33 - Eu me lembro como se fosse hoje

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Meu sangue ferveu e meus dedos tremiam assim como as minhas pernas. Eu estava cansada de ser mal tratada por ele sem ao menos saber a merda do motivo. Meus dedos apertaram o celular e eu respirei fundo, criando forças para olhar para ele.

— Agora eu entendi... — Eu me virei e ele levantou as sobrancelhas questionando a minha fala. — Você está assim porque hoje é o aniversário da Gemma, não é? — O maxilar do Harry travou e seu olhar escureceu, não posso negar que só sua pose imponente me fez querer desistir de enfrentá-lo.

— Você é surda? — Ele perguntou dando um passo para frente, mas eu não recuei. Olhei no fundo dos seus olhos e esperei ele continuar com o seu insulto — Eu já disse que não quero falar sobre isso.

— As coisas não funcionam assim, Harry — Gritei. Passei a mão em meus cabelos após alguns fios caírem no meu rosto

— Eu não estou a fim de ficar aqui aturando você irritadinho — Ele deu um sorriso sínico e me interrompeu.

— Ninguém está te obrigando a ficar aqui, está? — Ele falou em um tom normal, mas sua voz ainda era rouca e áspera.

— Essa é a porra do problema — Eu gritei e ele revirou os olhos. — Um dia você me obriga a ficar e no outro você me manda ir embora — Ele tirou seu olhar do meu e ficou olhando para o lado como se fosse uma criança levando bronca dos pais. — Eu estou cansada de você e só tem uma semana que estou aqui!

— Cansada de mim? — Ele voltou seu olhar para o meu e o sorriso sínico volta a aparecer em seu rosto — Então por que não vai embora? — Sua mão apontou para porta. Eu não acreditei que ele estava fazendo isso! E todas aquelas palavras fofas que ele me dizia? Mesmo sendo poucas palavras, sempre dei valor e sempre acreditei no que ele falava, mas sinceramente tudo desabou agora, tudo me pareceu errado e falso.

— Você é inacreditável — Meu olho encheu de água e eu pisquei rápido tentando evitar chorar na frente dele.

— Afinal, o que você quer de mim Harry? — Eu cruzei os braços — Quer que eu seja sua marionete? Quer que eu te procure só quando você quiser, quer que eu fale só quando você quiser, quer que eu te toque só quando você quiser...

— Nina, pare com isso — Ele falou alto, mas eu o ignorei.

— Não Harry, eu não vou parar! Eu estou cansada! Para de negar que não está assim por causa da Gemma e para de querer que eu ignore o fato de que você está mal — Uma lágrima caiu e eu rapidamente passei a mão para que ele não visse. — Se eu estou perguntando sempre sobre isso, é porque eu me importo com você e porque eu estou cansada de ser mal tratada por causa disso.

— Se você se importa comigo então vai parar de fazer essas perguntas... Você entendeu? — Ele falou se impondo, como se tivesse certeza que eu iria respeitá-lo.

— Tudo bem, mas se eu parar, eu também não vou me aproximar de você nunca mais! — Eu afirmei e ele não deixava transpirar nada, nem uma contração, nem uma ruga que me fizesse descobrir como recebia minha resposta. — Porque eu não pretendo fingir que não está acontecendo nada com você e não quero ficar sujeita a humilhações todos os dias!

— Será que você não consegue não ser irritante por um segundo? Qual a dificuldade de ficar calada?

— Eu já disse pra você uma vez e vou dizer de novo — Eu falei e minhas mãos tremiam de um jeito que eu nunca tinha visto antes — Eu não sou igual às garotas que você costuma sair, portanto, se você quiser uma garota que te obedeça, concorde com tudo que você diz e que não te questione em nada... Fique à vontade em ligar para um puteiro! — Eu disse pegando a minha bolsa. Dei os primeiros passos em direção à porta mais o Harry parou em minha frente, impedindo-me.

4 Months without youOnde histórias criam vida. Descubra agora