CECÍLIA
Posso apenas dizer que depois daquela pequena introdução, o resto se seguiu apenas de grunhidos da parte dele e acenos de concordância da minha parte.
Logo foram embora ao perceberem que não tinha nada de bom ali.
Concordei em ver todos no jantar e depois tranquei a porta com um suspiro.
Tomás.
Um nome bonito para um homem bonito extremamente detestável.
Fui em direção ao frigobar e peguei meu vinho que comprei na cidade ali perto. Comprei três garrafas, barras de chocolate e algumas frutas. Mesmo sabendo que tudo era oferecido ali, algumas coisas eram essenciais em emergências.
E por isso enchi uma taça com vinho e tomei um bom gole antes de pegar meu celular e mandar uma mensagem para a minha amiga. Conto tudo em um áudio de quase três minutos que eu sabia que ela iria reclamar bastante, mas precisava disso.
A audácia daquele homem.
Como ele podia ser pai daquela menina tão doce? Mesmo espoleta, ela parecia muito mais amável do que o pai dela.
Quando estava terminando a taça e pronta para um cochilo antes de enfrentar o resto do dia, meu celular vibrou.
Lari: Problemas no paraíso então.
Eu: Ele é problema dele mesmo.
Lari: Hm, ele é bonito, não é? Por isso você ficou mais estressada ainda. Aposto que ficou um tempo encarando ele como um sonho de padaria fresquinho.
Olho em choque para o meu celular.
Eu: Queria entender como a sua mente SEMPRE vai para a sarjeta ou para comida.
Lari: É um dom. Você devia ser grata.
Rolo meus olhos antes de falar que mais tarde nos falaríamos. Aproveitei para mandar algumas fotos que havia tirado e tive mais alguns elogios antes de nos despedirmos ainda por mensagem.
Levanto para fechar as cortinas e aproveito para tirar meus jeans e o sutiã antes de deitar na cama de casal e me cobrir com a manta fofinha.
Solto uma longa respiração antes de sorrir.
*
Depois do banho, coloquei um jeans novo de lavagem escura, e uma blusa de manga curta de cor cinza. Tinha lavado meu cabelo e sequei um pouco com o secador e decidi deixa-lo solto. Meus cachos emolduravam meu rosto limpo e livre de maquiagem.
Nunca fui muito de usar maquiagem ou viver arrumada. Gostava de andar confortável e me sentia muito bem na minha própria pele sem precisar de qualquer artifício.
Quando me divorciei, a primeira coisa que eu fiz foi me encarar no espelho de corpo todo do quarto.
Olhei para aquela mulher que gostava da própria pele e me questionei.
Questionei meu peso.
Questionei o tamanho dos meus seios. Muito pequenos?
O tamanho da minha bunda. Muito mediana?
Questionei seu meu cabelo era desarrumado demais, bagunçado demais para os jantares chiques da empresa que tive que comparecer com o Felipe.
Fui para o meu armário e olhei minhas roupas.
Eram muito simples? Precisava de mais saltos? Adicionar mais cor?
Tinha poucos vestidos? Será que tinha vestidos tão melindrosos assim?
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NOSSA SEGUNDA CHANCE
RomanceSINOPSE: Cecília precisava de um recomeço. Acabou de separar e ver ruir um relacionamento de anos como se fosse nada. Logo, ela questiona sentimentos, pensamentos e até a si própria. E um momento de epifania, ela junta suas coisas e parte em uma jor...