Capítulo 64

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ANAHI

Estava me sentindo confusa quando acordei com o som do telefone tocando. As persianas estavam fechadas, e eu não tinha noção de que horas eram, nem de onde eu estava em um primeiro momento. Mas o peito malhado sobre o qual eu estava deitada me lembrou. Alfonso estava desmaiado – nem se mexeu ao som do telefone, então peguei o celular dele de cima do criado- mudo. Parou de tocar assim que peguei, mas a chamada perdida era do tio Joe. Vi o horário antes de colocar lá de volta: nove horas. Tínhamos dormido demais.

Com delicadeza, dei uma chacoalhadinha no meu gigante dorminhoco: 

– Alfonso.

– Hmm? – Ele apertou ainda mais os olhos.

– O seu celular tocou. E já está tarde, são nove horas.

Ele abriu um olho.

– Senta na minha cara.

– É essa a sua resposta quando acordo você para dizer que te ligaram? – Ri e dei um tapinha no ombro dele.

– E daí? Gosto de comer assim que acordo.

– Foi o seu tio quem ligou.

Os olhos se abriram, e a expressão dele ficou séria de repente.

– O quê?

Ele se ergueu apoiado nos dois cotovelos.

– São seis da manhã na Califórnia. Deve ter algum motivo para me ligar tão cedo.

– Não pensei nisso... Mas então retorne a ligação já.

Alfonso sentou na beirada da cama. Não pegou imediatamente o telefone. Primeiro, achei que ele estava dando um tempo para acordar direito, mas depois vi a cara dele.

– O que foi?

– Foi o tio Joe quem fez os exames. Ele disse que me ligaria assim que tivesse o resultado.

– Mas hoje é quinta-feira. Você disse que o resultado só sairia na sexta.

– Ele disse provavelmente na sexta. Não sei. Ele pode ter ligado por outro motivo... mas...

O celular dele começou a tocar de novo. Nós nos entreolhamos por alguns toques antes de ele atender.

– Oi, tio Joe. Pode me dar um minutinho?

Alfonso tapou o telefone e disse:

– Tem certeza de que é isso que você quer? Você não quer saber. É uma decisão importante, Anahi.

Eu não tinha total certeza, mas estava certa de uma coisa.

– Se for positivo, você vai me deixar. A sua vida não será a mesma. Vou deixar você decidir. Mas não quero correr esse risco. Eu não preciso e não quero saber.

Ele me olhou nos olhos por um bom tempo antes de assentir com a cabeça. Depois, levou de novo o celular ao ouvido.

– Oi, tio Joe. Antes de que você diga qualquer coisa, quero avisar que não quero saber o resultado. Então, se for por isso que está ligando, esteja ciente de que não quero saber.

Ouvi a voz masculina do outro lado, mas não consegui distinguir as palavras. Alfonso olhou para o outro lado, ouvindo com atenção.

– Aham. Sim.

Os olhos dele encontraram os meus de novo.

– A Anahi e eu decidimos que não queremos saber.

Ele desviou o olhar mais uma vez e continuou ouvindo. Não consegui ficar parada. Comecei a andar pelo quarto, enrolada no lençol.

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora