Alfonso
12 ANOS ANTES
Droga. Eu tô indo para a faculdade errada.
Foi o dia mais quente de que me lembro. No carro, o rádio dizia que já estava fazendo quarenta graus, mas era a umidade incomum para Los Angeles que tornava o clima insuportável. Como faltavam algumas horas para encontrar com o meu irmão e eu não conhecia o campus, sentei em uma escada de tijolinhos de frente para uma fonte, em um campo bem aberto, na esperança de que lá fosse bater pelo menos uma brisa. A brisa não deu as caras, mas uma coisa muito melhor aconteceu. A garota mais linda que eu já vi caminhava em direção à fonte circular. Tirou os sapatos, sentou na beirada e pulou na água. Ela mergulhou e voltou para pegar ar, tirando o cabelo loiro encharcado do rosto.
As pessoas que passavam espiavam, mas ela não parecia notar ou ligar. Boiou de costas naquele meio metro de água. O sorriso no rosto dela era contagiante, e fiquei hipnotizado ao assistir. Fazia quase um mês que minha mãe tinha morrido, e parecia que fazia um século que não me sentia feliz e livre daquele jeito.
Após alguns minutos, a menina se sentou na beirada e me olhou.
- Você vai entrar aqui comigo ou vai ficar olhando que nem um pervertido?
Olhei em volta para ter certeza de que ela estava falando comigo. Não havia mais ninguém ali. Então levantei e caminhei até a fonte.
- Esse é o ritual de iniciação de alguma fraternidade?
Ela sorriu.
- Vai se sentir melhor se eu responder que sim? Porque você estava me olhando dali como se eu fosse louca.
- Eu não estava olhando como se você fosse louca.
- Para mim, pareceu que sim.
Tirei os sapatos e entrei na fonte.
- Eu estava olhando e me perguntando se você sempre sorri assim, ou se ficou tão feliz porque estava se refrescando.
Ela inclinou a cabeça para o lado, como se estivesse me estudando.
- Por que não estaríamos felizes? Estamos vivos, não estamos?
A água fresca estava uma delícia. Ficamos boiando um tempo em silêncio, sorrindo toda vez que nossos olhares se cruzavam.
- Meu nome é Diana – ela disse.
- Alfonso.
- Você gosta de calor?
- Não nesse nível.
- Alfonso, de qual estação você mais gosta?
- De summer, claro – brinquei com a palavra em inglês - Do verão.
Ela nadou até a beirada e apoiou os cotovelos sobre o cimento, assistindo ao chafariz que espirrava água sem parar bem no meio da fonte. Eu a segui e fiquei ao lado dela, tentando não olhar para os mamilos aparecendo através da camiseta molhada. Não era uma tarefa fácil.
Diana virou para mim:
- Você estuda aqui?
- Não. Meu irmão que estuda. Vim passar o fim de semana com ele. E você, estuda aqui ou só vem para se refrescar na fonte?
O sorriso dela era ofuscante como o sol.
- Estudo aqui. Artes.
Ela pegou impulso no peitoril e nadou para o outro lado da fonte. Assisti, intrigado pelos gestos aleatórios dela. Quando parou de novo, fez uma concha ao redor da boca para gritar para mim, embora a fonte não fosse tão grande.
- Verdade ou desafio?
A menina era louca. E linda. Quem diria que louca e linda podia ser uma combinação tão sexy?
- Verdade! - gritei de volta.
Ela fez uma careta fofa pra cacete enquanto batia o dedo indicador no queixo, pensando. Quando finalmente decidiu o que ia perguntar, o rosto dela se acendeu, ficando tão brilhante que só faltou aparecer uma lâmpada acima da cabeça dela. Ri comigo mesmo.
- Qual é a coisa de que você tem mais medo? - ela gritou
A reposta normal seria da morte, já que eu acabara de perder minha mãe. Ou talvez eu devesse ter dado uma resposta genérica, como de aranha ou de altura. Mas, em vez disso, fiz o que sempre me trazia problemas: responder com honestidade, sem filtro.
- De sofrer por amor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sex without love? - AyA
Fanfictiono amor vai chegar e quando o amor chegar o amor vai te abraçar o amor vai dizer o seu nome e você vai derreter só que às vezes o amor vai te machucar mas o amor nunca faz por mal o amor não faz jogo porque o amor sabe que a vida já é difícil o basta...