CECÍLIA
Acordei novamente e dessa vez com plena consciência de tudo que havia ocorrido, mesmo que parecesse um sonho louco e maravilhoso.
Mas era real.
Era real assim como o braço que serpenteava minha cintura em um aperto forte e o corpo quente colado atrás do meu.
Ele dormiu aqui.
Dormiu comigo.
Sorri como uma boba ao lembrar que depois do banho – do banho em que só pensava no homem do outro lado da porta –, ficamos conversando até altas horas trocando pequenas carícias como dois adolescentes.
Era tão louco pensar que mais cedo eu queria esganar a vida fora dele e agora não conseguia pensar em mais um minuto sem o toque dele.
A vida era realmente cheia de surpresas.
Era inevitável também não comparar ele com o meu ex. De tudo que pensava ser tão calmo e que talvez fosse o que eu preferia, veio esse tornado de sentimentos.
Cada dia na presença do Tomás era algo. Raiva, suspeita, deboche, felicidade, tesão... toda hora eu era inundada por sentimentos maiores que a mim e que não tinha como controlar.
E fazia tão pouco tempo.
Mas o tempo realmente serve de medida quando se é algo importante? O tempo realmente importa quando lá no fundo a gente que é algo significativo? Acho que não.
Também não queria pensar no amanhã. Porque ainda tinha mais dois meses para ficar por aqui e queria aproveitar.
Entretanto precisava ser sensata.
Não podia e não iria confundir tudo isso com algo a mais. Esse foi o meu problema antes, enfiar tudo tanto em caixinhas para dar o famoso 'check', que esqueci de ver que os detalhes as vezes importavam mais do que o quadro geral.
Que teríamos relacionamentos de todas as formas e tudo bem. Que as vezes relacionamentos sem sentido são importantes para sabermos o que realmente queremos no próximo.
Uma das coisas que trabalhei tanto na terapia foi a parte de ser aberta a experimentar, a conhecer.
E não ser a emocionada já fazendo mil planos que costumo ser.
Era isso que faria.
Não estragaria isso.
Fico tanto tempo na minha mente que quando um braço forte me aperta contra seu peito quente é reconfortante, percebo que Tomás acordou também.
O braço que estava na minha cintura sobe um pouco mais, e logo me encontro sendo virada para o seu rosto sonolento.
Caramba, tem como esse homem ser menos gostoso? Até com o rosto sonolento ele ficava bem.
Não falamos nada, apenas ficamos nos encarando antes de Tomás abrir um sorriso encabulado e eu também.
Levanto a mão e faço uma coisa que estava morrendo de vontade de fazer. Afasto as mechas revoltas do seu cabelo cumprido para trás. Tomás tinha mechas grisalhas que aprofundavam ainda mais seu charme.
Quando deixo minha mão cair do seu cabelo, ele pega e beija a palma dela, levando meu coração a acelerar como um louco dentro do peito.
O toque dele, mesmo singelo, foi o suficiente para que meu corpo entrasse em combustão. E acho que ele nota isso também porque logo seus olhos claros escurecem como duas profundezas e ele solta minha mão para me puxar para um beijo.
De começo eu fico meio envergonhada porque meu hálito da manhã com certeza não era bom, mas quando ele pede passagem com a língua, esqueço de todo o resto me foco nisso.
Nossas bocas se colaram em um duelo de línguas. Tomás beijava com volúpia, com vontade e me deixava acessa como nunca tinha sentido antes. Ele me acendia com um toque e me deixava querendo cada vez mais por cada sensação que ele provocava.
Ele me puxa até que eu esteja praticamente em cima dele, sinto uma leve fisgada no quadril que rapidamente ignoro e agarro seu cabelo com a minha mão livre enquanto a outra pousava no seu pescoço. Ele me segurava com os dois braços, nos colando de um jeito que queria que fôssemos um só.
Quando me encaixei nele, pude sentir sua ereção de encontro a minha virilha, e se eu já estava molhada antes, agora estava desesperada enquanto me esfregava nele, tentando aplacar essa necessidade.
Uma de suas mãos vão para a minha bunda e ele aperta enquanto esfrega mais descaradamente nele.
Mas eu ainda queria mais.
Nunca tinha sentido isso antes, essa paixão desenfreada por alguém, e olha que pensava ter um apetite saudável por sexo, mas isso? Isso era novo e me consumia de todas as formas.
E estava pronta para mais.
Me afastei um pouco do seu corpo para começar a tirar a minha blusa quando batidas altas nos assustam.
— Cacau! Você não pode bater assim! E se ela estiver dormindo? Cansada? Você pode ter acordado ela.
— Duvido! A senhorita Cecília sempre acorda cedo e esperamos quase duas horas até a vovó falar que era um horário decente. Outra coisa, a gente está com uma cesta pesada de coisas gostosas, sei que comi mais cedo, mas comeria mais um pouco agora.
A fala das duas meninas continua e eu olho para o rosto assustado, sonolento e um pouco irritado do Tomás.
Sua boca estava inchada e seus cabelos desgrenhados. Queria nem imaginar como eu estava.
Elas continuam a falar do lado de fora antes que tivesse mais uma batida e resolvo descer do colo dele.
Tomás se senta na cama com a cabeça na mão e eu olho para ele depois de fazer um coque no cabelo e ajeitar meu pijama.
— Você quer sair pela janela? – Pergunto tentando achar a melhor saída aqui.
Ele me olha confuso.
— Por que?
Arregalo os olhos para ele pensando que era bem óbvio o motivo.
— Você quer mesmo que a sua filha te pegue no meu quarto? Qual explicação que a gente da pra isso?
Tomás parecia em conflito agora e não tínhamos exatamente tempo antes que as pequenas entrassem como tudo ali no quarto.
Coloco minha mão na sua.
— Vá, depois a gente conversa.
Nos encaramos por um tempo antes que tivesse uma terceira batida que o fizesse se levantar, arrumar suas coisas e sair pela janela do outro lado da porta, assim as meninas nem saberiam dele ali.
Suspiro pensando no que diabos me meti antes de arrumar um sorriso no rosto, levantar sentindo uma leve dor e abrir as portas para as meninas que já moravam no meu coração.
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NOSSA SEGUNDA CHANCE
RomanceSINOPSE: Cecília precisava de um recomeço. Acabou de separar e ver ruir um relacionamento de anos como se fosse nada. Logo, ela questiona sentimentos, pensamentos e até a si própria. E um momento de epifania, ela junta suas coisas e parte em uma jor...