Amanheci naquele dia mais cedo do que previa. Na verdade, a noite tinha sido péssima. Sonhei com o Harry gritando comigo a noite inteira. Eu não sei se é normal ter um namorado pelo qual te intimida as vezes. Tudo bem, faz parte do seu jeito e acho que vou saber lidar com isso ao passar do tempo. Talvez o sonho seja um aviso bem obvio "Não faça esse jantar, não vai dar certo, você vai perder a melhor coisa que te aconteceu nos últimos tempos" ou pode ser apenas o meu medo se expressando nos meus sonhos.
"Bom dia Portella. H"
Peguei o celular e apesar de estar explodindo de tantas notificações, essa foi a primeira que eu vi. Incrível como um simples status de "namorada" pode mudar as coisas. Como eu poderia imaginá-lo mandando mensagens de certa forma, fofas, logo pela manhã? Agora eu estou realmente acreditando que tudo pode mudar, e que vai dar certo. Logico, se eu conseguir sair viva desse tal "jantar". Eu só quero que chegue o dia que eu vou ficar com o Harry sem me preocupar tanto em perdê-lo.
"Vou passar para te ver hoje. H"
Demorei muito para começar a escrever um simples "bom dia" e antes mesmo que eu enviasse, ele mandou essa mensagem. Claro, sempre impondo o que vai fazer, sem se preocupar em perguntar se pode. Eu lhe respondi da forma mais seca possível. Não é minha culpa. Ta, na verdade é. Mas é que eu apenas não consigo ser a pessoa mais amorosa do mundo quando estou armando um encontro pelo qual ele não faz questão alguma.
Voltei para o menu principal do celular, vi a quantidade de notificações que eu vim evitando desde a noite que Harry resolveu me beijar na frente do mundo inteiro. Tremi e senti um frio na barriga ao ver que não parava de chegar mais mensagens. Mas uma hora ou outra eu iria ter que dar um jeito naquilo. Quando você não está no centro das atenções você pode dizer que se estivesse faria tal coisa, trataria as pessoas de certa forma, mas a realidade é que quando acontece com você as coisas mudam. Eu já pensava que ser uma pessoa pública era complicado mas sempre que via alguém que era conhecido pelo mundo respondendo mal uma pessoa ou fazendo qualquer burrada que seja, eu já pensava "eu nunca faria isso", mas claro, eu não sentia o que ela sentia, eu não estava na pele dela. Comecei ver todos aqueles tweets ofensivos que chegavam para mim, uns até agressivos demais. Cheguei a desejar não ter aprendido inglês para não entender aqueles insultos. Já basta entender todos os tweets em português, agora eu entendo os tweets da língua universal. Que ótimo. E não adianta dizer que é apenas parar de ler, não funciona assim. É como se você quisesse de alguma forma ler aquilo mesmo que te faça mal. Todo mundo quer saber o que o outro pensa de você. E era o que eu estava fazendo, descobrindo o que aquelas pessoas pensavam de mim. E posso dizer que muitas pensam assim como o Louis pensa, que eu estou querendo me "aproveitar" do Harry. Tudo bem você ter a sua própria opinião, mas quando você pega ela e usa para ofender alguém é algo tão cruel, é até desumano porque você simplesmente esquece que aquela pessoa tem sentimentos também. Rolava as mensagens para cima lendo uma por uma. Eu estava me sentindo horrível, uma merda de pessoa. Comecei ver sentido em coisas que eram até mentira. Meus olhos encheram de água e as lágrimas desceram. É tão difícil ter todo mundo te julgando, tão difícil ver que a pessoa nem te conhece mas já está te rotulando. Era tão fácil para mim dizer que não ligava para que os outros pensavam, eu realmente achava que não ligava. Mas isso porque eram apenas umas três garotas que me infernizavam no Brasil, não o mundo inteiro.
- Nina? - Pulei da cama no mesmo instante em que escutei a voz do Harry. Achei que ele entraria ali e viria que passei duas horas, deitada e chorando enquanto via mensagens negativas sobre mim. Mas por sorte eu havia deixado a porta trancada. Quando a maçaneta virou e a porta não abriu eu senti um alívio.
- Eu já estou indo, só vou me trocar – Corri até o guarda-roupa e já comecei a abrir as portas desesperadamente.
- Você pode fazer isso comigo ai dentro linda – Eu podia imaginá-lo apoiado na moldura da porta impaciente olhando para a madeira com os pés cruzados. Se fosse qualquer outro dia eu tentaria imaginar qual roupa ele estava usando, apesar que não é uma imaginação tão ampla já que ele não costuma vestir algo tão diferente do que camisa branca ou preta, mas hoje eu estava me sentindo boba pela situação. Deitada na cama lendo merdas sobre mim e chorando como uma criança indefesa. O quão idiota isso é? Queria não me sentir assim. Queria conseguir parecer "normal" e não tão abalada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
4 Months without you
Teen FictionNina Portella era uma garota normal de 17 anos quando encontrou com sua amiga virtual e sua banda favorita. Ela não fazia ideia do quanto esse "encontro" mudaria sua vida para algo nada normal. Com dezoito anos ela encontra Harry novament...