CAPÍTULO 18

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Acharam que eu tinha esquecido de vocês? Nada disso! Bora pra mais um capítulo :)

DONA VERONA

Aquele idiota.

Era isso. Meu sobrinho era um idiota.

Só isso explicava ele não aproveitar a ótima oportunidade que ele teve para sair com a Cecília. Ela estava linda e ele a encarava como se estivesse pronto pra colocá-la sob o ombro.

— O que você tanto resmunga aí da janela, meu anjo? – Meu marido me perguntou enquanto estava sentado em nossa cama, com as costas na cabeceira enquanto lia um livro.

Júlio era tão paciente. Tão bom para mim. Ele achava graça das minhas maquinações e se divertia enquanto me lançava olhares calorosos.

Ele era um amor calmo.

Quem não iria querer isso? Podia olhar para a Cecília e ver nela tudo o que meu sobrinho teimoso precisava. No começo posso ter arriscado sim com algumas das hóspedes, mas ela era diferente.

— Estou resmungando do seu sobrinho. Nem parece que criei esse menino! Que medo tanto da vida é esse? Cecília é uma ótima mulher. Ela é trabalhadora, gentil, linda, educada, adora crianças, tem sorriso fácil... o que mais ele pode querer?

Júlio suspira antes de abaixar o livro no colo e olhar para mim.

— Que tal o que ele não quer? E se ele não estiver interessado em alguém agora? Já pensou nessa possibilidade?

Olho para ele meio incrédula.

Homens. Sempre assumem uma coisa com base em uma olhada rápida, superficial.

— Você não vê o jeito que ele olha pra ela? Não vê o jeito que ela olha pra ele? Aposto que rolou alguma coisa e ele fugiu.

— Como você sabe disso?

Volto a encarar a janela, vendo de longe meu pobre menino apoiado na caminhonete com as mãos na cintura, olhando para baixo, pensativo.

— Porque ele voltou sozinho e tem a pose de um homem em guerra consigo mesmo. – Murmuro dessa vez baixinho.

Júlio levanta da cama e o observa de longe comigo.

— Tem certeza que forçar ele a isso é a melhor maneira?

Me viro para ele, dessa vez com os olhos cheios de lágrimas que eu me recusava derrubar.

— Sabemos que o tempo não espera ninguém, Ju. Esses dois... eu vejo eles se encaixando. As vezes as pessoas de fora tem uma percepção melhor das coisas, e uma pessoa que já passou por tanto como eu, consegue ler certas situações como se fosse capítulos de um livro.

Meu marido sorri para mim daquele modo gentil que só ele consegue e me abraça.

Solto a respiração que estava prendendo.

Me considero uma mulher forte, uma mulher de fibra. Entretanto existem momentos que ter alguém para me apoiar, alguém para me acalentar quando tudo parece perdido, quando tudo parece sombrio demais para ser enfrentado sozinha, me ajuda a continuar perante qualquer adversidade.

Sei que essa definição também serve tanto para amigos, família ou até interesse amoroso. Por isso é necessário termos alguém. Ninguém vive sozinho, ninguém evolui sozinho se não tiver o outro ali.

— Quer que eu converse com ele? – Júlio pergunta baixinho enquanto acarinha meu cabelo suavemente.

Balanço a cabeça em seu peito.

— A melhor coisa que podemos fazer agora é deixar o amanhã vir. Hoje ele só rejeitaria mais ainda qualquer ideia e se trancaria ainda mais naquela cabeça dura dele. Amanhã eu vou pensar. Uma batalha foi perdida, mas não a guerra.

Nos afastamos e ele beija minha testa antes de me encarar com um sorriso singelo.

— Não está levando tudo isso muito sério?

Agora quem sorri sou eu.

— O amor é um campo de batalha.

CAROLINA (CACAU)

Meu quarto estaria completamente escuro se não fosse o abajur de nuvem na minha mesa de cabeceira. Sabia que tinha que estar dormindo e que era tarde, mas a curiosidade me venceu e me levantei da cama, me esgueirando até a janela.

Lembro de ouvir papai saindo com a Cecília para a festa na cidade. Torci para que finalmente se dessem bem. Ela era tão maneira.

Eu amo a minha mãe, sei que sempre vou amá-la. Mas não acho que seja justo o papai não ser mais feliz porque ela não está mais aqui. Acho que ela iria querer ver meu pai feliz.

Vovó Verona me disse que as pessoas boas vão pro céu, elas evoluem, elas olham por nós de lá e cuidam da gente.

Se a mamãe está cuidando da gente do céu, então eu sei que ela iria querer que papai sorrisse mais.

E a senhorita Cecília é legal. Ela me faz rir, tem um cabelo bonito e tem paciência comigo e com a minha melhor amiga. Ela deve ser realmente uma ótima professora.

No começo ajudava a vovó Verona só porque queria ver papai feliz, mas agora eu sinto que é necessário ser mais ativa nisso.

Enquanto observo pela cortina meu pai lá embaixo, parecendo bem triste, eu sei que não vou deixar isso acontecer.

Senhorita Cecília era minha amiga e não sei, sentia que ela seria uma boa namorada para o papai.

Ele merecia ser feliz porque era o melhor pai do mundo.

Papai finalmente se ajeita da caminhonete e segue em direção ao casarão, como se finalmente tivesse forças para entrar.

Me afasto da janela com a certeza que iria ajudar.

Só não sabia como ainda.

Talvez minha melhor amiga e eu pudéssemos bolar um plano infalível amanhã.

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