Capítulo 25

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ALFONSO

Eu não tinha interesse nenhum na festa. Nem mesmo na ruivinha gatinha que usava os cotovelos para espremer seus peitos enormes toda vez que piscava devagar para mim, durante a nossa conversa. Mas o Jayce queria que eu ficasse um tempo, ao menos até a garota dele aparecer.

Meu irmão mais velho não era do tipo galinha. Eu podia contar nos dedos de uma mão as namoradas que ele já teve, mesmo que atrair garotas não fosse um problema para ele. Mas Jayce fazia o tipo sério. Muito disso vinha do peso que ele carregava nas costas nos últimos anos antes de a nossa mãe morrer. Ele havia se recusado a morar no campus, apesar de ter conquistado o direito a um quarto e a uma bolsa. Depois que ela faleceu, ele ainda preferiu ficar em casa para que eu tivesse um lugar para onde voltar nas férias da faculdade. Nosso tio o tinha quase forçado a morar no campus e a tentar se divertir um pouco.

- Quer outra cerveja? – Jayce gritou para mim do outro lado da cozinha. Tinha gente brincando de beer pong no espaço entre nós dois, ou seja, estavam jogando uma bolinha de pingue-pongue em copos com cerveja.

Balancei a lata que estava segurando. Ainda tinha metade.

- Não, ainda estou bebendo esta. Obrigado.

- Muito bem – ele riu.

- Jayce voltou até mim e se encostou na pia, como eu. Ele estava seguindo os movimentos da bolinha de plástico enquanto falava.

- Você tem falado com o Ucker?

- Sim. Ele está construindo um robô ou algo do tipo. Essas coisas que eles fazem lá na terra dos gênios. Espero que seja um robô feminino anatomicamente perfeito para que ele possa tirar o atraso. Ele nunca faz nada além de estudar.

Jayce bateu a latinha de cerveja de leve no meu braço.

Um dia isso vai dar frutos, você vai ver. O Ucker vai ficar rico e casar com uma mulher gostosa que vai idolatrá-lo. Escuta o que estou dizendo.

Eu ri.

- Veremos.

- Como está lá na faculdade?

Sempre o irmão mais velho.

- Tudo bem. E você?

- Fácil. Agora só faltam as eletivas, então passo a maior parte do tempo ajudando os colegas mais novos por uns trocados.

Jayce tinha encontrado a menina de quem gostava enquanto fazia essa tutoria.

- Trocados? Você ainda está cobrando da Pearl também? Ela devia estar te pagando de outras formas – brinquei e virei o resto da cerveja. – Aliás, quem deu o nome de Pearl pra essa coitada vinte anos atrás? Toda vez que você diz o nome dela, imagino uma velhinha de cabelo roxo como a Sra. Whitton, que morava do outro lado da rua.

Ele balançou a cabeça e riu.

- Você é um doente. A Sra. Whitton tinha oitenta e cinco anos e andava de bengala. Mas Pearl é o segundo nome dela, na verdade. Deve ser uma homenagem à vó dela ou algo do tipo. Mas todo mundo a chama assim.

Um dos colegas de república do meu irmão gritou lá de fora.

- Herrera, vem aqui. Precisamos de alguém inteligente para resolver um negócio.

Jayce bateu a latinha dele na minha.

- Não é muito difícil ser o inteligente aqui. Já volto.

Depois de derrubarem cerveja no meu sapato duas vezes, decidi tomar um ar fresco. Como o quintal dos fundos estava lotado, fui para a frente da casa e olhei o meu celular para ver se a Diana já tinha ido embora da festa dela. Na varanda, parei para mexer no telefone, quando vi duas meninas cruzando o gramado.

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora