Capítulo 39

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ALFONSO

10 ANOS ANTES

- Eu te amo porque você me faz rir e tem um bom coração. – Diana andou até a cama, na qual eu ainda estava deitado pelado, com as mãos entrelaçadas atrás da nuca, e montou em mim. – Mas isso aqui... – Ela pegou o meu pau. – Essa coisa grande aqui é um bônus pra lá de ótimo.

Agarrei a cabeça dela e a puxei até a minha.

– Ah, então você me ama, é?

Nós estávamos saindo havia seis meses, mas nunca tínhamos nos declarado.

Ela sorriu e inclinou a cabeça para o lado.

– Acho que sim.

Puxando-a para mais perto, eu a beijei suavemente.

 – Então acho que te amo também.

Ela se ergueu e deu um tapa no meu abdome.

– Ei. Isso não foi muito romântico. Então acho que te amo também.

– Ok. E se eu disser: Diana Pearl Madden, eu te amo porque você nunca recusa um desafio e porque ri das suas próprias piadas mesmo quando elas não são engraçadas. – Agarrei os seios dela. – Mas esses aqui... Esses peitões são um bônus pra lá de ótimo.

Ela riu.

– Está nervoso?

– Ah, não. Ele está feliz. Vai ficar feliz por nós.

Jayce e Emily haviam ficado noivos na noite anterior. Foi uma surpresa, mas os dois pareciam fechados no mundinho deles. Depois de seis meses escondendo o meu relacionamento com a Diana, decidi contar ao meu irmão. Mesmo estando a uma viagem de oito horas de distância um do outro, de ônibus, a Diana e eu tínhamos nos tornado inseparáveis desde a festa de formatura do meu irmão. Fazíamos videoconferência por horas alguns dias, e um de nós sempre pegava o ônibus para que nos víssemos fim de semana sim, outro não. Os "eu te amo" que tínhamos acabado de trocar só materializaram na minha cabeça que era hora de contar a verdade ao meu irmão.

Peguei o celular no criado-mudo para ver o horário.

– Merda. Tenho que correr. O meu tio falou para irmos ao escritório dele a uma hora, então eu disse para o Jayce me encontrar no Starbucks da esquina ao meio-dia para que eu pudesse contar a ele. – Peguei a Diana pelo quadril e a ergui para que eu pudesse sentar. – O que você vai fazer hoje, enquanto eu estiver fora?

Ela fez um bico.

– Estudar matemática. Se eu não passar nessa última prova, não vou conseguir me formar.

– Ajudo você na volta.

Diana deitou de bruços e me observou enquanto eu me vestia.

– Adoro quando você me ensina.

Vesti uma calça jeans.

– Você gosta porque é de graça. Acho que vou começar a cobrar.

– Por mim tudo bem, desde que você aceite favores sexuais como pagamento.

Cheirei uma camiseta que estava caindo de uma gaveta. Eu não sabia se tinha jogado ali ao me despir ou se estava caindo porque puxei algo de baixo dela e não a arrumei no lugar. Vendo que dava para passar por limpa, vesti.

– Isso é coisa de homem – Diana esfregou o nariz. – Cheirar a roupa antes de vesti-la.

Peguei com as duas mãos a calcinha de renda preta fio-dental dela que estava no chão e a cheirei, inalando alto.

Ela balançou a cabeça, mas sorriu.

– Nojento.

– Ah, você acha isso nojento? – Coloquei a calcinha no bolso. – Vou ficar com ela até mais tarde. Aí vou poder cheirar no ônibus quando estiver voltando, que nem um maluco pervertido, como uma preliminar meio doentia antes de vir aqui te comer.

O Jayce parecia um pouco distraído enquanto estávamos na fila para comprar o café.

– Eu pago – falei quando chegamos ao caixa.

– Obrigado.

Ele ainda estava quieto quando nos sentamos.

– O que há com você? Parece que alguém matou o seu cachorro. Jayce forçou um sorriso.

– Estou cansado, acho.

– A noiva já está arrancando o seu couro, meu velho?

Ele olhou para a caneca sobre a mesa.

– Ela está grávida.

Não era exatamente nessa direção que eu esperava levar a conversa.

– Uau. Bom... Parabéns.

Ele passou os dedos pelo cabelo.

– Eu gosto muito dela.

– Mas você não a ama?

Ele balançou a cabeça.

– Não. Eu gostaria de amar.

– Então por que a pediu em casamento?

– Foi um acidente.

Ergui a sobrancelha.

– Um acidente? Como, exatamente, você pede alguém em casamento por acidente?

Ele cobriu o rosto com as mãos.

– Eu não sei. Ela me disse que estava grávida, e estava chateada. Claro que não foi planejado. Ela chorou e disse que sempre tinha sonhado em se casar e ter filhos, mas que não queria começar uma família tão jovem e sozinha. Eu nunca a abandonaria e não queria que ela achasse que teria de se virar sozinha.

– Então você a pediu em casamento?

Jayce passou a mão na cabeça.

– Merda! Odiei vê-la chorando, porque é minha responsabilidade também.

– Talvez ela se sinta do mesmo jeito? Talvez esteja assustada, mas não queira se casar também. O que ela disse quando você fez o pedido?

Ele recostou na cadeira.

– O rosto dela se alegrou. Ela pulou nos meus braços e disse que me amava.

Merda. Jayce é um cara sério. Mesmo que pareça ridículo que alguém possa pedir outra pessoa em casamento por acidente, fazia sentido no caso dele. Na verdade, ele era um cara tão bonzinho que eu já sabia a resposta para a minha próxima pergunta.

– Você disse que a amava também?

Ele me olhou. Claro que sim.

Quando ele pegou a caneca para levar à boca, a mão dele estava tremendo tanto que o café espirrou para todo lado.

– Vai ficar tudo bem, cara.

– Como?

– Você vai conversar com ela. Diga que gosta muito dela e que vai dar toda a ajuda com o bebê, mas que não está pronto para se casar.

Jayce ficou quieto por um bom tempo.

– Por que eu não a amo? – ele murmurou. – Ela merece mais do que um cara que ainda gosta de outra mulher.

Fechei os olhos.

Aquilo partiu o meu coração de várias formas.

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora