Capítulo 37

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ANAHI

– Merda! – a mulher exclamou ao abaixar para pegar o casaco que estava no chão. 

– Achei que era outra pessoa que estava ficando nesse apartamento.

Ela tinha sotaque britânico.

Pisquei algumas vezes, primeiro espantada com o fato, depois para conseguir descolar os olhos da ruiva escultural. Ela era linda de cair o queixo. Alta, magra, com uma pele de porcelana, seios empinados e longas pernas. Eu não tendia a ser insegura, mas aquela visão fez o favor de mudar isso.

Antes que eu pudesse formar uma frase coerente, a mulher falou de novo, colocando o casaco:

– Eu sinto muito. Estou ficando no apartamento ao lado. Um cara com quem eu trabalho às vezes fica neste aqui, e eu achei que ele estava na cidade. Quando perguntei para o porteiro quem estava hospedado aqui, ele disse que era ele.

– Como você entrou?

– A porta não estava trancada – ela disse, apontando para trás. – Eu bati primeiro, mas ninguém atendeu, então abri.

– Quem é você?

– Dulce. Meu nome é Dulce Maria. – Ela amarrou o casaco na cintura. – Achei que você fosse outra pessoa. Estou morta de vergonha.

O medo que se instalou dentro de mim já sabia a resposta, mas mesmo assim perguntei:

– Quem você pensou que fosse?

– Alfonso Herrera.

Vendo a expressão no meu rosto, ela fechou os olhos.

– Merda. O Alfonso está alugando este apartamento, né? Movi a cabeça devagar, indicando que sim.

– Nós costumávamos... – Ela balançou a cabeça. – Não importa. Eu vou embora.

Antes que eu pudesse dizer algo, a moça envergonhada saiu pela porta. Eu, por minha vez, parecia imobilizada.

– Que idiota que eu sou. – Apertei o botão do elevador uma segunda vez, resmungando comigo. O elevador não estava saindo do lugar, e tudo que eu queria era sair dali antes que o Alfonso aparecesse. Eu não deveria estar me sentindo assim, mas não conseguia evitar. Foi estupidez da minha parte esperar que alguém que me propôs um caso de curto prazo nunca tivesse feito isso antes. Nem pareceu que ela tinha falado com o Alfonso desde que ele chegou à cidade, algumas semanas atrás, mas saber disso não diminuía a dor.

O elevador finalmente começou a se mover. Na pressa para sair do apartamento, achei que tivesse esquecido o meu celular novo. Enquanto eu revirava a bolsa para achar, as portas do elevador se abriram no térreo. Afobada, achei o celular, puxei a mala de rodinhas e saí, sem olhar para fora primeiro. Foi assim que trombei com um homem.

E claro que um homem era o Alfonso.

Ele segurou os meus ombros para que eu não caísse.

– Ei, você está fugindo?

Ele disse de forma brincalhona, com um sorriso no rosto, mas, quando viu a minha cara, o sorriso murchou.

– Saia da minha frente – eu mandei.

– Anahi? O que aconteceu? Que foi?

– Estou indo embora.

– Por quê?

– Você não precisa de mim aqui.

– Do que você está falando? Por que está tão brava? As mãos dele ainda estavam nos meus ombros.

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora