sair dessa limpo, e nós somos obrigados a ficar aqui e engolir tudo!

Xichen pode jurar que nunca viu seu irmão com tanta raiva como está agora, seus olhos continuam brilhando em um dourado puro ouro, as veias em seu pescoço estão aparente sobre sua pele, e há uma aura sombria o rodeando.

— Norami vai ficar bem — encara suas mãos — O que aconteceu não foi culpa de ninguém, por alguns dias ela ficará aqui, pelo menos até que seus ferimentos estejam totalmente curados. Por hora tente se acalmar e falar com Wei, ele está realmente mal.

— Eu farei isso — abraça Xichen — Não importa o que aconteça, você estará comigo?

— Sabe que sim.

Sorri antes de afastar-se em direção a porta sendo seguido por Wangji, que caminha até o seu quarto onde Wei está dormindo enquanto permanece abrigado em sua casa, assim que abre a porta poder ver o ômega encolhido sobre a cama chorando baixinho, sem dizer uma palavra aproxima-se e deita atrás de si, o puxando para seu peito. Por alguns segundos nenhum dos dois fala algo, apenas ficam ali acolhidos no calor confortável que se forma pelo contato de seus corpos, Wei vira-se para o alfa escondendo seu rosto sobre seu peito.

— Ela vai ficar bem, não é? — perguntou, sua voz saindo meio abafada.

— Vai, pode demorar um tempo mas ela vai — beija sua testa — Não pense muito nisso.

— Talvez, ele tenha razão — murmurou — E isso seja minha culpa.

— Não, ele falou aquilo para que se sentisse exatamente assim — o apertou em seus braços — Ruohan foi sujo e desonesto. Acredito que algum momento ele ia nos ameaçar usando ela.

— Como vai ser daqui pra frente?

Essa era uma boa pergunta, as coisas estavam estranhas e pareciam sem rumo, Ruohan ainda era uma ameaça existente que não podia ser esquecida assim tão fácil e faria de tudo para não ser, agora precisavam ser cuidadosos e tomar certas precauções, Norami se adaptaria a seu estilo de vida rápido não só por ser um alfa, mas também por já esperar por aquilo em um futuro distante, quanto aos outros restava se acostumar à nova realidade da vida da alfa e tentar ajudá-la, assim como não deixar que a culpa os consumisse.

— A vida precisa seguir Wei, mesmo que injusta, ela continua — segurou o rosto do ômega para encará-lo — Vamos seguir em frente, e tentar acabar com essa situação.

Wei assente voltando a se aconchegar no peito do alfa, batidas na porta do quarto os tiram daquele mar onde começavam a se afundar, logo um pequeno alfinha está subindo na cama um sorriso fofo em seu rostinho, enquanto entrava entre os dois adultos para deitar-se.

— Papá, Tio Wei — começou suavemente, brincando com os cabelos de Wei — O que há com a tia Norami? Ela parece diferente.

— A tia Norami está passando por um momento estranho na vida — Wangji sorriu para o pequeno — Mas ela está bem.

— Hum, então porque vocês estão tristes? — fez um pequeno bico.

— Adultos tem muitos problemas, A-Yuan — acariciou os cabelos do menor — Ficamos tristes às vezes.

— Mas tio Wei, se ficarmos tristes não deveríamos chorar? — suas mãozinhas seguraram o rosto de Wei — Quando guardamos coisas demais, a gente fica cada vez mal, então deveríamos chorar até ficarmos bem. Pode chorar se quiser, você também, papá — virou para Wangji.

Os adultos encaram o pequeno garotinho o abraçando logo em seguida, pequenas lágrimas descendo por sua face, enquanto o pequeno dizia de seu jeitinho que tudo ficaria bem, houve certo silêncio por um tempo, não havia muito para ser dito de qualquer forma.

— A tia Norami sempre diz algo muito legal — A-Yuan fala depois de um tempo — Por mais que hoje o céu esteja nublado, o amanhã ainda pode trazer um belo dia de sol. Sempre que eu ficava triste ela dizia isso pra mim, então eu me animava esperando que o amanhã fosse realmente melhor, talvez o dia hoje seja apenas um dia e o amanhã seja melhor.

— Você é muito inteligente para alguém tão pequeno — Wei sorri limpando suas lágrimas — Obrigado pequeno.

— Eu sou uma criança mas também posso cuidar de vocês — sorri — Vamos dormir, eu tô com sono.

— Vamos, e quando o amanhã chegar, eu e o tio Wei estaremos melhor — beijou a testa de A-Yuan

O pequeno sorri antes de fechar seus olhos e dormir, talvez ele tivesse razão, o amanhã seria melhor para todos eles.