- Como foi o encontro? – Alfonso me olhou de soslaio antes de voltar a atenção para a rodovia. Estávamos no congestionamento da ponte, a caminho do jogo.
- Foi ótimo. Ele riu.
- Que foi?
- Você mente mal.
- Do que você está falando? Não estou mentindo.
- Você tira um fiapo imaginário da sua roupa quando você mente. Você acabou de fazer isso quando disse que o encontro foi ótimo.
- Você tá louco.
- Se é o que acha... – Ele deu de ombros.
Alguns minutos de silêncio constrangedor depois, ele disse:
- Você foi para a casa dele?
- Não é da sua conta.
- Quer saber o que eu acho?
- Não, obrigada.
- Acho que você o beijou, comparou o beijo com o nosso e se deu conta de que, por mais que queira se sentir atraída por esse cara, ele não te atrai.
Estreitei os olhos.
- Nós transamos, e não pensei em você nem uma vez.
- Sério? – Ele olhou para mim.
- Sério – respondi.
Virei a cabeça para a janela para esconder o meu rosto corado.
Alfonso se inclinou e se aproximou de mim, no meu banco, enquanto dirigia.
- E o que é isso que você está fazendo com a sua mão esquerda agorinha?
Fiquei paralisada. Estava pegando um fiapo imaginário da minha calça jeans. Como eu não tinha resposta por ter sido pega mentindo, simplesmente fiz cara feia.
Alfonso sorriu.
Depois de alguns minutos, suspirou:
- Deixe-me te levar para jantar hoje à noite. Eu o ignorei.
- Você viu a liga que eu peguei no casamento da Maite e do Ucker? Não consegui encontrá-la no quarto do hotel.
- Não. Não vi.
- Droga. Eu queria guardar.
Alfonso voltou ao assunto anterior. Ele realmente só tinha uma coisa na cabeça.
- Então... O que me diz? Deixe-me te levar para jantar.
- Não.
- Você deixa o coitado que você nem gosta de beijar te levar para jantar, mas eu não posso?
Assenti.
- É isso mesmo.
- Eu me sinto atraído por você. Você se sente atraída por mim. Não consigo entender.
Decidi ser honesta e dar uma resposta sem filtros.
- Quando eu tinha doze anos, voltei para casa cedo. Tínhamos metade do dia livre por causa da reunião de pais e mestres. Minha mãe deixava um calendário na geladeira com todos os nossos compromissos e atividades. Com quatro meninas, tinha anotação quase todo dia. Mas, naquele dia específico, a minha mãe tinha se esquecido de escrever que sairíamos da aula mais cedo. Tanto o meu pai quanto a minha mãe trabalhavam e eu tinha a chave de casa, então voltei sozinha da escola e entrei. Ouvi um barulho no quarto dos meus pais e achei que a minha mãe tivesse deixado a TV ligada, como às vezes ela fazia. Fui desligar e vi o meu pai transando com uma amiga dela.
- Que merda. Sinto muito.
- O meu pai me implorou que eu não contasse para a minha mãe, jurando que tinha sido só aquela vez. Ele me disse que, se eu contasse, ela ficaria arrasada e seria o fim da nossa família.
- Que péssimo. Ele devia ter assumido o que fez e contado para ela, não colocado essa responsabilidade em você.
- Pois é. Eu sei disso agora.
- Você contou para ela?
- Por algumas semanas, não. Uma noite a tal amiga apareceu em casa, e eu vi a maneira como meu pai olhava para ela. Não consegui ver minha mãe ser humilhada daquele jeito. Sabia que não tinha sido uma vez só, apesar de eu só ter doze anos. Quando finalmente contei para ela, ele admitiu e disse que estava apaixonado pela amiga dela. Ele saiu de casa, e a minha mãe entrou numa depressão que durou bastante tempo.
- Às vezes fazer a coisa certa é uma merda. Forcei um sorriso.
- É.
Eu me virei para a janela e fiquei um tempo olhando as árvores passarem.
- O meu marido não me traiu com outra, mas também não me contou que a vida que levávamos era financiada com o dinheiro que ele roubava dos clientes nem que ele administrava um esquema ilegal havia anos. Também não disse que a cobertura onde morávamos estava prestes a ser penhorada, nem que ele tinha feito uma fortuna em dívidas de cartão de crédito no meu nome. Tive de me mudar duas semanas depois de ele ser preso, a minha conta bancária estava no vermelho, e o meu nome estava sujo porque ele mandava as faturas do cartão para o escritório e não pagava. Mesmo pegando dinheiro emprestado da minha mãe, não conseguia alugar um apartamento por causa do nome sujo. Por sorte, o melhor amigo do meu maravilhoso ex-marido me apoiou e me ajudou a encontrar um lugar para morar. Em troca de toda essa bondade, ele queria que eu dormisse com ele.
- Os homens da sua vida foram uns canalhas. Já entendi.
- Sim – suspirei. – Tenho dificuldade para confiar. Mas é mais que isso. Não fui para a faculdade como eu gostaria porque não queria deixar a minha mãe sozinha. Ela nunca me pediu isso. Na verdade, ela me incentivou o máximo que pôde para que eu fosse embora. Quando me casei com Manuel, ele queria que eu ficasse em casa, embora a minha carreira de terapeuta estivesse começando. Então larguei o emprego por causa dele. Por isso, agora preciso focar em mim. Adoro o que faço. E a Alícia precisa da minha atenção. Não posso me envolver com nenhum homem, mesmo que me sinta atraída.
Alfonso assentiu, mas pude ver pelo perfil do seu rosto que ele estava decepcionado.
- Só tem uma coisa que não entendo.
- O quê?
- Então por que sair com o Marcus?
- Você vai me julgar se eu for honesta?
- Nunca.
- Porque ele é um cara muito legal e, embora eu não queira me envolver com ninguém, também não quero ser celibatária. E não preciso me preocupar com a possibilidade de me perder na relação. Faz sentido?
Chegamos à escola onde seria o jogo da Alícia. Alfonso estacionou o carro no parque e virou o rosto para mim.
- Faz muito sentido. Tudo faz sentido. Mas moro a cinco mil quilômetros daqui e também não quero um relacionamento. Assim como você tem um passado, também tenho o meu. Só vou ficar na cidade por dois meses. Podíamos fazer um acordo de não sermos celibatários juntos. Só sexo e diversão, com uma data de validade. Isso impediria você de transar com uma cara por quem não se sente atraída e nós poderíamos nos perder um no outro só no quarto. – Ele me encarou. – Pense nisso. Sexo sem amor.
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Oioi, como vocês estão? Tudo bem? Eu espero que sim :)
Então, venho passando para dar um aviso para vocês.
Eu estava liberando os capítulos sempre as 17h, mas não conseguirei mais, então vou combinar com você de liberar sempre entre as 21h e 21:30h, caso eu não libere nesse meio tempo é porque não conseguirei, mas sempre deixarei avisado no meu perfil.
Peço também que se possível, comentem. Eu só tenho como saber que vocês estão gostando da fic a partir do momento que vocês estão curtindo e comentando, então peço, por favor, curtam e comentem.
Um beijo!
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Sex without love? - AyA
Fanfictiono amor vai chegar e quando o amor chegar o amor vai te abraçar o amor vai dizer o seu nome e você vai derreter só que às vezes o amor vai te machucar mas o amor nunca faz por mal o amor não faz jogo porque o amor sabe que a vida já é difícil o basta...