Eu ja devia esperar

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POV GIZELLY

-Caiu da cama? – Marcela perguntou sorridente. – Bom dia!

-Bom dia. – Entrei quando ela me deu passagem. – Tá sozinha?

-Sim, acabei de deixar Alessia na escola, e a Lu está em Brasilia. – Marcela me levou pra cozinha e nos sentamos. – Aconteceu algo?

-Preciso conversar com alguém, e de preferência alguém que não vá me julgar. – Falei com a mão no queixo.

-Eu não faria isso. – Marcela fez um carinho em minha mão. – Me conta o que está te afligindo!

-Passei a noite com a Rafa. – Marcela que enchia a tigela com leite derramou tudo depois da informação.

-Desculpa. – Ela limpou com o pano de prato. – Como assim, Gi? Mas e ai? Vocês voltaram? Conversaram?

-Não, não e não. – Suspirei antes de encher a caneca de café. – Eu fui até a casa dela e passamos a noite juntas, transamos, agora de manhã me bateu choque de consciência e fui embora.

-Não conversaram nem agora de manhã? – Marcela perguntou e eu me senti culpada por não ter esperado ela acordar.

-Sai antes dela acordar. – Ela apertou os lábios e balançou a cabeça. – Fiz mal, né? Eu não devia ter cedido, fui no calor do momento, ela ficou me provocando, quando dei por mim estava dirigindo em direção a casa dela.

-Gi, a relação de vocês duas envolve tanta coisa. – Coloquei a mão no rosto. – Vocês tem um passado, você sente tudo com muita intensidade, e eu sou do tipo de pessoa que gosta de resolver as coisas no diálogo, coisa que vocês duas devem fazer. Mesmo se for pra ser só sexo, essas coisas precisam ser ditas.

-Não é tão fácil quando se envolve sentimento. – Estava tudo muito confuso. – Com as outras garotas eu simplesmente digo que é só sexo, mas estamos falando de Rafaella, a garota pra quem eu me entreguei de corpo e alma, e a mesma que disse com todas as letras que não me amava, que me fez ficar anos longe da minha melhor amiga.

-O sentimento ainda está aí, né? – Marcela me encarava e eu não sabia o que responder. – Ninguém nunca ocupou o lugar dela, e você também não fez questão que ocupassem. Você só mascarou o sentimento, ficou com todas em busca de uma só.

Não respondi nada, apenas ouvi as palavras saindo da boca dela. Marcela era madura nesse lance de relacionamento e talvez seja o momento de ouvir o que ela tem pra dizer.

-Não sei se a Rafa te ama, não sei se é só sexo, mas você não vai se livrar da duvida se não perguntar. – Marcela falava calmamente. – Nem que seja pra colocar um fim nisso, e você conseguir se livrar dessas amarras do passado, às vezes você está se privando de viver algo incrível, por ainda estar presa na Gizelly de oito anos atras.

-Eu tenho medo, tenho medo de nunca mais conseguir me apaixonar por alguém igual foi por ela. – Confessei pela primeira vez. – Só Deus sabe o quanto eu sofri, foi avassalador demais o sentimento que tive por ela.

-O que você sentiu ontem? Quando estavam lá na hora H? – Ela perguntou e eu sorri de lado.

-A mesma sensação da nossa primeira vez. – Me lembrei do momento em que nossos olhares se cruzaram e eu tentei me livrar do pensamento. – Eu disse que amava ela na nossa primeira vez, acredita nisso?

-Eu disse que amava a Lu, no nosso primeiro beijo. – Abri um sorriso enorme com a informação. – A gente sabe quando é verdadeiro, e não precisa colocar tempo pra sentir. Eu posso ser uma emocionada, mas eu não quero ter que conter meu amor.

Without meOnde histórias criam vida. Descubra agora