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Londres
Sina Deinert

Eu pensei que mesmo quando estávamos totalmente bem com alguma coisa, nada nem ninguém podia tirar essa paz interior nossa, essa tranquilidade. Mas eu estava errada, muito errada.

Eu fitava Noah enquanto acariciava seus cabelos com os dedos e o observava dormir.
Mensagens começaram a chegar, imaginei ser Savannah, já que agora ela tem um pacto de cada vez que ver horas iguais a gente faz um pedido uma para outra, e agora, o relógio digital marcava seis e seis da manhã, ou seja, tinha uma grande porcentagem de ser ela.
Mas ao ligar o aparelho, vi que não era quem eu imaginava, apenas pelo jeito tosco de falar (apesar de ter escrito).

Mensagens
Unknow
+49 *********

Sina.

Aonde você está garota? Preciso que volte de uma vez para cá. Estamos precisando de você!

Ótimo

Na hora que precisa de mim, vocês podem me tratar bem, né?

Não me irrite garota.

Já estou por aqui com você.

Só volte logo.

Vou comprar passagem para daqui dois dias.

HAHAHAHAHA

Era para rir?

Porque na verdade eu não fiz nada.

Eu não vou voltar.

Nunca mais.

Enfia isso na sua cabeça, se é que de alguma forma bruta você consegue.

Você parece me odiar garota.

Lembre se sempre: eu sou sua mãe, quer você queira ou não, deve me respeitar.

E eu sou sua filha. Também deve me respeitar.

Mas olha, eu não vou mais entrar nessa discussão patética com você. Apesar se tudo, você é minha mãe, e realmente eu sempre vou te respeitar o máximo que conseguir. Mas eu nunca vou conseguir sentir algo como: vou morrer por você.

Nunca diga nunca.

Desligo o celular e me levanto indo em direção ao banheiro. Fecho os olhos por alguns segundos tentando não pensar em nada, deixar a mente limpa por instantes, mas, obviamente, eu não consigo. Passo um pouco de água gelada no rosto, tento me concentrar ao máximo quando faço a maquiagem básica diária, arrumo bem o cabelo num rabo de cavalo e ponho uma saia jeans com uma camisa social por dentro dela. Amarro o all star e me olho no espelho pronta, havia feito tudo em menos de 15 minutos.
Observei meu retrato no rosto, podia ver o quão parecida com minha mãe eu era. Apena de aparência, graças a Deus. A pele clara, loira, os olhos idênticos aos dela, a boca tão rosada quanto e o contorno do rosto igual. Eu gostaria de me parecer mais com algum parente antigo de meus pais, mas eu tive que me parecer logo com ela. Eu deveria toda vez me olhar no espelho e lembrar o quão parecida com ela eu sou? Lembrar de todos os dias naquele inferno diário que eu chamava de casa, ou de todas as vezes que ela me disse o quão incompetente eu era? De quando ela se quer se importou comigo e resolveu meu por para fora, me chutar de casa. Eu devia ter respeito por ela ser minha mãe, ter me trazido ao mundo, mas não pelo jeito que ela quis me criar. Do jeito idiota, e que se eu não tivesse entendido toda essa palhaçada dês de criança, hoje eu seria uma babaca. Provavelmente já estaria casada com algum cara extremamente rico, não teria nenhum estudo especializado em algo (faculdade) e o fingiria amar, assim como ela fingiu todos esses anos com meu pai. Achando que aquilo era um lar agradável para mim.

my neighborOnde histórias criam vida. Descubra agora