CAPÍTULO 2

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Bora começa de vez?
Vou postar duas vezes na semana: quarta e sábado.

CECÍLIA

Tinha desempacotado quase tudo.

Havia trago apenas minhas roupas e alguns poucos itens pessoais.

O quarto combinava com tudo ali. Era bem rústico, com as paredes pintadas de branco, e apenas a da lareira que era toda de tijolo vermelho, assim como a própria. Os rodapés eram de madeira e tinha lindas flores pintadas delicadamente por todo o espaço. O armário era de madeira clara assim como a mesa de centro e de cabeceira. A cama tinha a madeira pintada de branco junto com o conjunto em tom terroso assim como o tapete no chão.

Honestamente, pensei que eu estava no quarto da personagem Mel em Virgin River. Nunca pensei que de fato existisse um local desses e ver isso de perto reafirma que me deixei tempo enclausurada no tempo. Perdendo tempo com o que eu achava que precisava sem saber o que eu realmente precisava.

O tapete era tão fofinho que eu tirei meus sapatos e passava os dedos pelo tecido macio como se pisasse em algodão antes de ser interrompida.

- Por que você está fazendo isso com os pés? – Uma voz infantil pergunta da porta aberta da minha cabana e eu tomo o maior susto da minha vida ao ver uma criança ali.

De quem era aquela criança? De que canto veio essa criança?

Olho para os lados esperando que seu responsável aparecesse, afinal, que irresponsável deixava a filha assim solta em uma fazenda? Será que a dona Verona me disse algo e eu não prestei atenção?

Eu estava tão desatenta assim?

- Hein moça, me diz, o que você está fazendo?

- Aonde estão seus pais? – Pergunto de volta e vejo aquele rostinho espoleta franzir o cenho.

Ela parecia ter uns dez anos. Cabelo cacheado marrom escuro preso em uma trança frouxa, olhos pretos cor de jabuticaba, queimada pelo sol da fazenda, vestida com um macacão jeans e com uma blusa verde escura por baixo.

E ainda estava descalça. Ou pelo menos pode se considerar assim depois ver o chinelo mais fora do pé dela do que dentro.

- Meu pai está por ai, mas me diz, o que é isso com os pés?

Percebo que não tinha parado de mexer com meus dedos dos pés no tapete e resolvo dar de ombros. Bem, não havia o que fazer aparentemente.

Se o pai dela não aparecesse em cinco minutos, eu a levaria para a dona Verona.

- Estava sentindo o tapete fofinho.

- Tapete fofinho? – Ela me olha como se eu fosse maluca, e bem, talvez eu seja. Afinal, que adulto fica parado tendo tanta alegria em acariciar os pés em um tapete fofinho? Ainda mais, que adulto faz tudo isso enquanto tem uma criança perdida na frente dele?

- É, vem cá sentir. — Pois é, ao que tudo indicava, esse adulto louco sou eu.

Fiz um sinal com a mão e ela veio correndo com os pés sujinhos tocar no meu tapete. Achei ela tão fofinha que nem liguei para a sujeira que ela trazia para ele.

- Verdade, é fofinho mesmo. – Ela me encara sorrindo e eu sorrio de volta.

- Qual o seu nome? – Pergunto.

- Carolina, mas todo mundo me chama de Cacau. Você pode também.

- O meu é Cecília, mas você pode me chamar de Lia.

- Prazer, Lia! – Ela diz estendendo a mão.

- Prazer, Cacau! - Eu aperto a mão dela de volta sorrindo. – Não está na hora de procurarmos seu pai? Já que você disse que ele estava por aqui.

- Relaxa que 'tá' tudo bem. Papai sabe que eu costumo andar por ai.

Desconfiei um pouco disso. Talvez fosse meu lado de professora falando, mas ela tinha muito de uma criança espoletinha nela.

- Verdade verdadeira?

- Verdadeirísima, praticamente absoluta.

- CAROLINA! – Ouvimos uma voz masculina lá fora antes dela terminar o que ia falar e eu a olho bem cética.

Antes que pudesse pensar, um homem alto aparece na porta e eu fico uns cinco segundos em choque.

Ele era alto, mas com o porte esguio. Ombros largos preenchidos com uma blusa de flanela verde escura e pernas musculosas preenchidas em um jeans escuro gasto. Ele usava botas marrons de aparência gasta, mas que de alguma forma combinavam com tudo o que ele era. Voltei para o rosto e vi o nariz anguloso, a boca com o lábio inferior mais carnudo que o superior. Cabelo loiro escuro aparado dos lados com um topete. Um pouco grisalho também.

Ele tinha algumas linhas de expressão no rosto provavelmente reforçadas pelo sol, mas que deixavam ele ainda mais atraente.

Seus olhos eram iguais aos da filha.

Mas eles me passaram um sentimento completamente diferente do que o que eu tive com ela.

Continuei embasbacada com aquele homem até que ele abriu a boca bonita.

- O que você está fazendo com a minha filha? – Ele me olha irritado.

A boca bonita e grosseira.

- Estávamos apenas no tapete.

- Pra que?

- Porque é fofinho, papai. – A espoleta da Cacau responde e eu vejo o rostinho de anjo que ela tenta passar para o pai.

Só que isso não funciona porque ele me olha com mais estranheza do que antes.

Reviro os olhos internamente antes de botar a mão na cintura.

Não tinha tempo para isso e não seria julgado por fazer algo tão pequeno mas que me trazia felicidade.

- Olha, eu estava na minha e a sua filha apareceu, foi isso. Passamos um curto tempo de dez, no máximo quinze minutos juntas e eu já estava prestes a leva-la para a dona Verona.

- Ainda não justifica o motivo de você querer passar tanto tempo com uma criança que você não conhece.

Agora eu estava irritada.

- Assim como não justifica você perder a sua filha. Que tipo de pai é você, afinal?

Realmente não queria apelar para tanto, mas eu estava bem puta já.

Ele me olha como se fosse me esganar e eu revido o olhar, porque não iria levar desaforo dessa abusado.

- Ótimo! Vocês já se conheceram. – A voz feliz da dona Verona quebra o silêncio tenso quando ela aparece na porta da cabana e de repente minha mente funciona rapidamente ao ligar os pontos.

Aquele era o tal sobrinho dela.

Droga.

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Já viram nossa capa linda?

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