Capítulo 8

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Anahi

9 MESES DEPOIS

- A que horas é o chá amanhã?

Maite nem me disse oi antes de fazer a pergunta, assim que atendi ao telefone, às oito da manhã de sábado...

Dei uma chacoalhada na cabeça ao virar na cama com o celular no ouvido.

- Ora, tome chá a hora que quiser. Estou dormindo.

- Será no Magnólia?

- A gravidez afetou o seu cérebro. Do que você ta falando?

- Não se faça de desentendida. Eu vi na agenda da minha mãe. E sei que você não faltaria ao meu chá de bebê. Faz tanto tempo que não nos vemos, e você me ama demais para não vir.

Sentei e esfreguei os olhos.

- Por que você estava xeretando na agenda da sua mãe?

- Para descobrir algo sobre o chá de bebê, ué!

- Você é uma chata. Não dá para não estragar a surpresa?

- Bom, não consegui descobrir onde vai ser. Por isso estou ligando para você.

Eu me empurrei para fora da cama e me arrastei até a cafeteira. Estava fingindo como se estivesse concorrendo ao Oscar.

- Maite... eu sinto muito. Domingo é dia de visita da Alícia, e não consegui adiar.

- Ai, meu Deus. Como a minha quase irmã não conseguiu coordenar o dia do chá com o dia da visita à prisão?

Pois eu tinha coordenado direitinho.

- É, o mundo não pode girar em torno do Manuel. Desculpe, querida. Mas também não vou à prisão, na verdade. Estou atolada de trabalho e queria tirar alguns dias mais para a frente, quando o gordinho já tiver nascido, assim posso passar alguns dias com vocês.

Quando ouvi a voz dela, me senti um pouco mal por estar mentindo.

- Mas eu estou com saudade... e não posso fazer uma festa sem você. Lembra-se de quando tentei fazer isso no nono ano? Usei aquela roupa horrível, com uma calça de gancho tão baixo que ia até o meu joelho e um laço enorme na cabeça? Acabei beijando o Roger Pinto. E os colegas começaram a me chamar de Maite Lança-o-Pinto, o que não era de todo mau... até uma semana depois, quando terminei com ele. Ele ficou bravo comigo e disse para todo mundo que eu tinha feito um boquete nele na festa. Daí virei Maite-Chupa-o-Pinto. Pelo amor, você precisa vir. Não posso fazer uma festa sem você!

Tive de sufocar o riso porque ela parecia realmente apavorada, mesmo que o argumento fosse ridículo. Maite estava a beira de um ataque de nervos agora que a data do parto estava chegando. Mesmo que eu nunca tivesse passado por uma gravidez, lembro-me de quando uma reviravolta na minha vida fez com que me sentisse assim também.

- Me mande uma foto da roupa que escolher que eu avalio para você. Também tenho bastante certeza de que você não beijará nenhum homem além do seu marido na festa. Vai dar tudo certo. Vamos fazer uma chamada de vídeo durante a festa para eu sentir que estou aí com você.

Eu ri.

- Ok, combinado. Mas agora preciso ir. Tenho de estar em um lugar daqui a uma hora.

No aeroporto.

- Mas você vai me dizer pelo menos onde será o chá, já que você nem estará lá?

- Tudo bem. Mas só porque você parece estar nervosa. Será na sua casa – menti ainda mais. E por que não? Eu estava indo muito bem! - O Ucker vai levar você para almoçar e vai fazer você pensar que está indo para o chá. Quando você voltar, puta porque não terá chá nenhum, todos estarão aí. Por isso, sorria ao entrar em casa.

Sex without love? - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora