Oi mãe, quanto tempo!

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POV GIZELLY

Ramires dirigia pelas ruas de São Paulo e meu coração batia acelerado, eram tantas lembranças desse lugar, tanta coisa que deixei pra trás, parece que respirar esse ar poluído trouxe a saudade à tona, quero ver minha mãe e depois quero rever meus amigos que tanto sinto falta.

-Senhorita Gizelly, chegamos. – Ramires estacionou em frente ao hospital.

-Obrigada. – Suspirei rezando para ter boas notícias.

Ramires rapidamente abriu a porta do carro e eu desci, estava criando coragem, foram oito anos sem ver minha mãe e o reencontro ser nessas condições estava me deixando péssima. Talles até insistiu para vir comigo, mas eu precisava vir sozinha.

-Boa tarde, tudo bem? – A recepcionista levantou o olhar. – Preciso de informações de uma paciente, Malvina Bicalho.

-Tenho ordens para não dar informações, apenas para familiares.

-Sou filha dela, Gizelly Bicalho. – Abri a bolsa e peguei meu documento. – Eu preciso ver como minha mãe está, eu estou vindo de Londres.

-Me desculpe, mas isso foi ordens da sua irmã. – Encarei sem entender, pois eu não tenho irmã. – Ela está no quarto 113 terceiro andar.

-Obrigada, Laura. – Li o nome dela no crachá e pisquei antes de subir.

Entrei no elevador suando frio, já havia avisado ao meu pai que estava no hospital, e que mandaria notícias. A cada andar que o elevador subia, meu coração batia mais forte. As portas se abriram de frente ao longo corredor, tomei fôlego e fui andando procurando o número do quarto. Parei em frente ao 113 e minha cabeça girava, eram oitos anos sem nos encontrarmos, nos falávamos apenas por telefone e muito raro, nossa relação não era a melhor, nem mesmo em minha formatura ela quis ir, mas ela é minha mãe e eu não irei sair do lado dela nesse momento delicado, contei até três e girei a maçaneta.

Entrei no quarto e estava em silêncio, exceto pelo barulho do monitor cardíaco. Entrei por completo e deparei com o rosto pálido da minha mãe, que parecia dormir tranquilamente. Puxei a cadeira e me sentei ao seu lado deixando as lágrimas caírem, me sentia egoísta por não ter vindo antes, me senti culpada por nossa relação ter esfriado.

-Oi mãe, quanto tempo. – Eu falava baixinho. – Sabia que é muito estranho te ver assim? Estou com saudades da Malvina Má, que dá ordens em todo mundo.

-Me desculpe por ter demorado tanto tempo, eu devia ter vindo antes, ter cuidado de você. – Sequei meus olhos com a manga da blusa. – Queria tanto que você acordasse, queria tanto ouvir sua voz, eu sinto saudades, mesmo estando longe, eu sinto muitas saudades.

Segurei a mão dela e fiquei ali observando sua respiração compassada,passei a rezar baixinho na esperança de Deus me ouvir.

-Fi...filha? – Ouvi a voz fraca da minha mãe e meu coração acelerou.

-Oi, eu tô aqui. – Me levantei rapidamente. – Não se esforce, eu vou chamar o médico.

Sai em desespero chamando pelo médico, eu estava eufórica, parei uma enfermeira no corredor e ela veio até o quarto.

-Hey, o médico já está vindo. – Alisei seu rosto e ela tentou se mexer.

-Me deixe examina-la. – O médico entrou no quarto e fui logo fazendo alguns exames iniciais. – Consegue me ouvir claramente? Consegue falar?

-S..sim... – Ela respondeu com dificuldade.

-Doi em algum lugar? – Ela negou. – Vamos fazer mais alguns exames, vou pedir para preparar a sala.

Without meOnde histórias criam vida. Descubra agora