Capítulo 10

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- Nossa, esse cheiro é uma delícia.

Estávamos na segunda parada da lista da Sam – uma floricultura chamada Ousadias Floridas, onde fomos buscar dezoito centros de mesa de lilases. A atendente foi encaixotá-los enquanto eu passeava pela loja cheirando vários arranjos e plantas.

- O que é isso? - Alfonso perguntou.

- É uma ervilha-de-cheiro. - Fiz uma concha com as mãos para pegar a delicada florzinha roxa. - Cheire. - Ele se inclinou para cheirar.

- O cheiro é bom mesmo.

- Não é? Essas florezinhas me lembram da minha vó. Quando eu tinha uns dez anos, a minha mãe nos levou para a Itália para visitá-la. A nonna tinha ervilhas-de-cheiro por todo canto do quintal dela. Tinha uma cerca ao redor da pequena casa, e essas flores cresciam nela de um jeito que mal dava para enxergar a cerca branca por trás dos arbustos. Molho de tomate aos domingos e a fragrância das ervilhas-de-cheiro: esses sempre serão os aromas da minha nonna Valentina. Ela morreu quando eu era adolescente. A minha mãe manteve a tradição do molho aos domingos, mas lá em Howard Beach, o bairro onde ela mora em Nova York, é frio demais para plantar ervilhas-de-cheiro.

- Você vem de uma grande família italiana?

- Quatro irmãs. Nós nos reunimos todo domingo para jantar na casa da minha mãe. Duas das minhas irmãs tem filhas, cada uma tem duas. Não tem muita testosterona na família.

A florista voltou dos fundos.

- Já vamos acabar de empacotar. Eu não ligo para você quando for para estacionarr nos fundos da loja. Nós colocamos no carro para vocês.

- Ok, tá ótimo - Alfonso concordou e apontou para a ervilha-de-cheiro. - Vamos levar esta flor também.

- Espero que não seja para mim. Não vou conseguir levá-la no avião.

- Não, é para a minha casa. Não tenho nenhuma flor. - Ele piscou e se aproximou de mim para que a florista não ouvisse. - Além disso, imagino que você queira sentir esse cheiro quando acordar.

Eu tinha de dar algum crédito a ele: o homem continuava com a mesma atitude. Mesmo depois de quase um ano.

Alfonso ajudou a colocar as caixas com os centros de mesa e a sua nova flor na caçamba da picape e cobriu.

- Qual o próximo item da lista? - perguntei ao afivlas o cinto.

- Minha casa.

- Sua casa? Nem vem. Temos de resolver mais coisas.

- Mas isso é uma coisa a ser resolvida. A Sam pediu para eu construir um poço dos desejos para o chá. Eu o pintei hoje de manhã. Precisava secar antes de colocar na caçamba.

Alfonso leu minha expressão facil, que estava dizendo "me engana que eu gosto".

- É sério! - ele insistiu.

- Então não é uma tentativa de me levar para a cama?

- Não. Mas, agora que você vai ficar impressionada com a minha casa, não me responsabilizo pelas suas atitudes caso queira tirar vantagem de mim.

- Você viaja.

- Talvez eu esteja viajando, ervilhinha... mas você não viu a minha casa ainda.

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A casa de Alfonso era incrível. E nada a ver com o que eu imaginava. Cercada de árvores, no meio de um grande terrno, erguia-se uma casa de estilo rústico combinado com elementos industriais, madeira e pedras. A enorme fachada de pedras, com grandes janelas panorâmicas, parecia-se muito mais com uma daquelas casas de revistas de decoração do que eu teria esperado de Alfonso Herrera.

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora