- Seu cheiro está uma delícia.
Quase gemi ao som da voz rouca dele no meu ouvido. Para manter a tradição, Alfonso me puxou para ele no momento em que abri a porta. Ele me abraçou tão forte que quase me quebrou. Senti seu hálito quente no meu pescoço quando falou.
Jesus amado. Minnie, pode fumar os seus quatro cigarros, um em seguida do outro, se é isso que você sente quando fuma.
– Obrigada. – Consegui me desvencilhar e limpei a garganta. – Entre. Você chegou alguns minutos mais cedo, e a Alícia ainda não chegou. Prefiro estar aqui quando ela chegar. Em geral, ela não demora tanto, mas acho que logo ela chega.
Fechei a porta e me desloquei até a cozinha para ganhar um pouco de espaço. Olhando por cima do meu ombro, virei para perguntar se ele queria uma taça de vinho. Vi que o Alfonso estava olhando direto para a minha bunda.
Ergui uma sobrancelha, como que o questionando, até ele finalmente subir o olhar para o meu rosto. É claro que ele nem se deu ao trabalho de fingir que não tinha acontecido. Não fazia o estilo dele.
– Sua bunda é linda – ele disse.
– Este não parece o início de um jantar entre amigos. Você chegou há trinta segundos e já falou do meu cheiro, me pressionou contra você e agora comentou sobre a minha bunda.
– Eu não disse que esse seria um jantar entre amigos – ele desdenhou. – Quem disse foi você. Além disso, você está usando perfume e um vestido muito sexy. Está preparada para um encontro.
Revirei os olhos e mantive a distância entre nós.
– Quer ou não quer uma taça de vinho?
– Quero.
Ele me seguiu até a cozinha. De frente para a geladeira, encostou-se no balcão com uma postura confiante.
Apontando a pia com o queixo, perguntou:
– E o cano, tudo certo? Sem vazamentos?
Abri o vinho e enchi duas taças.
– Sem vazamentos. Não deu mais problema.
Quando estendi a taça para ele, Alfonso me olhou nos olhos. – O Damon apareceu de novo?
– Não. Acho que você o assustou. – Ótimo.
Bebi um golinho de vinho.
– Então, aonde vamos hoje?
– A um restaurante chamado One if by Land, Two if by Sea.
– Na Rua Barrow?
– Lá mesmo.
– Sempre passo em frente, tenho um paciente que mora ali perto. – Fiz uma cara desconfiada. – De fora, parece romântico.
– Há alguns anos, eu o vi em uma revista de arquitetura. Faz tempo que queria ir. Mas não tive a oportunidade.
– Achei que você vinha sempre a Nova York.
– Eu venho. Mas não apareceu ninguém que eu quisesse levar lá.
Jesus, ele consegue ser fofo sem nem se esforçar.
As palavras dele, combinadas com o olhar intenso, me deram um arrepio. Peguei o celular no balcão.
– Onde será que está a Alícia? Ela não costuma se atrasar assim. A que horas é a reserva?
Antes de o Alfonso responder, a porta da frente se abriu e fechou-se.
– Eu estava começando a me preoc... – O rosto dela interrompeu o que eu ia dizer. Estava vermelho e manchado, com os olhos inchados. Ela com certeza estava chorando. – O que aconteceu? Você está bem?
– Tô – ela retrucou.
Alfonso e eu nos entreolhamos. A expressão soltinha dele de um minuto antes desapareceu. Agora exibia um ódio mortal.
– Alícia – eu disse. – Você precisa me dar alguma explicação. Alguém mexeu com você no caminho para casa?
Só então ela percebeu que o Alfonso estava lá. Ela também viu a expressão no rosto dele e pareceu se dar conta de que aquele homem estava pronto para matar alguém se ela não o acalmasse.
– Não, nada assim.
Suspirei aliviada.
– Então o que aconteceu? Você chegou tarde e com certeza estava chorando.
– Não quero falar disso.
– Tem certeza?
Alícia se jogou no sofá sem tirar a mochila.
– Uma menina do time de basquete estava falando sobre o papai.
Sentei ao lado dela.
– Falando o quê?
– Parece que o pai dela investiu dinheiro com o papai e, quando nos registramos no time, os meus contatos de emergência eram você e o papai. Aí o pai dela viu o nome, me viu no jogo e, como eu me pareço muito com o papai, ele fez a ligação. Agora todo mundo sabe que o meu pai é um criminoso. – As lágrimas correram dos grandes olhos castanhos dela. – E não foi só isso.
Ai, Jesus. Tinha mais? Eu não sabia se conseguiria ficar assistindo àquelas lágrimas – a Alícia era uma menina durona que não tinha chorado desde o julgamento do pai e, mesmo naquela ocasião, ela escondeu de todo mundo.
– O que mais aconteceu, meu amor?
– O Luke vai ao baile com a Brittany.
– Que baile?
– O que vai ter daqui a algumas semanas.
– Não era para as meninas convidarem os meninos?
– Sim.
– Eu nem sabia que você tinha convidado o Luke para ir com você. As lágrimas corriam.
– Eu não convidei.
– Ah, querida. – Eu a abracei.
Ela tentava disfarçar os soluços silenciosos o melhor que podia, mas os ombros dela estavam chacoalhando. Ficamos abraçadas por uns dez minutos – ela chorando e me deixando abraçá-la. Eu odiava o motivo do choro e a dor dela, mas fiquei feliz de poder oferecer algum conforto e por ela ter me deixado oferecê-lo.
Quando Alícia fungou, ao final, tirei o cabelo úmido do rosto dela. – O que posso fazer para você se sentir melhor?
– Só quero comer alguma coisa e ir para a cama.
Alfonso voltou para a cozinha. Imaginei que ele queria nos dar alguma privacidade. Olhei para ele como que para pedir desculpas – ele estava olhando o celular.
– Oi, Alfonso. – Alícia forçou um sorriso. – Usei a munhequeira hoje no treino. Obrigada por mandar.
– Imagina. Espero que te ajude.
Alícia notou o meu vestido.
– Vocês têm um encontro hoje?
Respondi "não" no mesmo instante em que Alfonso respondeu "sim". Ela sorriu.
Alícia levantou do sofá, finalmente tirou a mochila e se dirigiu até a geladeira.
– O que tem pra comer?
– Você gosta de comida italiana?
– A Any fez macarrão com molho? – ela se animou.
– Não, desculpe. – Entrei na cozinha. – Preparei um wrap de peru com abacate para você.
Ela tentou disfarçar a decepção.
– Tudo bem.
– Venha. Deixe o wrap para o almoço de amanhã. Vamos sair para comer lasanha e almôndegas.
– Sério? – Os olhos da Alíciq brilharam de alegria.
– Não brinco com comida. – Alfonso me fitou ao responder.
– Preciso trocar de roupa?
– Não. Você será a menina mais bonita do lugar, mesmo depois do treino de basquete.
Meu Deus, eu suspirei. A única coisa mais fofa do que os elogios que ele fazia a mim eram os elogios que ele fazia à minha Alícia.
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Sex without love? - AyA
Fanfico amor vai chegar e quando o amor chegar o amor vai te abraçar o amor vai dizer o seu nome e você vai derreter só que às vezes o amor vai te machucar mas o amor nunca faz por mal o amor não faz jogo porque o amor sabe que a vida já é difícil o basta...