Capítulo 16

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O Alfonso não brincou sobre irmos transar quando saímos do restaurante. Para a minha surpresa, ele nem tentou subir até o meu quarto de hotel ao me acompanhar até o lobby.

- Obrigada pelo jantar. Eu é quem deveria ter pagado, já que é seu aniversário. E obrigada por me pegar no aeroporto, por me deixar dormir na sua casa e por me levar para cima e para baixo.

- De nada.

Apertei o botão para chamar o elevador.

- Então eu te ligo no ano que vem, para começarmos a tradição de aniversário da Caroline?

- Precisamos trocar telefones para conseguirmos nos falar. Acho que você pode me dar o número certo, agora que somos amigos?

Sorri.

- Claro.

Alfonso tirou o celular do bolso e o passou para mim, mas, quando estendi a mão para pegar, ele deu um passo na minha direção.

- Me dê mais um beijo.

Olhei ao redor. Havia pessoas circulando no lobby, até uma família com crianças.

- Acho que o nosso beijo é proibido para menores.

Como se estivesse de conchavo com ele, o elevador chegou na mesma hora. Alfonso pegou na minha mão e me puxou para dentro. Ele apertou o botão para fechar as portas e me puxou para perto.

- Agora temos privacidade. Qual andar?

- Décimo quinto. Mas eu não vou...

O resto da frase foi engolido pelo beijo. Talvez porque já fosse a terceira vez, ou porque eu soubesse que a viagem de elevador duraria um tempo limitado, ou porque eu inconscientemente não quisesse perder um segundo sequer, dessa vez nem tentei lutar. Eu me abri para ele, e o meu corpo derreteu no dele no mesmo instante em que a sua língua encontrou a minha. A eletricidade que vinha faiscando entre nós desde o nosso primeiro beijo parecia agora ter explodido. Alfonso pegou os meus pulsos e os segurou nas minhas costas, o que só me fez querer tocá-lo ainda mais desesperadamente.

Quando nos afastamos, notei que me sentia confusa. O meu coração estava acelerado, a minha respiração, rápida e irregular, e as portas do elevador que eu vi se fecharem agora se abriram. Nós subimos quinze andares e nem me dei conta. Alfonso se ajoelhou para pegar o celular dele no chão. Eu o tinha derrubado sem perceber. Isso sempre acontecia quando nos beijávamos – a minha habilidade de focar em qualquer coisa além do beijo desaparecia. Ele me entregou o telefone e limpou a garganta, embora a voz dele ainda estivesse rouca quando ele falou:

- Se você quer que eu seja um cavalheiro e fique dentro deste elevador, grave o seu telefone. Ou vou para o seu quarto e vou insistir até você ceder.

Eu me recompus e assenti, ainda sem conseguir falar. Antes daquele beijo, eu tinha toda a intenção do mundo de dar o meu telefone para ele. Que problema teria? Ele vivia a cinco mil quilômetros de distância, e eu tinha quase certeza de que ele não era um serial killer. Além disso, agora nós tínhamos a tradição do presente de aniversário da fofa Caroline. Mas o meu coração ainda acelerado me lembrava de que eu deveria restringir o meu contato com esse homem. Não havia uma razão específica para fazê-lo, mas eu sabia que era a decisão certa a tomar. Era como quando alguém vem dar um soco e você instintivamente leva as mãos ao rosto para se proteger. O beijo do Alfonso colocou o meu corpo em modo de autoproteção. Sorrindo para ele e admirando aquele rosto lindo pela última vez, digitei sete números no celular dele e o devolvi.

- Tem certeza de que é o número certo desta vez?

- Sim – menti, e praticamente corri para fora do elevador. – Boa noite, Alfonso. Feliz aniversário. Se cuida. 

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora