Capítulo 5

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Anahi

Jesus, eu me sinto péssima...

Minha cabeça estava latejando, meus músculos doíam. Tinha uma poça no meu travesseiro, no qual eu devo ter babado a noite toda. Sem erguer a cabeça, dei uma olhada geral no quarto e vi minha mala sobre um móvel no canto – aff, nem me lembrava de ter voltado para o meu quarto de hotel. Mas estava feliz por estar ali, e não no quarto ao lado. Tentei puxar na memória a última coisa de que me lembrava. Eu pegando o buquê, Alfonso pegando a liga, a mão dele sob o meu vestido.

Ai, meu Deus. Eu estava me sentindo péssima, mas ainda assim consegui arrancar outra lembrança de dentro de mim.

Lembrei-me de nós quatro a caminho do bar – eu, Maite, Ucker e Alfonso. Alfonso brindou às três coisas de que mais precisamos na vida – uma garrafa cheia, um amigo fiel e uma mulher linda – e aquele que tem tudo isso. Lembrei de Maite e Ucker sendo chamados para tirar fotos e de Alfonso pedindo outra rodada e me contando histórias de quando Ucker e ele eram pequenos. Ele era naturalmente galanteador, mas também havia doçura na maneira como falava sobre o amigo.

Depois disso, as coisas pareciam confusas. Eu não conseguia de jeito nenhum recordar como fui embora do casamento e como voltei ao hotel.

Alcancei meu celular no criado-mudo para ver que horas eram. Merda. Eram quase dez horas, e o meu voo era às treze. Estava prestes a me arrastar para fora da cama quando um barulho me fez parar.

Foi quase como um ronco.

Um ronco grave e rouco.

Eu estava deitada de lado, então tive de virar para ver de onde vinha o som.

Congelei ao descobrir.

Congelei.

Tenho certeza de que o meu coração parou por um ou dois segundos. Um homem estava deitado na cama ao meu lado, de costas para mim. E, pela largura dos ombros, eu sabia que não era um homem qualquer. Mas eu precisava confirmar. Segurando a respiração, olhei por cima daquele corpão para ver o rosto. Era Alfonso, e ele roncou de novo. Pulei para fora da cama. Consegui me controlar e fazer silêncio para não o acordar.

Merda. O que foi que eu fiz?

Andei nas pontas dos pés até o banheiro, com o coração acelerado e o cérebro desesperado, tentando lembrar de algo da noite anterior – qualquer coisa que envolvesse Alfonso Herrera dentro do meu quarto.

Dentro de mim.

Foi pior do que a minha pior noite da época da faculdade. Como poderia não me lembrar de nada? Meu reflexo no espelho logo explicou: parecia que eu tinha sido atropelada. Meu cabelo loiro estava embolado, metade preso, metade solto, com grampos caindo para todo lado. Minha pele, em geral clara, estava ainda mais pálida, e os meus olhos azuis estavam vermelhos e inchados.

Foi ai que finalmente olhei para baixo. Eu estava de camiseta e calça de moletom, mas por baixo ainda estava de calcinha e sutiã. Não me lembrava de ter me vestido; isso me fez parar para pensar sobre por que eu tinha me vestido. Uma vez que eu tirava o sutiã, não o colocava de novo. E não sou tímida com relação ao meu corpo - não era do meu costume me vestir inteira depois de uma noite de paixão.

Seria possível que nós tivéssemos dormido juntos sem fazer sexo?

Coloquei a mão por dentro da calça e toquei minhas partes íntimas. Não estavam nada doloridas. Mas essa não era uma prova cabal – vai saber se aquele homem gigante que estava roncando na minha cama não era tão dotado anatomicamente e fazia amor de modo gentil. Nenhuma das duas alternativas parecia plausível.

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora