Capítulo 8

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Olho novamente para o relógio de parede que se encontra na cozinha da Natália. Já tem horas que ela saiu com Maurício, dizendo que iria buscar o Victor na casa da tia do seu marido. A mesma senhora que costuma ficar com ele quando ambos estão trabalhando ou precisam sair por algum outro motivo.

Encontro-me ansiosa, pois Natália parecia esconder alguma coisa e tenho medo que ela aja por impulso e faça alguma besteira. O que é bem típico da minha amiga. E para piorar minha situação não tenho como ligar para ela, estou incomunicável, afinal ao sair de casa deixei meu celular para trás, carrego comigo apenas o meu chip.

Cansada de esperar e precisando fazer alguma coisa, decido tomar um banho, e me preparar para dormir, isso se eu conseguir pegar no sono.

Enquanto estou debaixo do chuveiro penso nas últimas 24 horas, na loucura que cometi ao sair de casa e me bate a dúvida se fiz a coisa certa. Será que minha mãe teria mesmo coragem de levar a diante seu plano de me fazer abortar? Depois de ouvi-la conversando com meu pai, toda a confiança que tinha antes se desfez.

Tento demonstrar que estou segura, para que minha amiga e seu marido não se sintam mal por mim, mas a verdade é que por dentro estou morrendo de medo do futuro, são tantas incertezas na minha vida. E agora com um bebê a caminho me preocupo com o que será dessa criança. O dinheiro que tenho guardado mal dá para ir até a esquina e voltar. Eu não tenho onde morar, estou de favor na casa da minha amiga. Não tenho certeza sobre a minha saúde, pois sempre fui tratada como uma pessoa que sofre do coração.

Toda a minha vida esteve nas mãos dos meus pais, e eles me fizeram acreditar que eu era limitada, que nunca teria uma vida normal. Quando tento vislumbrar meu futuro me sinto aterrorizada. E se eles estão certos? E se eu for fraca? O que será do meu bebê?

Levo minhas mãos até minha barriga e a acaricio. De tudo, a única certeza que tenho é de que farei qualquer coisa para que essa criança nasça com saúde. Não tenho ideia de como. Mas farei.

Termino o banho e escuto uma batida na porta, e me enrolo na toalha.

— Emilly, está tudo bem? — Natália pergunta, com voz baixa.

Eu abro uma fresta da porta e olho para ela, que dá um sorriso suave.

— Sim, estou bem. Estava preocupada com a demora de vocês — confesso.

Ela move a cabeça numa afirmativa, quase imperceptível.

— Vai demorar? Preciso falar com você. — Sua voz, um tanto aflita me deixa alarmada.

— Vou pôr uma roupa e já saio — acentuo, Natália mais uma vez acena e se afasta.

— Esperamos por você na sala — diz se afastando.

Volto a fechar a porta e acho sua atitude muito estranha. O que será que ela e Mauricio querem falar comigo? Será que meus pais conseguiram falar com ela? E por isso Natália está tão esquisita?

Seja o que for, espero não ser nada que traga problemas para a sua família. E é justamente por isso que devo dar um jeito na minha vida e sair daqui. Não tenho ideia de como, mas alguma coisa deve ser feita.

Coloco meu vestido, que já viu dias melhores, prendo o cabelo no alto da cabeça e saio do banheiro, direto para a sala. Não escuto nenhum barulho e deduzo que Victor esteja dormindo, pois não ouvi nenhum ruído dele, algo raro, já que é uma criança bastante arteira.

Antes de chegar a sala vejo Natália entrando no corredor ao meu encontro, ela me olha dos pés a cabeça e sorri, então põe a mão no meu ombro, posso perceber seu nervoso, e dou um sorriso para ela.

Um Herdeiro para o MagnataOnde histórias criam vida. Descubra agora