Capítulo 19

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Eu ainda não conseguia acreditar que o Alfonso estava em Nova York, ainda por cima sentado à mesa da minha mãe. Todos estavam de mãos dadas e com a cabeça baixa para a oração, o que me deu a oportunidade perfeita de encará- lo sem ser vista. Jesus, que homem lindo de morrer. Perigosamente lindo. Enquanto a minha mãe rezava para a Virgem Maria, peguei-me imaginando como seria ficar debaixo daquele homem. A Bella teria de passar uma semana rezando pela minha alma se soubesse que tipo de pensamento estava cruzando minha cabeça durante a oração.

Aposto que ele é uma máquina na cama, e atencioso também. Inconscientemente, passei a língua no meu lábio inferior enquanto mil safadezas passavam pela minha mente. É claro que o Alfonso espiou naquela hora. Um sorriso malvado de menino abriu-se no rosto dele quando nossos olhares se encontraram. Jesus, o meu estômago se revirou como o de uma adolescente.

Forcei os meus olhos a se fecharem para o restante da oração, o que não foi nada fácil. Assim como na primeira vez em que nos encontramos, eu estava maravilhada com o fato de que aquele homem tinha um efeito visceral em mim. Como no início do relacionamento com o Manuel. Esse pensamento foi um balde de água fria. Ao menos meu ex-marido servia para alguma coisa.

Levou menos de dois minutos depois da oração para que as mulheres da família Portilla começassem a inquisição. Alfonso não fazia ideia do que era se sentar à mesa com sete mulheres da família Portilla e uma adolescente impertinente.

- Então, Alfonso, como você e a minha irmã se conheceram?

- No casamento da Maite e do Ucker. Minha mãe resolveu contar detalhes: Ele pegou a liga, a Anahi pegou o buquê. Não é romântico? A sala inteira fez "aaahhh".

Minha mãe acrescentou:

- O Alfonso é arquiteto. Ele constrói prédios comerciais.

Ao que parecia, a minha mãe e o Alfonso tinham passado um bom tempo ao telefone. Logicamente, a minha mãe deve ter pensado que ele estava pronto para lhe dar netos na semana seguinte. Ela convidaria um assassino para jantar, se fosse para eu me casar de novo e engravidar. Mal sabia ela que Alfonso Delucia só queria tirar proveito da filhinha dela.

- Que romântico!

Minha irmã Alegra tinha acabado de bater os cílios e suspirar?

Alícia olhou para mim.

- Você tá saindo com esse cara?

- Não.

- Porque você tem um encontro com aquele idiota do Marcus nesta semana.

Obrigada por guardar segredos, garota.

- Hmm, sim. Mas, como eu disse, não estou saindo com o Alfonso. Somos só amigos.

Alfonso sorriu para Alícia e piscou.

- Amigos que às vezes se beijam.

Arregalei os olhos. Alícia pareceu achar divertido. Coloquei o guardanapo sobre a mesa e me levantei.

- Alfonso, será que posso trocar uma palavrinha com você na cozinha? Ele olhou para a minha mãe antes de se levantar.

- Com licença, Bella.

Antes de sair da sala de jantar, ouvi a Alícia dizendo:

- Ela deve estar querendo beijá-lo de novo. – E todos caíram na gargalhada.

Minhas mãos se apoiaram nos meus quadris assim que Alfonso fechou a porta da cozinha.

- O que pensa que está fazendo? Ele se fez de inocente.

- Jantando. Conhecendo sua família.

- Você acabou de contar que nós nos beijamos às vezes! Ele se apoiou na ilha da cozinha e cruzou os braços.

- É verdade.

- Pra início de conversa, você não devia contar isso. A Alícia não tem nem dezessete anos. Depois, isso não é da conta da minha família. E, pra completar, foram só dois beijos e no primeiro eu estava bêbada, então nem conta.

- Foram cinco vezes, e estou contando a vez em que você estava bêbada. Aliás, daquela vez, foi você quem me beijou.

- Cinco? Não foram cinco vezes. E duvido muito que eu tenha começado o beijo. Você está inventando isso porque sabe que não lembro direito.

- Cinco vezes. – Ele começou a contar nos dedos: – Primeiro, na noite do casamento. Segundo, na manhã seguinte, na porta do quarto do hotel. Terceiro, na minha casa... começou na janela, acabou na cama. Quarto, no elevador, quando agi como o cavalheiro que não sou.

Ok, então eu tinha me esquecido daquele beijo na casa dele. Droga. Que beijo maravilhoso.

- Tá bom – retruquei. – Mas foram quatro, não cinco.

Seu olhar diabólico enfraqueceu os meus joelhos. Ele se aproximou de mim tão rápido que mal consegui recobrar os sentidos.

- Me beije – ele disse, com rispidez.

Não esperou por uma resposta e juntou seus lábios aos meus. Jesus, esse homem sabe beijar. Foi lento, seguro, com o grau perfeito de agressividade que me fazia querer me agarrar à pele dele.

Quando acabou, ele encostou sua testa na minha.

- Agora são cinco, ervilhinha.

Ele deve ter sugado o meu cérebro junto com a língua, porque sorri de volta como uma idiota, em vez de mandá-lo tomar naquele lugar. Aquele lugar sexy dele.

- Não acredito que você esteja aqui.

- Nem eu. Mas é melhor você se acostumar. Vou trabalhar aqui por um tempo.

-Por quanto tempo?

Ele olhou nos meus olhos.

- Dois meses. E nem se dê ao trabalho de ficar se escondendo. Sua mãe me deu seu telefone na semana passada. 

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora