CAPÍTULO 6

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CECÍLIA

Se eu queria andar de cavalo? Sim.

Se eu queria que o Tomás me ensinasse a andar de cavalo? Bem, isso era um gigantesco não.

Mas não queria perder uma oportunidade por causa de um receio bobo de uma pessoa que nem era importante para mim. Por isso, quando a pequena Cacau perguntou, eu aceitei na hora.

Vendo a animação dela e ele mais taciturno ainda, me perguntei se toda a animação dela veio da mãe ou se por acaso ele escondia algum traço de diversão por baixo de toda aquela cara emburrada.

Fiquei duvidosa dessa teoria, mas não tive muito mais o que pensar porque logo ele estava me ensinando a montar.

Honestamente, de primeira vi que precisava de aulas de alongamento urgentemente porque só de abrir as pernas daquela forma já senti músculos nunca usados. Sem contar na minha amiguinha.

E não bastasse o despertar desses músculos nada usados ainda tem o fato que tive que contar com o grosseirão me tocando na cintura ou sua presença atrás de mim.

Sabia que ele não queria nem chegar perto de mim assim como não queria estar perto dele, mas a presença dele. Sentir a presença, o cheiro dele e o toque dele tão perto de mim...

Acendeu uma Cecília que eu não lembrava muito.

Eu e o meu ex tínhamos o que achava que era uma vida sexual saudável. Mas logo a vida foi incrementando, foi se apresentando em novas situações, novos problemas e desafios e fomos adaptando tudo. Logo as responsabilidades eram maiores do que parar um dia pra planejar um jantar romântico. E sempre pensei que fosse normal, que casais passavam por fases.

Agora eu sentia coisas que não lembrava já ter sentido, ou se senti, não conseguia controlar direito.

Senti minhas bochechas corarem assim que seus dedos longos tocaram meu corpo. Meu primeiro pensamento foi me esquivar, porém sabia que isso seria bobo da minha parte e também não queria entregar para ele que havia ficado de alguma forma mexida com o seu toque.

O que eles escolheram para montar era a outra égua, a Mili. Mili era da raça Campeiro e tinha a pelagem caramelo e a crina mais clara. Era dócil e paciente enquanto eu ouvia as instruções do Tomás depois que ele me botou sentada na dela.

— Não se agarre demais as rédeas dela, pode machucar. Escolhemos essa porque é a mais paciente para novas pessoas. Mili também é meio preguiçosa, então ela vai preferir mil vezes andar do que fazer alguma gracinha e te dar um susto. — Ele falava enquanto acariciava a crina dela com carinho.

Bem, pelo menos com os animais ele era gentil.

Ele e Cacau foram montados  ao meu lado no cavalo Sol enquanto Mili andava bem devagar. Era interessante me ver mais alta e sendo carregada enquanto passava por todo aquele verde.

A paisagem calma dali me fazia bem. Me gerava sentimentos bons depois de tanto tempo de sentimentos ruins.

— Senhorita Lia, a gente pode depois ir na cachoeira aqui perto, é bem calminha.

Cachoeira? Eu já tinha ido em uma lá em Itatiaia no Rio de Janeiro durante um passeio até Penedo. Gostava daquele contato com a natureza,  mesmo preferindo praia e o mar.

— A gente pode ir sim, eu só preciso ir na minha cabana e botar um biquíni.

Tomás faz um barulho de engasgo.

— Hoje não vai dar para você, Cacau. Ainda temos que ir na cidade depois de ver os animais.

A pequena desfaz o sorriso antes de rapidamente ele aparecer de volta.

NOSSA SEGUNDA CHANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora