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Geramany
Sina

Savannah me contava animadamente sobre a vida na Austrália, e que estava ali apenas para uma exposição.
Ela me disse que estava extremamente feliz com o trabalho, mas chateada por estarmos tão longe. Noah parecia boiar em todos os assuntos, agradeci mentalmente por Savannah falar inglês, o inglês Australiano, mas inglês.

- E então? Qual a razão por estarem aqui?- perguntou Savannah intercalando o olhar para mim e para Noah.

- Mamãe. Papai. Charles. - disse com desgosto, como se aquelas palavras e nomes traziam um gosto amargo em minha boca. Um gosto ruim. Muito ruim.- preciso por um ponto final.

- Uhm....

Seus olhos focalizam os meus, eu sabia o que ela queria saber, e eu nem sabia o que responder. Noah se levantou, fez um gesto dizendo que iria ao banheiro, ele sabia que precisávamos de um minuto a sós.

- Acho que consigo encarar na verdade. Mas.... Oh quem estou tentando enganar Sav? Eu não faço ideia de como encara-los será. Não sei o que farei quando ver meu pai com desgosto olhando para mim. Minha mãe com aquele olhar de quando... Charles, quando me beijou na cara dura Sav! Eu não sei se consigo.

- Consegue sim Si! Vai conseguir! Eu só não entendo o motivo da pressa... Noah falou que literalmente acordou e disse que tinha que vir... Sina. Não pode decidir as coisas assim, de uma hora para outra como...

- Uma garota mimada.

- Não Si! Como alguém sem compromissos amiga. Não uma garota  mimada.

- É só que... Eu sonhei com aquela noite Sav. Foi como se eu tivesse vivenciado aquela noite novamente. Fora horrível. E eu decidi que não podia mais viver assim, sem por um ponto final na história. Eu quero uma vida com ele, quero uma vida longa ao lado de Noah. Mas é impossível quando eu tenho medo de esbarrar com Charlie em uma festa, de encontrar minha mãe no supermercado, de acabar vendo meu pai no shopping. Eu tenho medo Sav. Eu não posso mais.

As mãos gélidas de Savannah cobrem as minhas num sinal de conforto. Sei que, apesar de qualquer coisa, ela sempre estaria lá para mim. E eu estaria sempre lá para ela. Isso é incrível. Sentir que há sempre alguém que você pode dividir as suas ideias sem se esconder, sem ter medo de confessar seus maiores pecados.
Antes de Savannah não era assim. Eu tinha muito medo de não haver isso comigo. Acho que Deus escutou meus pedidos, acho que ele, antes de fazer com que o pesadelo acabasse, colocou seu anjo da guarda comigo.

- Eu vou te ajudar si. Sempre irei te ajudar em qualquer decisão sua. Sabe disso. Jamais tenha medo de conversar comigo, eu sempre estarei aqui para te ouvir, para te abraçar... eu te amo muito meu amor. Muito mesmo para saber que posso te ajudar a tomar decisões, não decidi-las por ti. Gostaria que tivesse falado comigo antes, poderia ter ajudado daqui. Mas se achou bom que viesse, eu entendo, vocês podiam conversar melhor. E si, você é Noah ainda viverão uma vida muito grande, e se tem medo de eles estragaram seu namoro, pode discutir, mas ele sempre será sua alma gêmea.

Quando me vi pelo reflexo da colher do restaurante, eu estava chorando muito. Savannah também chorava. Acho que nunca tivemos uma conversa madura o bastante. Acho que sabíamos que não sabíamos o que aconteceria.
Me sentei ao seu lado e a abracei forte, segurando seus braços magros e não me soltando. Daí era meu porro seguro, ela nunca deixaria de ser, mas meu péssimo pressentimento me machucava quando pensava nisso, em perde-la. Perder minha melhor amiga em 4 dias de viagem. Eu tinha pavor disso.

- Sav, me prometa ficar aqui sempre Sav. Por favor! Eu não sei como viveria sem você! - disse ainda abraçada nela, agarrando seu pescoço.

- Nunca sai Sina. E nunca vou sair. Não se preocupe. Sempre estarei aqui para o que você precisar.

- Eu te amo tanto.

- Eu também, te amo muito.

Eu queria poder explicar meu sentimento. Meus pais me deixaram -literalmente- com marcas como de que faziam qualquer coisa pelo o que queriam. E eu tinha medo dessa ideia deles. Essa ideia totalmente extremista.

Estávamos de volta ao hotel.

Eu havia pensado em ir para a sauna, mas me arrependo quando vi que não trouxe biquínis. Savannah eu e Noah íamos nos encontrar amanhã às dez horas da manhã no shopping. Iríamos ir até o antigo lugar aonde eu morava, ou como chamam, a casa.
Bem, assim parece assustador, e é, mas não há fantasmas, há monstros.

Noah estava tomando banho, acho que a viagem, o fuso e mais o dia cansativo, haviam acabado com ele, e só um banho para acabar com o cansaço, segundo ele.

Penteei meus cabelos, hodratei meu rosto e me troquei rápido antes que Noah saísse do chuveiro. Pus meu pijama e esperei por ele. Wuando a porta abriu, o bafo quente do chuveiro dominou o quarto, senti gotas de suor descer por minha testa, mas ele nem pareceu perceber. Já estava pronto para dormir, com a toalha molhada na mão. A camiseta grande dele estava molhada por não ter se secado direito, grudada ao corpo. Sorri sem graça, por que essa visão me deixava sem graça. Antes que pudesse entrar no banheiro extremamente quente, ele me puxou pelos cotovelos, largando a toalha molhada em qualquer canto do quarto, minha respiração já começava dar indícios de ficar ofegante. Juntou nossos corpos, uma corrente de eletricidade percorreu meu corpo. Seus lábios beijaram minha bochecha vermelha, e depois apenas pressionaram os meus. Achei que ele queria me deixar louca mesmo.

- Vamos passear?

Ele sussurrou e eu quase cai. Não sei o que há, eu acho que fico tonta quando ele sussurra na verdade. Sorri. Apesar de não querer, eu também queria, e estava ansiosa de mais para ficar trancada no quarto de hotel.

- Uhum.

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