Capítulo 22

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Aguardo Emilly do lado de fora do consultório do cardiologista, já tem mais de uma hora que ela está lá dentro. Eu sabia que seria uma consulta demorada, pois antes de entrar, o médico avisou que iria fazer um exame minucioso e que a demora era normal. Ele até me aconselhou a não ficar aqui, mas por alguma razão, preferi permanecer na recepção, e quando vi o olhar de alívio de Emilly, ao garantir que estaria aqui todo o tempo, me fez crer que tomei a decisão certa.

Percebi que ela não gosta muito de médicos, vi em seu olhar como ficou inquieta, esses dois últimos dias. É certo seu medo de que os seus pais estejam certos, e ela seja uma pessoas com problemas cardíacos, porém acho que existe mais, por detrás desse seu receio, pois Emilly, nem gosta de falar sobre as consultas que tinha com o médico que seus pais a levavam.

Para me distrair pego o meu telefone e verifico se tem alguma mensagem, noto uma chamada perdida de Heitor, eu só não atendi, pois o celular está no silencioso. Levanto-me da cadeira, e passo pela recepcionista que me oferece um sorriso caloroso e mexe em seu cabelo, e não me passa despercebido o modo como eleva o seio, para mostrar o seu decote. Chega ser patético.

Paro na sua frente, seu sorriso se alarga, e eu a olho sério.

— Vou ali fora dá um telefonema, se a minha noiva sair enquanto estiver lá fora, avise-a, por favor — peço.

Ela balança a cabeça e seu sorriso vacila.

Retorno a ligação do Heitor, enquanto abro a porta da recepção para o corredor, que se encontra vazio, marcho até uma máquina de café e me sirvo de um cappuccino, com o telefone grudado na orelha.

Diz aí, cara. Tudo certo? — Heitor atende com voz cansada.

A bebida quente desce por minha garganta e eu tusso.

— Você me ligou, tem alguma novidade sobre aquele assunto do Alexander? — questiono.

Ele dá uma risada.

Lógico que não, nem estou pensando muito nisso, ou enlouqueço — resmunga parecendo um pouco azedo. — Ligo por outro motivo.

— Qual? — indago.

Tirei algumas horas para espairecer e fui procurar aquela filmagem do Cláudio testando o seu carro, e simplesmente não encontrei nada de você na sua rede social, ou melhor, não achei sua rede social. Por acaso mudou o nome?

Jogo copo descartável no lixo, passo a mão pelo pescoço.

— Eu, por enquanto, bloqueei minha rede — conto.

No dia da discussão com Lene, antes mesmo de ir para casa, eu troquei minhas senhas e fechei minhas redes, por um tempo indeterminado. Nem sei se vale a pena voltar com isso, e caso eu não retorne, vou dar um jeito de informar aos meus seguidores.

Aconteceu alguma coisa? Isso foi por causa do que Alexander nos revelou? Porque se for, cara. Acredito que não devemos parar nossas vidas por causa de um lunático filho da puta que pensa que tem o poder de nos destruir — protesta.

Dou uma gargalhada, como se eu fosse homem de ter medo de ameaças.

— Claro que não. Você sabe que entrei nessa, meio que sem querer, e já estou cansado de ter que ficar sempre dando satisfação de tudo que faço nas redes, isso não é pra mim — declaro, dando um sonoro suspiro. — Confesso que no início eu até curtia a minha popularidade, os convites que recebia, regalias. Mas depois... bem, não quero ser escravo disso, essa é a verdade — completo.

Deve ser chato mesmo... Mas aquela moça, sua colega, não fazia tudo pra você? — questiona referindo-se a Lene.

— Outra hora te conto sobre o assunto, mas digamos que ela seja uma das razões dessa minha decisão.

Um Herdeiro para o MagnataOnde histórias criam vida. Descubra agora