CAPÍTULO 34

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CECÍLIA

Indo para a fazenda, meus pensamentos foram ficando cada vez mais claros e minhas ideias também.

Como ele acha que tem o direito de ficar com raiva de mim sem me ouvir? Como ele faz isso depois de tudo que a gente já conversou sobre falta de comunicação?

Ele podia ter me ouvido, ele deveria ter me ouvido.

Mas não. Tomás foi e se comportou que nem o Felipe, agindo antes de pensar. Ele nem atendia o telefone ou respondia minhas mensagens!

Não merecia ou precisava disso. Era ele sendo um grosseirão novamente. Novamente agindo com imprudência e sem pensar.

Ele ouviria umas poucas e boas de mim quando eu chegasse lá. Meu coração doía com a possibilidade de que tudo pelo o que construímos tivesse ido por água abaixo por um único deslize, porém ao mesmo tempo, tive que reunir forças pra ser racional.

Se essa era a primeira vez que tínhamos um problema e Tomás não era maduro o suficiente para tentarmos nos resolver, como poderíamos ter algum futuro?

Cometi o erro de me anular uma vez por um relacionamento e não vou fazer isso novamente. Não vou.

Então sequei as lágrimas, respirei fundo e me reorganizei mentalmente para não agir errado, para saber como falar e ter as palavras certas.

Charles não demorou muito e logo estávamos na fazenda e minha mente ainda corria milhas por segundo, mas pelo menos tinha uma estratégia. Mesmo que  fosse meia boca, era uma estratégia.

— Muito obrigada por me acompanhar, Charles. Não sei o que faria sem você. – Digo assim que desci do carro.

Ele me olhava com uma feição preocupada.

— Amigos são pra isso, e estou aqui para tudo. Saiba disso.

Me permiti ficar emocionada por um segundo ao perceber que encontrei mais pessoas incríveis aqui para serem parte da minha família. Família essa que construí para mim.

Dou um abraço nele rápido antes de sair em direção ao estábulo.

Era um instinto que me dizia que Tomás não estaria no casarão, ele estaria no estábulo, procurando nos cavalos a calmaria que ele precisaria nesse momento.

O que era bom, porque ele precisaria.

O cheiro de feno, cavalos e um pouco de esterco estranhamente me remetia um pouco de calmaria. Era muito estranho, mas ao mesmo tempo, depois de semanas ajudando na fazenda e no casarão, me acostumei com os cheiros e o ar aqui do local.

Entrei e a primeira coisa que vi, era Tomás alimentando um dos cavalos com cenouras.

— Não sei se quero conversar agora. — É a primeira coisa que ele diz sem me olhar.

Então é isso?

— Infelizmente você vai me ouvir agora sim, Tomás. Também não queria ter que ficar me explicando, mas você não me deu outra alternativa.

Ele suspira antes de largar a cesta de cenouras no chão.

— O que você precisa explicar? Está tudo bem claro, você foi se encontrar com o seu ex-marido, não me disse nada e era isso. Sem contar no beijo, um belo beijo na verdade.

Felipe aquele safado de uma figa! Só de lembrar disso, tinha vontade de esganar a vida fora dele.

— Você novamente tirando conclusões pelo o que viu. Novamente agindo sem me perguntar, novamente agindo por impulso. Você sabe que não quero saber do Felipe, já tinha te dito tudo o que aquele safado fez pra mim e você realmente acha que eu iria querer voltar com ele? Realmente acha?

— Não sei, realmente não sei. Vocês tem história, tinham coisas pra conversar e nem havia me dito que iria sair com ele, o que deveria pensar?

Abro os braços indignada.

— Sei lá, talvez pensar em mim? Pensar que se você realmente gostasse de mim, iria pelo menos ouvir meu lado da história?

— Você nem quis me contar que ia encontrar com ele! Que lado da história mais você quer que eu escute? A que você ficou mexida com o beijo?

Ele não escutava! Meu Deus que homem exasperante!

— Sabe o que realmente aconteceu? Me encontrei com ele pensando que podíamos resolver isso amigavelmente e não te contei porque não te achei na fazenda em nenhum canto e achei que era melhor falar pessoalmente do que pelo telefone. Estou vendo agora que agi errado visto que sua cabeça é dura feito uma pedra! E outra coisa, se tivesse visto mais um pouco, veria que eu mordi o lábio daquele safado. Fui lá para terminar tudo de vez e qualquer ideia louca que ele tivesse, porque eu estou feliz aqui, com vocês! Mas vendo você aqui, vendo você me acusar e não me ouvir que nem ele fazia comigo... isso, isso não dá pra mim, Tomás. Desculpa, mas não dá.

Olho para ele magoada antes de me afastar dali. Sai antes de ver que seu corpo estava tenso com a minha fala e seus olhos haviam ficados tempestuosos.

Não precisava de mais um homem achando coisas e falando sem me ouvir.

Eu precisava só de mim mesma e isso sempre bastaria.

Chega de me anular! Chega!

Não importava que eu sentisse que podia estar caindo no amor com o Tomás e sua família. Não importava nada a não ser uma coisa: finalmente me botar como prioridade.

TOMÁS

Olhando ela se afastar, meu peito apertou com a ideia de que ela estava se afastando de maneira definitiva.

"...Mas vendo você aqui, vendo você me acusar e não me ouvir que nem ele fazia comigo... isso, isso não dá pra mim, Tomás. Desculpa, mas não dá."

Droga.

Eu tinha ferrado tudo.

E como eu faria para consertar agora?

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