Capítulo 6

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Faz dois dias que descobri sobre a minha gravidez, e hoje estou disposta a contar tudo aos meus pais de uma vez por todas, não posso mais retardar essa situação. Devo enfrentá-los o quanto antes.

Passo uma mensagem para Natália, e peço que ela fique preparada, pois não sei o que irá acontecer, como meus pais irão reagir. Na mesma hora vem uma resposta dela dizendo que ficará a espreita, olho a hora e imagino que meu pai ainda esteja em casa, pois costuma sair para sua lojinha somente algumas horas após o almoço. Penso em deixar essa conversa para mais tarde, quando ele retornar, mas logo mudo de ideia, pois não adiantará de nada postergar esse assunto.

Sigo para a sala, onde os dois estão assistindo ao jornal da tarde. Minha mãe é a primeira a me ver, e logo desconfia de que há algo de errado, minha aflição deve estar muito visível, pois ela cutuca meu pai no braço e ele também me olha.

— Você está sentindo alguma coisa, minha filha? — pergunta meu pai, se ajeitando no sofá.

Eu respiro fundo e olho para os dois, ensaiei tantas vezes essa cena em minha cabeça, no entanto, agora, não sei como contar a verdade.

— Eu... e-eu preciso confessar algo a vocês. — Minha voz sai instável e posso sentir a força com que meu coração bate em meu peito. Esfrego uma mão na outra e mordo o lábio.

Minha mãe se mostra preocupada e se levanta, ela me olha com receio.

— Por Deus, Emilly, diga logo, estamos aflitos. Pensa que não notamos como você tem andado esses dois últimos dias? — indaga, então pega minhas mãos nas suas. — Filha, o que está acontecendo?

Retiro minhas mãos do seu aperto e me viro de costas para ela. Olho para baixo e fecho os olhos, internamente, peço coragem e força, pois sinto como se fosse desmoronar a qualquer momento. Então lembro que eu carrego um pequeno ser dentro de mim, e que esse ser depende exclusivamente de mim para sobreviver. Eu não posso fracassar, jamais.

Respiro fundo e volto a me virar. Minha mãe permanece na minha frente, atrás dela, meu pai está sentado e nos observa.

— Mãe, prefiro que a senhora se sente — digo e ela continua de pé, perto de mim. Dou um sorriso fraco. — Por favor, o que tenho para contar é importante, e acredito que é melhor que se sente ao lado do papai — completo.

Ela estreita os olhos.

— Faça logo como ela diz, no mínimo vai vim com uma das suas ideias de sair de casa, ou trabalhar fora — solta meu pai, impaciente.

Dos dois meu pai sempre foi o mais frio, e também muito firme em suas convicções, porém minha mãe, apesar de se mostrar carinhosa e preocupada, é uma mulher que o manipula bem, tem horas que acredito que ela é a maior responsável por me manter nesta prisão.

Mesmo inconformada ela volta a sentar-se ao lado do meu pai e cruza os braços.

— Fala logo Emilly, estamos te ouvindo, minha filha — diz e me olha com pesar.

Eu sorrio sem vontade e com certa coragem levanto os ombros.

— Vou direto ao assunto — começo, olhando de um para o outro, que me assistem em expectativa. — Na semana que vocês viajaram para aquela cirurgia do meu pai, eu aproveitei e passei dois dias fora, eu viajei para o Rio de Janeiro — conto.

Os dois arregalam os olhos, surpresos. Parecem não acreditar no que eu digo, porém minha mãe tem uma expressão de raiva, muito maior que meu pai.

— O que? Como você fez isso? — esbraveja se levantando e pondo as mãos na cintura.

Um Herdeiro para o MagnataOnde histórias criam vida. Descubra agora