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Londres
Sina

Meus olhos pairavam medo.
Minhas mãos tremiam. Eu tremia.
Olhei o relógio digital. 1 hora da manhã. As lágrimas tocavam soltas e despercebidas por meu rosto. Coloquei-o no travesseiro e gritei. O máximo que pude. O máximo que eu conseguia. O máximo que minhas cordas vocais aguentaram.
Me levantei depois de vinte minutos e me olhei no espelho.
Meu cabelo bagunçado, olhos cheios de lágrimas que esperavam um gatilho para caírem, a boca torta, tentando formar um sorriso para amenizar a sensação de medo. Fúria. Raiva. Ódio. Meus pais não deveriam me criar esse sentimento, mais eu tinha ódio deles. Ódio de como eles me tratavam. Ódio de como podiam mudar, mas não mudavam.

Me sentei novamente na cama. As lágrimas histéricas caiam sobre minhas bochechas mais uma vez. Quando me permiti seca-las, vi meus braços. Estavam avermelhados. Mas que diabo tinha acontecido ali? Eles pegavam fogo, como se um ferro quente houvesse os tocado. Peguei pomadas e curativos, eu os passei em camadas, logo fechando tudo. Era dois grandes curativos. Mais ou menos do pulso até um pouco mais da metade do ante-braço.

Me deitei novamente, na tentativa falta de dormir. Pois seu eu dormisse, haviam grandes chances de que o pesadelo voltasse.
E quando pisquei os olhos, blim, estava no trabalho. Eu tentei esconder os curativos com um blazer, e bem, estava quente. Bem quente. Meus olhos estavam arregalados, eu tinha de fechar eles por dois segundos e acabar adormecendo. Senti algo maciço encostar meu ombro, e me virei.

- Noah.

- Sim? Você me perdoa?

- Por?

- Por ontem...estou falando disso agora. - ele disse com olhos duma cor mais vibrante.

- Ah, sim, claro. Não tem problema.

- Ah tá. Obrigado.

Minha cabeça estava rodopiando. Como se eu estivesse num carrossel infantil, e ele estivesse no máximo, girando sem parar.
Me apoiei sobre a mesa de vidro com a mão esquerda, e a direita estava em minha cabeça. Comecei a ver a imagem de Noah embaçada, sentia que ia desmaiar.

- Sina? Você está branca! Quer que eu chame alguém?

- Não, eu só...- fechei meus olhos, perdendo a batalha. Mas então os abri novamente- Acho que vou pegar um café, não comi nada.

Me levantei devagar e fui a cafeteira, Noah me acompanhava com os olhos, eu podia sentir.

- Sina, não está com calor? Você está de blazer, não quer tirar?

- Não, não. Acho que foi só uma recaída. - inventei me sentando, bebericando o café com gotas de caramelo. - Mas de toda forma, estou bem okay?

Ele assentio, com os olhos ainda em mim, se sentou.
Eu sentia meu braço pulsar, e isso estava quase me fazendo chorar de tanta dor. É como se houvesse tudo uma chicotada nos braços, me fez arrepiar o pensamento.
Quando finalmente Noah foi ao banheiro, entrei no Google.

O que um pesadelo pode causar?

Alguns sintomas que podem ocorrer durante um pesadelo são o sonho parecer muito real e perturbador, fazendo a pessoa se sentir ameaçada e quando desperta se sente assustada, ansiosa, irritada triste ou enjoada, dependendo do tipo de pesadelo que ocorreu.

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