CAPÍTULO 8

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CECÍLIA

Tudo em mim doía.

Sério, meu corpo tinha recebido algum memorando de "vamos esperar ela parar pra fazer com que sinta toda dor do universo" e foi isso.

Só consegui tomar um banho quente e tomar dois comprimidos de dorflex antes de cair dura na cama desejando um saco de gelo no meio das minhas pernas. Isso foi tudo horas atrás. O dorflex e o cansaço pela emoção me cansaram por cinco horas seguidas.

Acordei desorientada e ainda com dor.

Que ideia idiota, Cecíl. Bater sem querer no cavalo e quase se matar no processo.

Isso era o que eu recebia por não pensar.

Respiro fundo antes de afastar os cachos do rosto.

Minha barriga ronca me avisando que precisava correr atrás de algo para comer ou essa situação só iria piorar.

Tento me levantar e quando tudo começa a doer, já caio de volta na cama.

— Que ódio!

Toc toc!

Duas batidas na porta me levam a gritar – já que eu não conseguia me mover sem ranger –.

— Pode entrar! A porta está aberta.

E estava mesmo, tinha um total de zero forças para pensar nisso antes de tomar um bom banho quente mais cedo.

Talvez fosse a dona Verona com algo pra mim. Quando ela tentou mais cedo, eu expliquei que queria descansar e depois comeria algo.

— Trouxe o seu jantar, senhorita Lia. — A voz da pequena Cacau chega até mim pela porta aberta parcialmente e tento me endireitar não cama. Estava com um pijama simples, short cinza e camisa cinza de manga curta, mas era um pijama meio curto, não achava que era legal pra ela me ver assim, mas podia ser pior.

— Pode entrar, querida.

Mal tive tempo de prender o meu cabelo que com toda certeza estava parecendo um ninho, antes que a pequena e seu pai – o último homem que eu desejava ver – aparecessem no meu quarto.

Ambos estavam com roupas novas. Tomás segurava a bandeja antes de passá-la para sua filha.

Ele ficou na porta encostado enquanto a pequena caminhava lentamente até mim.

Oi Deus, sou eu de novo, tem como diminuir um pouco a humilhação?

Era óbvio que ela iria entrar aqui com o pai dela.

Era ÓBVIO que eles iriam me pegar de pijama, descabelada e sem sutiã.

Tento fingir normalidade enquanto puxo o lençol para mim enquanto os encaro. Meu cabelo iria ficar bagunçado mesmo e era isso. Antes o cabelo ninho de rato do que os bicos dos meus peitos dando olá para o senhor bonito pra caramba mas idiota na mesma medida.

— Nossa, obrigada, Cacau. — Sorri para pequena que coloca a bandeja na minha cama antes de se sentar.

Olho para a bandeja com sanduíches bem recheados, morangos cortados, um copo gigantesco de suco e um pedaço de torta de chocolate.

Minha barriga ronca alto só de ver a calda da torta e pego logo um sanduíche dando uma mordida generosa.

— A vovó queria trazer, mas eu pedi muito pra fazer isso e pra aproveitar e ver se a senhorita está melhor. Estava preocupada que a nossa visita a cidade amanhã melasse... – Ela faz um muxoxo engraçado no final e eu rio.

Acho fofo ela chamar a dona Verona de avó. Ela havia me explicado que tinha criado o Tomás depois que a irmã faleceu quando nova, e que Tomás havia ensinado a filha a chamar a tia de avó, porque ela tinha várias avós e dona Verona era uma delas, e a mais amada.

Tinha achado uma linda atitude daquele homem tão grosseiro, mas pensava que se a Carol era um poço de maravilhas, alguma coisa boa tinha que ter vindo do pai rude dela.

Só não sabia ainda exatamente o que era.

— Carol, já falamos que se a senhorita Cecília não estiver bem, iríamos apenas nós dois. Ela precisa descansar. — Tomás fala da porta, onde estava encostado feito uma estátua enquanto encarava o chão.

Ótimo, pelo menos ele também estava envergonhado com essa situação de me ver de pijama.

Senhorita Cecília. Hmmm

Nunca pensei que ser chamada formalmente faria meus dedos dos pés formigarem, mas era isso que a voz grossa dele fazia comigo.

Ou talvez isso só fosse um sinal claro que você precisa transar. Fala sério, dedos dos pés?

Reviro os olhos para mim mesma antes de responder.

— Acho que amanhã já vou estar melhor sim. Descansar hoje o dia todo me ajudou bastante, e agora esse lanche maravilhoso irá me ajudar ainda mais. Tenho certeza que amanhã já estarei cem por cento!

Cacau abre um sorriso gigante que ilumina o rosto dela e deixa meu coração aquecido.

— Ai que bom! Já tenho vários planos pra amanhã, já anotei aonde temos que ir e ...

— Carolina! Vamos! Temos que ir e deixar a senhorita Cecília em paz. Era só pra você deixar a bandeja. Se você quer mesmo que ela vá amanhã, ela precisa descansar. — Dessa vez ele olha para filha, tentando ao máximo não me olhar, mesmo que eu estivesse logo atrás dela.

A pequena olha contrariada para o pai antes de balançar a cabeça concordando.

— Tá bom, mas espero a senhorita amanhã depois do café, tá bom? Descansa bastante e come tudo. Vovó diz que quando nos alimentamos bem e temos uma boa noite de sono, podemos enfrentar tudo.

— Sua avó está certa. — Balanço a cabeça dando mais uma mordida no meu sanduíche.

A pequena levanta para me abraçar e nos despedimos antes que ela saísse pela porta com o pai.

Quando ele finalmente fecha a porta e eu sinto o perfume dele indo embora junto com a risada da filha, é que eu me permito relaxar com um longo suspiro.

Senhorita Cecília.

Droga.

Acho que ia pular o dorflex e me servir de uma grande taça de vinho. Talvez isso fosse a amortecer meus sentidos de vez enquanto me fazia dormir.

Estava terminando meus dois sanduíches e pronta para atacar aquele pedaço de bolo quando meu celular vibra na mesa de cabeceira.

Lalá: E aí, como foi o primeiro dia completo na fazenda? Já teve alguma aventura?

Tive até demais.

Digito para ela toda a loucura do dia, e só de lembrar, começo a rir também.

Quem diria que me estraçalhar toda depois de andar a cavalo me traria a primeira risada verdadeira depois do divórcio.

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