Capítulo 45

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Depois que a Alícia foi dormir, fiz uma xícara de chá e peguei o meu celular. Eram quase onze da noite em Nova York, mas ainda oito horas na Califórnia. Havia pensado a tarde inteira sobre a minha conversa com a Minnie e decidi que ir direto à fonte não seria tão produtivo quanto ligar para a minha melhor amiga.

– Oiê – Maite disse. – É a fada madrinha!

Sorri.

– Você sabe que, quando eu era pequena, imaginava a fada madrinha com a

cara da Stevie Nicks.

– Acho que a Stevie Nicks seria uma puta de uma fada madrinha. Talvez eu deva convidá-la, em vez de você. Ela deve morar em Los Angeles. Mas, vai saber, posso acabar tendo você como vizinha. O Ucker contou que você e o Alfonso estavam bem grudadinhos.

Os meus ombros caíram.

– Eu não contaria com isso.

– Ah, não. O que houve?

– Nós passamos dois meses maravilhosos.

– Sim...

– E... é isso: dois meses maravilhosos.

– Você não acha que uma relação a distância vá funcionar?

– Não sou eu que não acho. É ele.

– Ele acha que não vai funcionar?

– Não faço ideia. Basicamente, nós concordamos em ser amigos que transam por dois meses. E agora o tempo está acabando.

– Você quer mais?

– Sim. Não. Não sei.

– Nossa, você está muito decidida.

– Eu gosto dele, Maite. Muito. Muito mais do que gostaria.

– Ah, querida. E ele sabe como você se sente?

– Nunca falei com todas as letras, mas ele sabe que eu gosto. Mas nem cogita a possibilidade de dar uma chance para a gente.

– Por quê?

– Essa é a pergunta que não quer calar.

Mesmo a cinco mil quilômetros de distância, Maite sabia que eu estava sofrendo. A voz dela se tornou mais suave.

– Meu Deus, Any, sinto muito. Eu disse quando vocês se conheceram que sabia que ele já tinha saído com muitas. Mas, até aí, vários homens fazem isso. Pensei... Sabe, às vezes, é uma questão de achar a mulher certa.

Por vezes, as palavras não ditas são as mais ouvidas. Eu não era a mulher certa para o Alfonso. Embora doesse pensar a respeito, também me lembrei da mulher sobre a qual queria informações.

– Deixe eu te perguntar uma coisa. Você sabe de detalhes sobre o que aconteceu entre o Alfonso e a moça que ele namorou por anos?

– A Diana? Não sei... Sei que eles se conheceram na faculdade, mas já tinham terminado quando conheci o Ucker. A única coisa que eu sei é que ela ligou para o Ucker várias vezes depois que o Alfonso terminou com ela. Ela bebia e ligava para ele, abalada por causa do término.

– Foi ele quem terminou com ela? Por algum motivo, eu tinha imaginado que tinha sido o contrário, e que era por isso que ele não queria sofrer por amor de novo. Bom, na verdade, eu estava pensando na minha situação.

– Sim... Foi ele quem terminou, isso com certeza. Apesar de que não sei por quê. O Ucker nunca disse, e eu nunca perguntei. Mas me deixe dar uma investigada.

– Tá bom. Seja sutil.

Ficamos ao telefone mais meia hora, batendo papo sobre a Caroline, o batizado, a Alícia e a vida em geral. Era muito bom conversar com ela, mesmo que eu ainda tivesse questões não respondidas sobre o Alfonso quando desliguei.

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora