CAPÍTULO 25

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TOMÁS

Eu parecia um adolescente saindo pela janela do quarto da Cecília, mas ela tinha razão.

Como iria explicar para a minha filha pequena que estava na cama com a nossa hóspede? Hóspede que ela gostava como se fosse melhor amiga.

Então no final, o que fiz foi o mais sensato.

Enquanto terminava de me ajeitar e andava em direção a minha casa, um sorriso singelo enfeitava os meus lábios.

Cecília...

Não pensei que conseguiria falar sobre meus sentimentos ou reconhecer finalmente a existência deles. Porém é aquilo que dizem, basta um momento, um momento só que ajuda a nos dar toda clareza que precisamos para agir.

E sabia que se não agisse, poderia ser tarde demais.

Quando ela caiu, tudo o que pensava era: e se algo pior acontece? Se vira algo grave? Se por acaso ela encontrasse outro homem na festa?

Tantas perguntas que foram o suficiente para fazer com que um fogo ascendesse dentro de mim.

A resposta era óbvia nessa hora.

Não queria que ela encontrasse outro homem, só de imaginar isso me gelava por dentro e me dava raiva por fora.

E dela se machucar pior... o que senti foi quase tão ruim quanto o luto pela minha esposa.

Sei que são momentos diferentes, sei que são situações completamente diferentes, entretanto o susto, o nervosismo, a mão suando frio, a inquietação de não ter o que fazer e querer fazer algo...

Me sentia desesperado. E foi por isso que finalmente tomei as rédeas da situação e agi.

Sorri mais aberto ao lembrar de ontem e de hoje mais cedo.

Quando me deixei levar foi que percebi como era fácil entre a gente, como a gente se encaixava com facilidade. Como o papo fluía, como o sorriso era fácil e os momentos eram... nossa, eu não conseguia me cansar dela.

Desejar a Cecília era fácil. Seu cheiro inebriante me deixava louco, sua pele era macia e sedosa, seu corpo que eu não tinha visto me deixava louco.

Uma das coisas que mais lutei foi a minha atração por ela. E tudo nela me atraía.

Tudo.

Era nisso que pensava quando entrei na casa e vi meus tios ali na sala de estar. Minha tia comendo um pedaço de bolo e meu tio tomando café.

— Foi a boa a noite? – Tia Verona pergunta de supetão e se eu estivesse com um copo de bebida, teria cuspido tudo.

— O que? – Olho assustado para eles. Meu tio só balança a cabeça enquanto continuava a tomar o café sentado em uma poltrona enquanto minha tia estava na outra.

— Ué, vimos que não dormiu em casa, então só pode ter dormido em algum e só pode ter sido em um lugar muito bom pra você voltar com esse sorriso todo.

— Tia! Não sabia que estava prestando tanta atenção na minha vida assim.

Ela dá de ombros.

— Estava distraída olhando a lua quando vi você saindo.

Meu tio engasga com o líquido e eu olho desconfiado para minha tia.

— Distraída olhando a lua? Sério mesmo tia? E desde quando a senhora olha a lua?

Ela volta a dar de ombros ao me olhar.

— Ouvi dizer que faz bem pensar olhando a lua.

Olho cético para a minha tia. As vezes me chocava com a cara de pau da minha tia em tentar me enganar para não parecer enxerida na minha vida pessoal.

Querendo me fazer de maluco, eu resolvo entrar no jogo.

— Deve fazer bem mesmo, mas a noite foi boa sim. – Me afasto indo em direção as escadas.

Não dou cinco segundos antes que a cadeira da minha tia tenha raspado o chão e ela venha correndo. Eu mal tinha passado do terceiro andar.

— Conta logo de uma vez. Você e a Cecília finalmente se acertaram?

Reviro os olhos e desço os degraus que havia descido e cruzo os braços no peito enquanto encaro minha enxerida preferida depois da minha filha.

— Digo alguma coisa se você admitir que estava espionando.

Agora é a vez dela de revirar os olhos.

— Ok! Ok! Admito que talvez enquanto pensava olhando a lua tinha visto você indo em direção a cabana da Cecília. Não estava espionando.

Ouço uma tosse, ou uma falsa tosse do meu tio.

Minha tia bufa de irritação.

— Ok! Ok! Estava espionando sim vocês dois. Agora me diz, se acertaram ou não?

Sorrio de lado.

— A gente vai tentar.

Tia Verona arregala os olhos.

— Tentar? Não pode tentar, vocês tem que se acertar, isso sim.

— Tia, as coisas não são assim. Temos diversas coisas para considerar e além do mais, tenho uma filha se você se esquece.

— A Cacau iria adorar a notícia e você sabe disso.

— Tia, não é tão simples. – Sabia que ela falava para o meu bem, no entanto estava ficando nervoso com a insistência dela de que tudo era tão fácil assim. Como se não tivéssemos nossos futuros e minha filha para considerar enquanto começávamos a considerar a opção de um 'nós'

— Mas...

— Ele está certo, querida. Eles sabem o que é melhor para eles e não vamos nos meter nisso. – Meu tio surge e fica do lado da minha tia enquanto fala, com uma mão no ombro dela. — Deixe eles resolverem isso.

— Mas... – Minha tia olhava abobalhada enquanto meu tio a afastava da sala, mas antes disso ele pisca para mim e sigo para cima aliviado.

Sabia que cedo ou tarde minha tia voltaria com seu interrogatório, por isso resolvi aproveitar para tomar um banho rápido e mudar para roupas limpas antes de descer, comer alguma coisa e fazer as tarefas da fazenda.

Assim teria tempo para pensar antes de chegar o horário que estava mais ansioso: a noite.

Para voltar para ela.

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