Oi gente!
Infelizmente as curtidas não foram alcançadas nos capítulos anteriores, mas sem problemas porque os capítulos continuam nos dias normais então. ☺️
AproveitemCECÍLIA
A música era animada e as pessoas também.
Senti alguns olhares em mim, uns com curiosidade e outros com claro desejo. Era diferente e bom isso. Era bom sentir que ainda tinha esse lado meu que andava tão encoberto ultimamente.
Sorrio para todos que me olham com curiosidade. Alguns vieram me cumprimentar e me perguntar o que eu estava achando da minha estadia na fazenda.
Tomás tinha se afastado para ajudar o Gil que acenou para mim de longe. Percebi que minha situação tensa com o Tomás nunca ia mudar e talvez seja melhor assim.
Estava conversando animadamente com o Charles, o Léo quando uma música da eterna rainha da sofrência, Marília Mendonça, começa a tocar.
Vou ser sincero com você
Acho que pra mim já deu
Faz um tempinho que não sou seu
Até a cama percebeu
Que esfriou demais
E o seu toque não trazEscutei a música Graveto umas mil vezes enquanto me acabava em lágrimas e sorvete na época do rompimento.
Não adianta pôr graveto
Na fogueira que não pega mais
Não pega mais, não pega maisVocê virou saudade aqui dentro de casa
Se eu te chamo pro colchão, você foge pra sala
E nem se importa mais saber do que eu sinto
Poucos metros quadrados, virou um labirintoEra engraçado como uma música podia te fazer lembrar toda a sua vida em um piscar de olhos, toda sua trajetória, todos os momentos de felicidade e tristeza.
Me questionei por tanto tempo sobre o motivo dele me deixar. Me questionei em como não notei os sinais, como não notei que estávamos ruindo e que a fogueira que aquecia nosso relacionamento apagou mais rápido do que eu pensava.
Apagou como se fosse nada.
As lágrimas vieram mais rápido do que eu podia prever e peço licença aos meninos para ir no banheiro. Precisava me afastar da voz sofrida da Marília enquanto cantava sobre um amor falido assim como o meu.
Vim pra cá para pensar e me reencontrar, e esses momentos me trazem sempre a questão: será que vou conseguir de novo? Será que colocar o coração pra jogo era tão fácil assim? Não sentia que conseguiria passar por isso novamente só para ouvir de um cara que eu não tinha mais graça.
Não conseguia.
Esbarro em corpos aleatórios enquanto ia em direção ao banheiro que estava dentro do bar. Respiro profundamente quando me olho no espelho do banheiro. Apoio o copo na pia antes de voltar a me olhar.
— Você é forte. Você é linda. Você é capaz e vai muito além. Uma porta fecha e uma janela sempre se abre. – Repito para mim mesma várias vezes o mantra que incorporei com a minha psicóloga.
Depois de respirar profundamente e jogar um pouco de água no rosto, solto um longo suspiro antes de endireitar minha maquiagem e sair do banheiro.
Mal dos dois passos antes de uma mão me segurar pelo braço e um cheiro almiscarado e forte chegar no meu nariz. Cheiro de madeira, de homem, de conforto.
Tomás.
Ele me vira para encará-lo e vejo sua mandíbula cerrada e os olhos castanhos mais escuros, tumultuados.
— Você está passando mal? – Ele pergunta com a voz baixa e rouca e involuntariamente isso me atinge, me deixando com as mãos suadas, minha barriga engraçada e me sentindo um pouco mais quente.
— Foi um rápido mal-estar. – Desconverso tentando sair do aperto dele que ainda continua no meu braço. Ele tinha um leve hálito de cerveja, mas não parecia embriagado.
Tomás franze o cenho para me olhar com mais atenção e fico mais nervosa porque já estamos perto, agora parecia que eu estava a uma mão de distância de estar com o peito colado no dele.
— Você está com os olhos vermelhos, nariz inchado... você chorou, Cecília? Por que?
Cecília.
Deus, por que toda vez que esse homem falar o meu nome assim eu sinto vontade de escalar ele como se fosse uma árvore? Isso me mexia comigo mais do que meu ex falando meu nome durante nosso casamento.
O que era pura loucura porque Tomás era um grosseirão. Um completo sem educação e era mais faço tirar água de pedra do que falar com ele.
— Entrou algo no meu olho, só isso. – Passo mais uma vez a mão na região dos olhos torcendo para que não tivesse nenhuma lágrima escapado sem querer.
— Não foi isso. O que foi? – Ele me balança suavemente, mas fico de saco cheio.
Agora ele queria falar? Bem, acho que não.
— O que foi é que nada disso te interessa e agora estou bem. Pode me soltar, por favor? – Peço educadamente com a voz mais educada que consigo, mas por dentro fervilhava.
Precisava sair daquele corredor apertado, me afastar da luz amarela que deixava tudo menos claro e mais íntimo, me afastar... dele.
Tomás olha meu braço como se estivesse percebendo agora que ainda continuava segurando ele e me solta rapidamente antes de passar a mão no cabelo bagunçado.
— Não sei o motivo de você não conseguir responder uma simples pergunta, Cecília.
— Não sei o motivo de você querer conversar agora que eu não quero conversar, Tomás.
Ele me fuzila com os olhos.
— Você é contraditória.
Arregalo os olhos.
— Eu sou contraditória? Você que não conversa, não responde e sumiu por uns dias e agora quer ser o senhor preocupado e conversador? Faça-me o favor!
— Faça-me você o favor e pare. – Ele pede antes de voltar a passar as duas mãos no cabelo, como se estivesse ansioso.
Olho para ele confusa.
— Parar com o que? Não fiz nada.
É como se agora pudesse finalmente ver todos os sentimentos e emoções naqueles olhos que pareciam tão apagados desde que cheguei.
— Parar de me atormentar. Você não sai da minha cabeça, não sai dos meus pensamentos. Seu cheiro não sai do meu nariz e pelo amor de Deus, por que você tem que ficar tão linda em tudo? – Ele levanta as mãos para o céu como se estivesse tentando entender e apenas o encaro.
Você não sai da minha cabeça.
Não sai dos meus pensamentos.
Por que você tem que ficar tão linda em tudo?
Achava que depois da música eu fosse voltar para a festa mesmo com um sentimento de tristeza no coração. Mas agora nenhuma tristeza estava a vista.
Apenas as palavras do Tomás se repetindo como um looping na minha cabeça.
Seu cheiro não sai do meu nariz.
Encaro aquele belo homem que me olha atormentado e provavelmente tem mais problemas e traumas do que eu.
Mas depois do que ele disse...
Levo minha mão a sua nuca e o puxo para um beijo.
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NOSSA SEGUNDA CHANCE
RomanceSINOPSE: Cecília precisava de um recomeço. Acabou de separar e ver ruir um relacionamento de anos como se fosse nada. Logo, ela questiona sentimentos, pensamentos e até a si própria. E um momento de epifania, ela junta suas coisas e parte em uma jor...