Hoje é dia de que? De mais um capítulo ☺️
CECÍLIA
Talvez eu tenha exagerado com umas compras para a Cacau? Talvez, mas era tão empolgante mimar aquela menina graciosa.
Cacau me contou que fazia compras com a avó dela, mas disse que nunca foi assim. Que ela já pensou em como seria ir às compras com a mãe dela, e por isso era legal alguém da minha idade ir. Era legal ter amigas.
Por um momento fiquei com medo que ela me botasse no lugar da mãe dela. Era muito rápido, muito recente e eu teria que abordar isso com calma, mas percebi que ela entendia muito bem quando disse que era legal ir às compras com amigas. Ser incluída e que logo que chegasse em casa, iria mostrar tudo para sua melhor amiga.
Ainda não havia conhecido a outra pequena, mas soube que estava melhor e logo aprontaria junto com a Cacau.
Quando chegamos ao bar, notei que a construção era antiga e cheirava um pouco a bebida e comida gordurosa.
Minha melhor amiga claramente iria gostar disso. Quando éramos mais novas e ela me arrastava para festas duvidosas, a maioria eram em bares rodeados de rodadas de bebidas e petiscos gordurosos que me dariam dor de cabeça no dia seguinte.
Ela amava, e eu amava esses nossos momentos.
Entrei com a pequena dando de cara com o Tomás de costas para gente na banqueta e um homem negro alto conversando com ele que era lindo, mas não despertou um pingo dos sentimentos conflitantes que o carrancudo de costas me dava.
Conhecer o risonho Gil foi uma surpresa. Quer dizer que o carrancudo tinha um amigo extremamente feliz, agitado e que era o completo oposto dele?
Ou será que ele já foi assim?
Era uma loucura, mas tudo nesse homem me despertava uma curiosidade.
Apertei a mão do Gil tentando ignorar o olhar do Tomás que parecia queimar nas minhas costas.
— Água? Refrigerante? Drink? Cerveja? — Ele pergunta.
— Água com gás, obrigada. – Sorrio educadamente.
— Está gostando da nossa pacata cidade? – Gil pergunta enquanto me sento ao lado da Cacau, já que ela senta ao lado do pai. E é bom mesmo ter uma distância. Gil me estende uma garrafa de água com gás e um copo com gelo. Abro e despejo no copo, saboreando a água gaseificada refrescar minha garganta.
— Adorando, aqui tem a paz que eu precisava. – Respondo honestamente. — A vida na cidade é uma correria sem fim, e aqui é como se fosse... uma lufada de calmaria mistura com ar fresco.
— Mas aqui tem festas também. – Cacau redondo depois de tomar um gole do refrigerante que Gil bota na frente dela. — Papai sempre diz que tio Gil é o rei das festas.
Tomás bufa.
— Não, eu disse que o seu tio é o rei das badernas. Ele adora um caos e chama isso constantemente de festa.
A antiga Cecília olharia a chance de ir a uma festa antigamente e diria: não. Sozinha então? Um grande, gigantesco: não.
Mas a Cecília que está tentando não pensar tanto e viver mais? Ela diz sim. Planejei tanto e ao que isso me levou? Mais decepções e momentos perdidos.
— Festas é?
— Claro, e aceitamos todas as mulheres, principalmente as bonitas. – Gil fala com um sorriso brincalhão e cheio de flerte e eu me sinto corar.
Não recebia a tanto tempo um elogio e imagina um flerte? Sabia que o certo era me animar por mim mesma, mas era bom ser notada as vezes.
Tomás toma um gole longo da sua cerveja e eu ignoro enquanto olho para o Gil.
— Quando é a próxima? – Pergunto animada.
— Sexta que vem. Vamos fazer na área atrás do bar, fechamos aqui dentro e arrumamos tudo lá fora. Cada um da cidade trás sua contribuição e nos reunimos pra comemorar, dançar e celebrar a vida. Você vai gostar.
Parecia bom. Parecia inofensivo.
— Eu topo!
— E como você pensa em chegar sozinha aqui? Você nem conhece o caminho. – O carrancudo fala pela primeira vez e eu viro para ver seu cenho franzido enquanto olhava de mim para o amigo dele.
— Posso buscá-la. – Gil oferece com um sorriso descarado e respondo com um sorriso tímido.
— Sair daqui para passar na fazenda e depois voltar? Muito distante e trabalhoso para você, Gilberto. – Tomás fala em um tom mordaz enquanto encarava o amigo que parecia cada vez mais divertidos
Não sabia o que era aquilo, só imaginava que era mais uma das birras do Tomás e não tinha vontade para isso. Achei que tínhamos evoluído um pouco.
— Papai pode levar você, assim ninguém precisa ter trabalho. — Cacau fala animada.
— Viu só? Solução dada. Espero vocês dois aqui na sexta que vem. Como são meus convidados, não precisam trazer nada.
Queria ir na festa com o carrancudo? Não.
Mas a oportunidade de conhecer novas pessoas, me relacionar mais... minha psicóloga e minha melhor amiga ficariam extremamente orgulhosas de mim, não via a hora de contar para elas.
— Marcado. – Digo com um sorriso animado.
Peço para ir ao banheiro e Cacau resolve me acompanhar.
Cada uma de nós felizes com os acontecimentos do dia.
TOMÁS
— Por que você tinha que ficar flertando com ela? – Sibilo para meu melhor amigo que tem um sorriso comedor de merda no rosto.
— Ela é uma mulher muito bonita, eu apenas constatei um fato.
— Ela não tem interesse em mulherengos.
— Como você sabe? Vocês não parecem ter tanta intimidade para saber isso um do outro.
— Gil, eu estou falando sério.
Ele dá de ombros.
— E eu também. Ela vai vir e vai ver a festa, vai ser um bom tempo para ela e para você também se parar de ser tão rabugento. Curtir um pouco não vai te matar.
— Não preciso curtir nada, já curti o suficiente e agora tenho responsabilidades.
Ele para tudo e me olha sério.
— Você disse antes que não queria falar disso, mas obviamente você precisa que eu fale disso. A vida só vale a pena se for pra ser vivida. Parece algo que a Luísa diria se soubesse como você anda passando pela vida e não vivendo! Isso não é saudável, Tom.
Levanto irritado.
— O que não é saudável é você tomar tanto conta da minha vida e esquecer a sua. – Tiro umas notas do bolso e jogo no balcão.
Ele apenas balança a cabeça.
Vejo as duas voltando em minha direção e as levo para a porta.
— Vamos embora, agora.
Ambas olham confusas em minha direção.
Cacau corre para abraçar o tio e Cecília apenas lança para ele um sorriso tímido.
— Até sexta que vem! – Gil grita me fazendo ficar com mais raiva ainda.
Queria entender tudo isso, mas ao mesmo tempo queria ignorar todos esse sentimentos conflitantes.
Antes que fizesse algo drástico.
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NOSSA SEGUNDA CHANCE
RomanceSINOPSE: Cecília precisava de um recomeço. Acabou de separar e ver ruir um relacionamento de anos como se fosse nada. Logo, ela questiona sentimentos, pensamentos e até a si própria. E um momento de epifania, ela junta suas coisas e parte em uma jor...