CAPÍTULO 1

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O dia é do escritor, mas quem ganha o presente são vocês! 😜
Aproveitem e agosto tá chegando!

CECÍLIA

Começar não era fácil, mas recomeçar era mais difícil ainda.

Ao abrir as cortinas da janela do meu quarto com vista para a natureza, absorvo aquela paisagem enquanto olho perdida entre memórias.

Não sei exatamente quando tudo deu errado entre mim e o Felipe.

Era eu? Era ele? Trabalhávamos demais? Conversávamos de menos? O sexo era insuficiente? Ríamos muito ou chorávamos pouco? Não sabia.

E só percebi que essas questões existiam quando ele pediu o divórcio.

Oito anos, dois mil novecentos e vinte dias, incontáveis chamadas telefônicas, mensagens, declarações do Orkut para o Facebook, SMS's apaixonados para as mensagens de whatsapp curtas.

Nos conhecemos na faculdade. Eu cursando letras e ele administração. Eu querendo ser professora e ele se preparando para assumir o cargo do pai. Éramos completos opostos em tantas questões, mas iguais em várias outras. Foi em uma festa qualquer entre os cursos que ele esbarrou em mim e passou uma cantada barata, eu sorri e depois foi tudo história.

Namoramos por dois anos, noivamos por um e estávamos casados pelos últimos cinco. Nos formamos juntos, procuramos nossa primeira casa – presente de seus pais -, casamos e vivíamos uma vida pacífica.

Será que pacífico era ruim?

Como foram mesmo as palavras dele?

"Monótona"

Essa era a palavra que ele usou para descrever todo um pedaço da minha história – um pedaço que eu pensei que fosse da nossa história -.

Foi em um dia comum, numa quarta-feira, que Felipe entrou no nosso apartamento, me viu sentada no sofá corrigindo algumas provas e simplesmente jogou a papelada no meu colo.

"- Não dá mais, Lina. – Felipe me diz enquanto me olhava calmo.

Olhei com estranhamento para ele antes de pegar o envelope e ler o que continha nele.

Meu estômago revirou na hora e pensei que fosse vomitar ali mesmo, em cima de todos aqueles papéis. Minha visão embaça por um minuto e eu tento recuperar as forças antes de falar.

- O que é isso? – Pergunto mesmo sabendo o que era. Eu tinha sentido que tudo estava estranho entre a gente, mas achava que era coisa normal, coisa da rotina.

Aparentemente não.

- Você sabe o que é, Lina. Acho que esse é o melhor.

- Melhor para quem? Você? – O estranhamento da lugar a raiva. Como ele toma uma decisão dessas sozinho?

Felipe me olha em choque.

- Alguém tinha que ser o adulto, alguém tinha que dar o primeiro passo para parar com isso. – Ele abre os braços apontando nossa casa. – Quem somos nós, Celina? O que somos? Eu não nos reconheço mais. E gostaria de recuperar esse Felipe antes desse barco da monotonia de vez.

Foi como se ele tivesse me dado um tapa."

E de repente, foi como se eu me tornasse uma telespectadora da minha própria vida e via aquele pesadelo todo ocorrendo por fora.

Não lembro de muita coisa daqueles dias nebulosos, mas sei que liguei para minha melhor amiga, Larissa, e ela me ajudou enquanto me afundei em mim mesma.

NOSSA SEGUNDA CHANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora