Alguma notícia?

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POV MALVINA

Gizelly andava de uma lado para o outro enquanto Rafa tentava acalmá-la, minha filha me ligou assim que recebeu a notícia de que a madrasta deu entrada no hospital, não exitei e corri pra cá, não iria deixar minha filha e o pai dela sozinhos nessa situação.

-Filha, senta um pouco. – Coloquei a mão em seu ombro. – Vamos dar uma volta..

-Sua mãe tem razão, amor. – Rafa tocou o outro ombro da minha filha. – Vamos tomar um café?

Gizelly saiu e saímos nós três em direção ao refeitório, pedimos café e uns pães de queijo, nós sentamos e tentamos nos distrair, mas ainda estávamos preocupadas com Samantha.

-Não podemos demorar aqui, se Marcela voltar, não vai achar ninguém na sala de espera. – Gizelly disse terminando o café.

-Eles avisam pelo auto falante, come com calma, Gi. – Rafa entrelaçou os dedos nos dedos da minha filha. – Vai dar tudo certo.

Olhando a cena ali, meu coração se aqueceu, minha filha ama uma mulher e essa mulher é uma mulher incrível, talentosa e com um coração enorme, eu demorei, mas não podia estar mais feliz, e agradecida por elas terem se reencontrado.

Terminamos o café e voltamos pra sala de espera, dessa vez Gizelly se sentou e apoiou a cabeça no ombro de Rafaella, já se passavam das onze da noite e ainda não tínhamos nenhuma notícia, só sabíamos que ela deu entrada no hospital com dores na barriga.

-Mãe, se quiser pode ir pra casa. – Minha filha chamou minha atenção. – Você deve estar cansada.

-Vou esperar aqui com vocês. – Ela acenou e antes que eu terminasse de responder, Marcela entrou na salinha de espera.

-E ai? Alguma notícia, Má? – Nós três levantamos apressadas. – Como ela está? E o bebê?

-Calma gente. – Marcela tinha uma expressão cansada. – A Sam está em observação, estamos tentando controlar a pressão, e o bebê está estável.

-Podemos vê-lá? E o meu pai? – Gizelly ainda estava afobada, e Rafa pedia calma.

-Não posso liberar vocês, precisamos ficar de olho, se a pressão não for controlada, teremos que iniciar o parto, por meio de cesárea. Desde o início Sam e Gael estavam cientes que era uma gravidez de risco.

Meu peito apertou, Gael deve estar desolado e sozinho lá dentro, não sei medir o tamanho de seu sofrimento, e eu desejava estar lá com ele dando forças, assim como ele sempre esteve ao meu lado.

-Doutora Marcela, compareça no bloco cirúrgico imediatamente. – A voz pelo alto falante e Marcela saiu apressadamente.

Gizelly se desesperou, o que nos restou foi abraçá-la e aguardar por notícias, com fé daria tudo certo e tanto Sam quanto o bebê sairiam bem dessa situação.

As horas se arrastavam pelos corredores dos hospitais, minha filha continuava impaciente e ainda não tínhamos notícias. Nunca fui muito religiosa, mas nessa hora eu já tinha feito todas as orações que minha mãe me ensinou quando criança. Encarei o relógio e marcavam duas  e quarenta da manhã, quando Marcela retornou com uma feição triste e abatida, logo em seguida Gael veio acompanhado de uma outra médica.

-Pai? – Gizelly se aproximou correndo. – O que aconteceu?

-Infelizmente Samantha teve uma eclampsia e não resistiu. – Gael estava em prantos e Gizelly o agarrou pelo pescoço. – Conseguimos salvar o bebê e ele precisa ficar aqui até conseguir peso e seus órgãos terminar de se formarem.

Foi inevitável não derramar lágrimas após o relato, me aproximei abraçando minha filha e o Gael, ficamos ali naquela bolha enquanto meu ex marido chorava tudo que estava preso em seu peito. Marcela e Rafa olhavam a situação de fora com lágrimas nos olhos, nunca imaginei viver uma cena tão triste.

-A Sam se foi, filha. – Gael disse entre os soluços. – Minha mulher se foi.

Gizelly apertou mais o pai e eu me afastei deixando os dois se consolarem, eu sei que minha filha tinha um carinho enorme pela madrasta, afinal de contas ela cuidou da minha filha durante oito anos.

-Má, mas o bebê corre algum risco? – Rafaella perguntou secando as lágrimas.

-É cedo dizer isso, ele está estável, mas precisa permanecer no hospital. – Marcela respondia com calma. – Ele lutou pra viver, sei que ele vai conseguir.

-Podemos vê-lo? – Perguntei com o coração apertado.

-Pelo vidro, apenas. – Gizelly se virou secando as lágrimas.

-Eu também vou.

Marcela concordou e nos acompanhou até a sala onde trocamos de roupa, mesmo pelo vidro precisávamos estar preparadas, pois haviam outras crianças. Marcela entrou e ficou ao lado da pequena incubadora onde o bebê estava. O coitadinho estava cheio de equipamentos monitorando sua respiração e aquilo era triste demais de se ver.

-Ele é tão pequeno. – Rafa abraçou Gizelly pelos ombros.

-Ele é um guerreiro. – Gael deu meio sorriso. – Meu filho vai sobreviver.

-Vai sim, pai. – Os dois se abraçaram. – Meu irmão vai sair dessa.

-Vocês não estão sozinhos. – Abracei os dois novamente.

Resolvi tomar a frente dos trâmites legais, nem Gael nem Gizelly tinham condições de fazer algo, com a ajuda de Rafa consegui resolver a parte burocrática no hospital. Samantha seria enterrada no Brasil, seus familiares viriam de Londres, Gael achou mais viável, pois ele disse que não sairia de perto do filho. Convenci todos a irmos em casa tomar  um banho e depois voltaremos mais descansados, Gael foi o mais resistente, mas no fim aceitou. Rafa não saiu do lado da minha filha e eu agradeci por isso, Gizelly estava arrasada e com Rafa ela pelo menos tentava reagir. Rafa fez ela comer um pouquinho e dormir por algumas horas, Gael também tomou banho, mas não conseguiu descansar, ele só chorava o tempo todo.

-Hey, descansa um pouco. – Me sentei ao lado dele no sofá.

-Eu não consigo, eu só penso nas últimas palavras dela. – Ele me disse voltando a chorar. – Ela pediu que eu cuidasse do nosso filho.

-Eu não consigo imaginar a sua dor, mas a Sam sabe o pai incrível que o seu filho tem. – Puxei ele para o meu colo e ele se deitou abraçando as próprias pernas. – Você é um pai incrível, e agora precisa ser mais forte que nunca.

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Tadinha da Sam 🥺
Gente eu não sei nada desses termos médicos então me desculpe 😢
Volto logo!

Without meOnde histórias criam vida. Descubra agora