Capítulo 7

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Anahi

Meu celular tocou quando eu estava prestes a descer as escadas da estação para pegar um trem para o centro da cidade. Ao ver que era Maite, subi de novo até a calçada, para não perder o sinal. Eu não estava com pressa para chegar em casa.

- Olá, Sra. Grosso.

Ela suspirou

- Algum dia você vai conseguir dizer o meu novo sobrenome sem cair na risada?

- Não contaria com isso se eu fosse você. Ainda não tô acreditando que você trocou Maite Perroni por Maite Uckermann Grosso.

- Vou ignorar as suas piadinhas ridículas porque estou em clima de lua de mel.

- Piadinhas ridículas? E eu que pensei que o sobrenome do seu marido fosse um bom sinal.

Ela riu.

- Estou a caminho do aeroporto, vamos embarcar para Aruba. Mas antes queria lhe falar uma coisa.

- O que?

- Alfonso está enchendo o saco do meu marido para ele dar seu telefone. Ele disse que você deu o número para ele, mas que deve ter digitado errado. Será que você digitou errado?

- Não. Eu dei o número certo... da Eden.

- Eden? Não me diga que você ainda distribui telefones de disque sexo aos vinte e oito anos de idade.

- Claro que não.

- Então quem é Eden?

- É uma acompanhante que, por coincidência, tem um número de telefone parecido com o meu.

Maite deu um suspiro.

- Então estou entendendo que você não quer que Alfonso tenha seu telefone real?

- Ele é um playboy que vive a cinco mil quilômetros daqui. Pra que?

- Tem razão. Mas ele é um cara bem bacana. Achei que vocês tiveram muita química.

- Experimentos químicos levam a explosões.

- Tá. O Ucker não vai dar o seu número, apesar do fato de Alfonso estar enchendo o saco dele há dias. - Ela respirou fundo. - E como a Alícia está? Passou uma boa semana com a avó?

- Ela disse que nunca mais vai voltar para lá. Detesto admitir, mas me senti um pouco melhor quando soube que a Alícia também não gosta dela.

- Vocês precisavam de férias uma da outra.

A minha enteada, Alícia, mora comigo há dois anos. Bom, tecnicamente eu poderia dizer que ela mora comigo há três, pois o Manuel e eu ganhamos a guarda dela quando a ex-mulher dele faleceu. Alícia perdeu a mãe para o câncer quando estava no oitavo ano. Depois, na metade do nono ano – dia 31 de Outubro, para ser exata -, ela perdeu o pai também. Só que dessa vez não para uma doença. No meio da festa de Halloween que havíamos organizado, o meu marido foi preso por estar envolvido em um esquema de pirâmide na reconhecida firma de investimentos dele. Na ocasião, ele estava vestido de pirata – nada mais irônico.

- Sim, precisávamos dessas férias. Ela até que tem sido educada comigo desde que voltei. Mas isso vai mudar. Domingo é dia de visita. O mau humor dela em geral atinge o auge na semana seguinte à visita à cadeia. E, neste mês, escrevi uma carta pedindo para ele contar que ela terá que sair da escola particular no ano que vem, porque não consigo mais pagar. Então acho que ela ficará especialmente chateada.

As nossas peregrinações mensais para o norte do Estado sempre eram difíceis. Como o estado de Nova York não permite que menores desacompanhados visitem presidiários, eu era obrigada a ver meu ex-marido todo mês para que a filha dele, que me odeia, pudesse ver o papai amado dela.

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora