Capítulo 3

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Anahi

Uma equipe estava trabalhando na futura noiva ao som das ondas de Jack Johnson. A enorme suíte estava cheirando a lilases - fragrância preferida de Maite. Toda vez que passa pela rua das floriculturas em Nova York na primavera, eu esperava encontrá-la na próxima esquina.

Quando Maite me viu entrar, ergueu a taça de champanhe para o reflexo no espelho.

- Puta que pariu, eu vou me casar!

Em geral, qualquer coisa relacionada a casamento fazia emergir o meu lado mais amargo e pessimista, mas pela Maite, reprimi esses sentimentos. Peguei a taça da mão dela e sorri de volta.

- Puta que pariu, você vai se casar!

O cabelereiro sorriu ironicamente e balançou a cabeça.

- Somos muito refinadas, sabe? - brinquei.

Dali a duas horas, a minha melhor amiga estaria se casando com um cara rico, bonito, jovem, especializado em tecnologia e que beijava o chão que ela pisava. Estava muito longe de ser aquele meu embuste de casamento.

- Vi o Alfonso seguindo você ontem – Maite comentou. - Do jeito que ele estava em cima de você, a coitada da Perla não tinha nem como competir.

Eu precisava beber uma mimosa para conseguir falar daquele homem. Bebi o drinque de Maite e fui até o bar para encher a taça dela e pegar uma para mim.

- Você se lembra de quando eu tinha dezessete anos e fiquei a fim do Sr. Westbroook, o professor substituto de inglês?

- Como eu poderia esquecer? Ele tinha vinte três anos e era maravilhoso.

- O Alfonso... Bem, eu não sei o que pensar dele, pra ser honesta. Ele é safado, direto, insistente... e muito sexy.

- E lindo, financeiramente resolvido, seguro e MUITO sexy – Maite acrescentou.

Suspirei.

- Sim. Tudo isso. Mas tem algo nele... algo que não consigo dizer o que é... que o faz ser tão proibido quanto o Sr. Westbroook era.

Os olhos de Maite se dirigiram ao meu reflexo no espelho.

- Sério?

- Por que tá sorrindo, bobona?

- Ele é proibido porque te deu frio na barriga.

- Não deu, não - menti.

Nem sabia por que estava mentindo. Além do mais, o frio que ele me deu não era do tipo que costumava passar pela minha barriga... Esse frio eu senti um pouco mais embaixo.

- Deu, sim.

- Não deu, não.

- Então por que não ceder? Você acabou de dizer que o acha sexy. Você estava pensando em dormir com o James, e ele não é nem de longe sexy como o Alfonso.

Eu me lembrei das mãos dele no meu quadril na noite anterior e o frio começou a descer de novo. A sensação, somada aos argumentos de Maite, provava uma coisa que eu não queria aceitar.

- Eu o acho metido demais.

- Você gosta de caras metidos. Aliás, todos os caras com os quais você saiu eram metidos.

- Exatamente. Chega de metidos.

Maite deu um sorriso sapeca e falou para o cabelereiro:

- Certeza que ela vai dar pra ele.

Ele olhou para mim, depois para Maite.

- Ô se vai.

.

Ucker e Maite casaram-se sobre uma falésia com vista para o mar. Apesar do meu desdém pelo casamento enquanto instituição, chorei lágrimas de alegria. Notei mais de um padrinho com lágrimas nos olhos também. Um deles, em especial, prendeu a minha atenção. Depois da segunda vez em que Alfonso me pegou medindo o quanto ele estava lindo de terno e cabelo penteado para trás, consegui evitar contato visual pelo resto da cerimônia e durante a primeira hora da festa. Não foi fácil, considerando que estávamos próximos por sermos, os dois, padrinhos do casamento. Mas consegui.

Até o momento em que estava dançando uma música lenta com o pai de Maite.

- Posso interromper? - Alfonso deu um tapinha no ombro do Sr. Perroni. - Você está monopolizando a convidada mais linda.

O pai de Maite sorriu e apontou o dedo para Alfonso.

- Sorte a sua ter dito "convidada", pois hoje é a noiva, minha filha, a mais linda de todas.

Os dois homens trocaram tapinhas nas costas e acabei nos braços de Alfonso. Diferentemente do Sr. Perroni, que manteve o corpo a uma distância educada do meu durante a dança, Alfonso usou uma das mãos para pegar a minha enquanto deslizou a outra pelas minhas costas e puxou o meu corpo para junto do dele. Droga, que sensação boa.

- Você está me apertando um pouco.

- É pra você não fugir de novo.

Joguei a cabeça um pouco para trás.

- De novo? Nunca fugi de você.

- Chame do que quiser, mas você tem me evitado como se eu tivesse algo contagioso.

Eu gaguejei:

- Você deve ter algo contagioso mesmo.

Ele me ignorou.

- Você está linda hoje. Gosto do seu cabelo preso.

- Obrigada.

Ele me puxou para mais perto ainda, o que me forçou a apoiar a cabeça no ombro dele, depois se inclinou para sussurrar no meu ouvido:

- Mal posso esperar para soltá-lo.

O cara tinha colhões, viu.

E por que, meu Deus, eu queria que ele realmente soltasse o meu cabelo?

- Você está doido. Desde que fomos apresentados, tudo o que você disse foi inconveniente.

- Então só você pode falar dos seus planos de transar com alguém? Eu não posso?

- Eu não falei dos meus planos de transar com ninguém.

- Você estava falando para Maite sobre dormir com James quando nos conhecemos.

- Aquela era uma conversa particular.

Ele deu de ombros.

- Esta também é.

- Mas... - Fiquei perdida, em parte porque ele estava meio certo. Na minha cabeça, falar sobre dormir com alguém para uma terceira pessoa não tinha problema, mas era errado da parte dele falar de maneira tão direta para a pessoa com quem ele queria dormir. Não fazia muito sentido, mas me apeguei à seguinte lógica: - Você está sendo grosseiro. Eu não fui explicita. Não é o que você diz que é ofensivo, mas a maneira como diz.

- Então não gosta de falar sacanagem? Talvez você nunca tenha ouvido uma boa sacanagem.

- Já ouvi ótima sacanagem.

- Então você gosta?

O homem era impossível. Felizmente para a minha sanidade mental, e também para a minha resistência, a música que estávamos dançando terminou e o DJ anunciou a hora do jantar. Mas Alfonso não me soltou.

- A música acabou. Pode me soltar.

- Dançamos de novo mais tarde?

Dei um sorrisão.

- Sem chance.

É claro que Alfonso gostou da minha resposta. Ele riu e beijou minha testa.

- Aposto que você é um vulcão na cama. Tô ansioso pra ver.

- Aproveite a festa, Sr. Herrera.

Senti os olhos dele na minha bunda a cada passo que dei para sair da pista de dança.

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora