TOMÁS
Nosso beijo começa casto. Apenas nossas bocas se tocando e ambos congelados no tempo.
Isso dura apenas o exato momento da Cecília abrir a boca e a ponta da sua língua tocar a minha e eu estou perdido.
Puxo seu corpo para o meu, prendendo sua nuca com a outra mão enquanto aprofundo nosso beijo em uma batalha cheia de saudade, tensão e tesão acumulados.
Ela tinha gosto de bala de hortelã e o cheiro dela mais de perto me deixou mais louco.
Espalho beijos por todo seu rosto indo em direção ao seu pescoço e chupando ali antes de morder. Eu queria marcá-la, queria mostrar para ela como ela me deixava louco, o cheiro dela, a pele sedosa dela, o jeito que ela soltava gemidos baixinho enquanto eu colava meu corpo no dela naquele pequeno corredor.
Nos viro para que eu possa encostar seu corpo na parede e ter mais proximidade. Queria tocar tudo dela. Nossas línguas rolavam uma sobre a outra.
A pequena mão dela estava na minha cintura antes de entrar na minha camisa e ela me arranhou de leve nas costas. Só de sentir seu toque, mesmo tão pequeno, me esfrego nela, para que ela sinta tudo o que ela andava fazendo comigo, tudo o que ela vinha me atormentando desde que chegou. Volto a beijá-la como se não precisássemos de ar.
Nos enrolávamos em um como se não fôssemos dois.
Quando deixei uma das minhas mãos livres e pronto para tocar na cintura dela, senti-la. Um barulho longe da gente me fez parar.
Soltei a Cecília como se tivesse pego fogo com seu toque.
Nos encaramos com os olhos arregalados, chocados com isso. Chocados com nós mesmos.
O que eu fiz?
E olhar para ela agora, com o cabelo mais revolto, a boca inchada pelos meus beijos e os olhos brilhantes, fico tentado a voltar lá, a continuar. Mas me paro.
O que diabos eu estava fazendo? Não podia, não devia...
Me escoro na parede contrária a ela tentando pensar no que tinha feito.
— Tomás... — Ela começa, tentando ser a mais forte e coerente de nós dois, mas levanto a mão, parando o que ela provavelmente fosse dizer. Não queria ouvir nada agora.
Eu precisava de ar.
Parecia que de repente todo o ar tinha sido sugado e estava me afogando, sucumbindo, puxando o ar que precisava e não conseguia.
— Não. – Consigo dizer bruscamente. — Preciso, preciso de ar.
E saio dali antes de cometer uma besteira.
Mais uma besteira.
CECÍLIA
Olho chocada para o lugar que segundos atrás que o Tomás estava.
Ele tinha me beijado, me tocado, me mordido.
Ok, beijei ele primeiro, mas ele correspondeu. Tomás me beijou como sentisse saudades de mim, do meu corpo. Me beijou como eu nunca havia sido beijada. Me beijou de uma maneira que me deixou embriagada de tesão.
Foi confuso e ainda está sendo confuso. Não entendi bem o que foi esse momento agora, mas caramba, era inevitável não comparar ele com o meu ex-marido. Felipe nunca me beijou com essa gana, com essa fome toda.
Achava que nosso beijos fossem bons para um casal considerado apaixonado, e também tive outros beijos de outros caras antes do meu ex-marido, mas isso... isso nunca.
Toco meus lábios inchados com as pontas dos dedos e parece que sentia ainda o gosto dele ali. Um pouco de cerveja e muito dele. Muito desse homem que me deixava completamente perdida em relação ao que fazer.
Balanço a minha cabeça ao perceber que ficar ali que nem uma tonta não resolveria nada. Precisava encontrar o Tomás e resolver isso de forma adulta.
Éramos adultos e adultos se beijavam caramba. Sei que ele é grosseiro, sei que ele é um viúvo cheio de traumas e provavelmente mais problemas do que eu, mas esse beijo... caramba!
Amarro meu cabelo em um coque no alto e saio dali a procura dele, com os olhos treinados e o coração bombeando rapidamente enquanto perseguia a forma dele.
— Cecília do céu! Como você demorou! Achei que tinha passado mal e olha que só te vi com água hein. – Charles me vê e vem até mim. — Léo foi buscar algo para comermos da mesa.
Dou de ombros.
— Estava precisando de um pouco de ar, mas já está tudo certo. Pessoal parece mais animado, não é? – Observo a festa mais cheia e continuo procurando o grosseirão de longe, mas tentando fazer isso discretamente.
Charles olha para a festa agora maior com um sorriso antes de voltar a me encarar.
— Sim, te disse que o pessoal aqui adorava uma boa farra. Mas pode ficar tranquila e aproveitar bastante porque você vai embora comigo e com o Léo, e ele é um verdadeiro motorista cricri.
Vou embora com eles?
Franzo o cenho olhando para ele com mais calma.
— Como assim?
— O Tomás precisou ir embora, disse que recebeu uma ligação da filha que estava se sentindo mal e teve que ir. Ele pediu para que pedíssemos desculpas para você no nome dele por não conseguir te achar ou te esperar e saiu correndo.
Olho para o Charles completamente incrédula.
Ele me abandonou na festa.
Ele simplesmente saiu com uma desculpa esfarrapada ao invés de me encarar como homem.
Aquele... aquele... ridículo!
Podia sentir a cólera subindo de raiva. Homens, só problemas e decepção. Por que não podíamos ter uma paz com um deles? Por que todos tinham que ser problemáticos, cansativos, exaustivos e botar a culpa na gente? Tentando tirar a gente de maluca?
Suspirando cansada eu apenas aceno e fico ali com Charles mesmo sentindo que aquela festa para mim também já tinha acabado.
Se ele queria ser uma criança e fugir da nossa conversa, então eu faria esse imenso favor a ele e ignoraria também.
Agora era sério.
Tive um momento de loucura, mas a lucidez veio e veio forte.
Me viro para o Charles.
— Vamos aproveitar nossa noite então. – Abro um sorriso e ele corresponde antes de enlaçar nossos braços e nos levar para o meio da festa.
Não iria estragar minha noite por mais nada.
E nem ninguém.
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NOSSA SEGUNDA CHANCE
RomanceSINOPSE: Cecília precisava de um recomeço. Acabou de separar e ver ruir um relacionamento de anos como se fosse nada. Logo, ela questiona sentimentos, pensamentos e até a si própria. E um momento de epifania, ela junta suas coisas e parte em uma jor...