CAPÍTULO 4

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CECÍLIA

O jantar foi melhor do que havia esperado.

Ok, todos estavam ali reunidos conversando, trocando histórias e risos e somente o birrento – novo apelido carinhoso – do Tomás não estava.

Aquele homem não sabia socializar? Ser simpático? Não podia entrar na conversa e oferecer alguma coisa?

Não sabia exatamente o que me irritava nele tanto que em menos de um dia eu parecia ter pego um enorme ranço dele.

Ok, sendo honesta comigo, sabia sim qual era o problema.

Era que a atitude dele me lembrava a do meu ex.

Sempre emburrado.

Sempre com esse olhar no rosto de que sabia algo que eu não sabia e por isso era superior ali.

Odiava isso.

Antes de assinar os papéis, dei a ideia de que fossemos em uma terapia de casal. Consertar as coisas, falar, identificar os nossos problemas e quem sabe, chegarmos a alguma solução.

Ele negou e disse que não queria tentar nada.

Apenas acenei e acabei entrando por mim mesma. Queria entender, e principalmente, queria me entender.

Doutora Rayane havia me dito que não podia nunca colocar a bagagem dos outros sobre as minhas. Ela me levou a perceber que o meu valor era independente de qualquer pensamento alheio, e que deveria ter me imposto quando Felipe somente falou sobre as diferentes maneiras pelas quais o nosso casamento falhou graças a mim.

Sem graça.

Simples.

Não muito feminina.

Não era espontânea.

Vivia cansada do trabalho.

Caseira demais.

E quanto mais ele falava, mais murchava para dentro de mim mesma.

Depois que conversei isso com a doutora na época, e ela me fez ver através das besteiras dele, comecei a ficar era com raiva.

Como qualquer pessoa se atrevia a opinar sobre a outra com a intenção pura e simples de machucar? Humilhar? De esconder os próprios defeitos?

Felipe não era perfeito, longe disso. Entretanto, ele falava tanto que parecia que ele era o epítome da perfeição e eu a completa errada.

E desde então havia perdido a paciência para pessoas assim.

Por isso dormi um pouco irritada, mas quando acordei no dia seguinte, não deixaria isso me abalar, porque se tem uma coisa que eu aprendi na terapia, era que ninguém tinha o poder de me definir a não ser eu mesma.

E eu não deixaria fatores externos atrapalharem isso.

O primeiro passo foi ir ao banheiro para começar minha rotina de skincare e jogar uma água no corpo rapidamente antes de colocar o mesmo jeans de ontem e uma blusa azul escura de alça.

Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, calcei meus costumeiros all stars e sai para o dia lindo que me esperava.

Era bem cedo, oito e meia da manhã, então talvez ninguém estivesse acordado, mas quando passei pela casa principal, ouvi alguns barulhos na cozinha e imaginei que dona Verona estivesse já acordada.

Estava certa. Segui o cheiro de café em direção a cozinha.

- No que posso te ajudar? – Pergunto sorrindo.

NOSSA SEGUNDA CHANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora