CAPÍTULO 28

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Ontem fiquei enrolada pra postar, mas tá aí 😬

CECÍLIA

Acordei com um barulho na porta do meu quarto.

Meio sonolenta, me ajeito devagar para ver Tomás entrando com uma cesta. Seu jeans surrado nos quadris e a camisa xadrez aberta com os cabelos revoltos.

Delicioso.

Abro um sorriso enquanto me viro na cama, me espreguiçando antes de levantar meu corpo um pouco.

Haviam se passado alguns dias desde o começo dessa loucura toda. Alguns dias que dormia e acordava quase sempre com ele. Dias com carinhos e beijos roubados.

Dias deliciosos e mais leves.

Bem, menos por uma coisa que ainda martelava no fundo da minha mente.

Meu ex-marido ligando. Felipe começou a mandar mensagens querendo conversar e ignorei todas. Não queria estourar minha bolha com meus problemas de Cecília do passado. A Cecília de agora tem finalmente a vida que ela merece.

Tomás se aproxima ainda mais e eu trato logo de esquecer isso e sorrir para ele.

— Posso saber por que eu estou sendo tão mimada?

Ele apoia a cesta na cama e se senta ao meu lado com um sorriso antes de me dar um selinho.

— Acho que depois de como agi com você, a senhorita merece ser mimada todos os dias e todas as horas.

Abro a cesta e pego um pedaço de bolo, dando uma mordida.

— Super concordo também. — Sinto o gostinho de laranja e gemo alto. — E a comida da sua tia é significado de ser mimada todos os dias mesmo.

Ele continua sorrindo enquanto come comigo.

— Com certeza. Perdi meus pais cedo demais para qualquer criança entender, mas Deus abençoou com uma tia que não me deixou faltar nada. Que me enterrou sob tanto amor e cuidado. E também tive meus tios, que sempre tentaram me dar uma noção de como ser o tipo de homem que eu deveria ser e que queria ser.

Balanço a cabeça em compreensão.

— Sei como é isso. Toda minha família é do interior de Rio de Janeiro, e eu fui para a capital com expectativas de crescimento pessoal e até mesmo de independência. Senti muita falta deles na época do meu divórcio, mas não queria sobrecarregar ninguém com os meus problemas e preferi ficar na minha. Mas graças a Deus eu tenho uma melhor amiga que é minha base em todos os sentidos e me ajudou durante todo o percurso. — Parei e tomei um grande gole de suco de laranja antes de voltar a falar. — Bem, isso e terapia. Terapia ajuda em todos os sentidos e todos os momentos. Acho que todos deveriam fazer.

— Eu e a Cacau fizemos terapia logo depois da morte da mãe dela. Ela era muito pequena e eu ainda muito perdido sobre o que fazer sem a minha esposa. Como cuidaria de uma criança se não tinha nem energia para querer cuidar de mim? Ela que me ajudou a perceber que não dava para fazer nada sozinho e juntos decidimos vir para cá. – Ele toma um gole do café dele. — No começo estava ainda meio perdido até perceber com o tempo como minha filha floresceu aqui. Como o convívio com família, pessoas fora da família que também se importavam com ela, convívio com os animais e a natureza fizeram minha filha crescer bem e feliz. A gente conversa sobre a mãe dela, conto histórias, mostro fotos e ela parece ter um entendimento as vezes melhor do que eu sobre isso. – Ele ri um pouco envergonhado.

Coloco minha mão por cima da dele e dou um aperto.

— Não existe tempo certo para o luto durar. Nunca é certo mensurar a dor do outro pela nossa. Cada um sabe o seu.

Ele aperta nossas mãos unidas e me dá um beijo na testa.

Passamos o resto da manhã assim, apenas nós dois, uma cesta de café da manhã e cumplicidade.

TOMÁS

DIAS DEPOIS

Tinha marcado com a Cecília de sairmos hoje. Voltar ao bar e curtir a noite como deveríamos.

Mas antes disso, sabia que precisava conversar com a minha filha. Mesmo que tivesse passado pouco tempo, eu e a Cacau nunca mentimos um para o outro. Não importa o quão difícil fosse, sempre busquei uma relação de honestidade com a minha filha e manteria isso até o fim.

Só que nunca namorei depois da mãe dela, então tive um pouco de receio de como ela reagiria e o que faria se ela reagisse de forma negativa...

Estava de banho tomado e era perto do jantar quando bati na porta do quarto dela.

— Pode entrar! – Ouço a voz dela do outro lado.

Abro a porta com um sorriso ao ver a melhor parte de mim sentada na cama jogando no celular. Minha filha era a mistura perfeita de um casal cheio de amor. Ela era minha inspiração para ser melhor e minha carga para enfrentar qualquer coisa.

— Posso falar com você?

Ela pausa o jogo e levanta a cabeça para mim, me olhando atentamente antes de concordar.

Sento do lado dela na cama e me preparo.

Respiro fundo e vou.

— Filha, você sabe que eu amo muito a sua mãe, não é? Que tivemos uma relação incrível e que você é o que de melhor poderia sair disso tudo. Sua mãe se foi e ela iria querer que fôssemos felizes. É uma frase que sempre falei para você mas nunca me permiti viver por mim mesmo. Até agora.

Podia sentir as palmas das ninhas mãos suarem de nervoso. Posso até suspeitar que ela tenha maquinado algumas coisas com a minha tia, mas isso não deixa menos nervoso porque agora seria para valer.

— E... – Tento, mas travo.

Minha bebê franze a testa para mim antes de me chocar.

— Papai, você vai me falar que 'tá' namorando com a senhorita Cecília? Eu sei.

Olho completamente em choque para ela.

— E como você sabe?

Ela dá de ombros.

— Eu e Maya já suspeitávamos, e a vovó diz que você é péssimo em tentar se esconder.

Tia Verona...

E como você se sente sobre isso?

Ela volta a dar de ombros.

— Gosto dela. Ela brinca comigo, me ensina música de velho, tem um sorriso bonito e gosta de mim. Mas principalmente, ela faz você sorrir, papai.

Aquilo me atingiu como de tal maneira que precisei respirar fundo.

— Você também me faz sorrir, meu bebê. Você é a minha felicidade, você sabe disso, não sabe? – Pego sua mão na minha e aperto.

Ela sorri do mesmo jeito que eu.

— Sei disso, papai. Mas acho que você precisa de outras felicidades também.

Com isso eu não tive alternativa a não ser puxar minha filha para um abraço apertado.

E agradecer a Deus por ter me dado uma filha incrível dessas.

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