Me dê esse celular aqui

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POV RAFA

Era pra ser um dia incrível, mas meu pai conseguiu estragar tudo, como sempre. Entrei em casa e minha mãe estava na sala apreensiva.

-Oi meu amor, como você está? – Ela me deu os braços e eu me encaixei nela. – O Tato me ligou.

-Por que tudo tem que acontecer comigo, mãe? – Deixei algumas lágrimas rolarem.

-Não é culpa sua, filha. – Ela secou meu rosto. – E eu sei que tudo sempre se ajeita.

-Obrigada por sempre estar ao meu lado, eu não conseguiria sem a senhora. – Minha mãe sorriu e nos sentamos. – Minha filha já dormiu?

-Sim, ela queria te esperar, mas estava cansadinha. – Minha mãe não pode ir ao desfile, e aproveitou para ficar com Sofia. – Suba e vá tomar um banho, vou preparar algo pra você comer.

Subi sem ânimo, meu corpo todo estava doendo, minha mente não parava de pensar nas ultimas coisas que aconteceram, e por mais que eu pensasse no meu pai, era Gizelly quem não saia da minha cabeça. A forma com que ela se impôs contra o meu pai, a forma como ela explicou o que estava acontecendo, me fez sentir orgulho dela, e quando ela se ofereceu pra ajudar, eu tive certeza de que era a mulher que eu conhecia. Liguei o chuveiro e deixei a água cair, eu precisava relaxar um pouco, eu estava tensa demais.

Depois do banho me enrolei no roupão e alcancei meu  celular, estava cheio de notificações, ignorei todas e joguei o celular na cama, não estava afim de falar com ninguém, e muito menos ler fofocas sobre o  meu nome.

-Fiz um chazinho pra você, meu bem. – Minha mãe estava sentada na ilha da cozinha. – Quer conversar?

-Cadê o Tato? – Perguntei antes de me sentar.

-Foi deitar, ele estava cansado. – Minha mãe disse com pesar. – O seu irmão sente demais e se expressa de menos, sempre foi assim.

-E ele é o único que atura o pai. – Suspirei. – Acredita que ele foi super estupido com a Gi?

-A Gi? Como assim? – Minha mãe perguntou confusa.

-Ela se ofereceu para ir na delegacia com a gente, Tato e eu estávamos nervosos e não sabíamos o que fazer. – Minha mãe abriu um sorriso enorme. – Ela colocou o papai no devido lugar dele.

-Gigi furacão é o nome dela. – Minha mãe nunca poupou elogios pra Gizelly. – E como você se sentiu em relação a isso?

-Eu não sei, é tudo tão estranho. – Dei um gole no meu chá. – Ao mesmo tempo que somos duas estranhas, parece que nada mudou, quando ela me olha eu sinto meu coração bater rápido, mas aí eu lembro de tudo e caio na real.

-Eu te disse a seguinte frase no dia em que a Sofia nasceu: Geralmente a vida não dá segundas chances, o que tem que acontecer, acontece. – Minha mãe me encarava de forma intensa. – E por algum motivo, o universo está te dando novas oportunidades.

-Mãe, nós duas não temos segunda chance, ela tem a vida dela e eu tenho a minha. – Me servi com mais chá.

-Eu não estou dizendo que vocês vão casar e ter mais dois filhos. – Ela sorriu abertamente. – Mas eu sempre gostei da amizade que vocês tinham,  sempre gostei da forma que vocês se entendiam, e talvez vocês possam ser amigas de novo.

-Não sei, pra isso acontecer teríamos que nos conhecer novamente. – Me levantei e depositei minha xícara na pia. – Agora vou dormir, amanhã o dia vai ser longo.

Depositei um beijo na testa da minha mãe e desejei boa noite, subi pro meu quarto e vesti um blusão antes de me jogar na cama, senti algo me incomodando e notei que deitei em cima do meu celular. O desbloqueei e as mensagens começaram a chegar, passei os olhos rapidamente e quando ia guardar o celular, meu coração disparou com o número desconhecido.

Without meOnde histórias criam vida. Descubra agora