Capítulo 32

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Faz um mês que dei meu depoimento, e algumas coisas mudaram no decorrer do processo contra o Horácio Jordão. Após algumas investigações mais minuciosas, foi constado que eu não fui a única vítima de ter laudo falsificado por ele, esses dados pesaram muito contra ele e o doutor Bernardo disse que não há para onde correr.

O julgamento será mais rápido do que pensávamos, pois além de toda essa ocorrência houve uma grande reviravolta, onde nem a influencia da família Jordão poderá se beneficiar, descobriu-se que uma das vítimas, que era paciente do Horácio é parente de um desembargador. O que causou furor na mídia. O caso de uma cidade pequena, virou notícia nacional e saiu em todos os jornais.

Bem, o Horácio queria ficar famoso, agora conseguiu.

Meus pais não entraram em contato comigo, mas sei que foram intimados para depor. O doutor Bernardo teve acesso a tudo e contou que eles declararam não ter desconfiado que o médico era uma pessoa boa e mentiu ao falar do meu problema cardíaco. Ou seja, contaram mais mentiras para se safarem. E quando questionados sobre eu ter comentado os métodos, mentiram novamente. Contaram que conversaram com o médico, e este, como era um homem respeitável, os convenceu de que era normal eu me sentir receosa.

Eu fiz minha parte, e minha consciência está tranquila e começo a me sentir com a alma lavada, pois com esse revés, sabemos que o doutor canalha irá pagar.

— Emilly? Você está aí? — escuto a voz de Natália. E ponho o abajur em formado de carro sobre a cômoda branca do bebê.

Vou até a porta e abro, minha amiga está no corredor com as mãos na cintura.

— Estou aqui, ajeitando o quarto do Théo.

Ela revira os olhos e vem em minha direção.

— Eu deveria saber. Quando não está grudada no William, só pode estar aqui — caçoa e entra comigo no quarto, então abre um sorriso. — Isso aqui está lindo. Dá até vontade de dormir de tão aconchegante.

Eu sorrio, feliz e ansiosa pela chegada do bebê.

— Eu adoro este lugar, toda vez que me sinto chateada é só vir para cá que meu astral já muda — confesso, emocionada. Então olho para Natália. — Não esperava a sua visita hoje, que surpresa.

Ela então fica séria.

— Não é bem uma visita, e eu poderia ter falado por telefone, mas quis vir aqui — conta.

Eu fico séria, e me sento na poltrona de amamentação.

— Fala logo, já estou com medo.

Ela respira fundo e cruza os braços.

— O Joaquim me ligou e quer falar com você, disse que pode ser onde você quiser, é só falar e ele compra a passagem — diz e eu abro a boca, surpresa. O que meu irmão, que sempre esteve tão ausente quer falar comigo? Será que é a mando dos nossos pai?

— Ele não disse do que se tratava? Ou se alguém mandou que ele ligasse? — pergunto.

Ela nega.

— Disse apenas que ele precisa falar muito com você e que os pais de vocês nem sabe de nada — comenta —, foi a única coisa que falou.

Fico pensando, não sei o que ele poderia querer comigo. Lembro-me do meu irmão sempre distante. E depois que saiu de casa mal aparecia. Acho que não tinha nem muita interatividade com nossos pais.

Olho para Natália.

— O que eu faço? — Peço conselho a minha amiga.

Ela balança os ombros.

Um Herdeiro para o MagnataOnde histórias criam vida. Descubra agora