Epílogo

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— Você sabia que quando um tamboril macho e fêmea acasalam, eles se fundem e compartilham corpos para sempre? Quando o tamboril encontra uma participante disposta, ele trava e se funde com ela. Ele perde os olhos e uma carga de seus órgãos internos até que eles compartilhem uma corrente sanguínea — Bellamy acariciava a mão de Clarke amorosamente, olhando para ela de seu assento ao lado da cama do hospital.

Ele estava tentando passar calma para a esposa ou distraí-la, mas, na verdade, ele estava uma pilha de nervos por dentro.

— Uau — Clarke disse secamente, prendendo a respiração para parar a dor — Soa familiar — Clarke virou o rosto para a enfermeira que fingia que ela não estava lá e sorria para eles como se tivesse acabado de dar à luz, colocando o prontuário de Clarke de volta na beirada da cama — Acabei de sentir outra contração, e essa foi baaaaah...

Era tão ruim que Clarke pensou que seu estômago estava prestes a se rasgar em dois.

— Quando o Doutor Jackson vem? — Bellamy exigiu, estimulando a ação — Minha esposa está com dor.

— Sua esposa não é a primeira mulher a dar à luz — observa a enfermeira prestes a levar um soco de Clarke. A enfermeira se move para afofar os travesseiros atrás dela — Dois médicos diferentes vieram para uma avaliação e disseram que está tudo perfeitamente bem. O Dr. Jackson está lidando com trânsito leve. Ele estará aqui em alguns minutos. Você sempre pode optar por uma epidural — a enfermeira olhou para Clarke, encolhendo os ombros.

— Você está brincando comigo? Quero que essa criança saiba o quanto eu sofri por ela e mantenha isso sobre sua cabeça por toda a eternidade.

Claro que não era nada disso, era apenas uma mulher com muita dor antes de ter um bebê.

A enfermeira riu.

Eu não sei por quê. Eu não estou brincando – pensou Clarke.

— Querida, estamos bem. Você ainda tem tempo — Bellamy murmurou, acariciando o cabelo dela e tirando do rosto que estava começando a ficar suado.

Era tudo legal e romântico, e ainda assim Clarke estava prestes a empurrar um humano de três quilos para fora dela sem nenhum remédio.

Clarke afastou a mão dele. Bellamy uniu os lábios. Percebendo que foi rude, ela uniu as sobrancelhas.

— Ai, desculpa, amor.

— Está tudo bem — ele pegou na mão dela — Eu entendo. É você que está aí na cama.

Ela assentiu e beijou a mão dele.

— Vá buscar o Doutor Jackson.

— Como desejar, Sra. Blake.

Ele não conseguiu sair da sala rápido o suficiente, e Clarke permaneceu com a enfermeira a olhando como se ela fosse louca.

As coisas têm sido realmente incríveis entre ela e Bellamy. Quase demais. Às vezes, ela acordava de manhã e pensava: Hoje vai ser o dia em que vou estragar tudo e desistir dele. Ou mais frequentemente, hoje vai ser o dia em que ele me deixa. Que ele finalmente entende que estou muito danificada, muito quebrada, ou simplesmente demais.

Os hormônios da gravidez.

Mas, de alguma forma, nenhuma dessas coisas acontece, e ela termina seus dias da mesma maneira: debruçada sobre seu marido, compartilhando suas histórias e experiências do dia, assistindo TV, rindo e revelando pedaço após pedaço um do outro.

— Consegui um médico para você — Bellamy irrompe na sala agora, ofegante — Um que você conhece, nada menos.

— É o Doutor Jackson? — Clarke perguntou, contorcendo-se na cama de hospital — Sou só eu ou o bebê está meio para fora?

𝗗𝗨𝗔𝗦 𝗩𝗘𝗭𝗘𝗦 𝗔𝗠𝗢𝗥 | Bellarke [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora