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Berlim
Sina

(alerta gatilho: agressão física e verbal )

A música elegante tocava solta, eu estava me sentindo desconfortável com aquele vestido curto que fora obrigada a usar. Meeny, a filha de amigos próximos de meus pais, tagarelava sem parar comigo. Os cabelos castanhos que caiam em ondas claras sob seus ombros fazia seus olhos verdes ficarem mais bonitos ainda. O vestido preto que ela usava me fez pensar que eu ainda era sortuda por ser obrigada a usar aquele que eu vestia, ela escolhia por conta própria. Eu não diria que gostava de Meeny, ela era muito narcisista. Estava de cinco em cinco segundos retocando o batom vermelho sangue, e sempre jogava os cabelos quando algum rapaz bonito passava por ela. Era meio impossível de não ver ela, afinal, aquele perfume doce que chegava a fazer cáries, fazia com que qualquer um a olhasse. E ainda era mimada. Muito mimada na verdade. Ela estava me contando como foi sua última viagem para Dubai, a dois dias, e me dizia que lá as coisas eram tão baratas que só faltava ela comprar um shopping lá. Disse a idéia do nome " Meeny Monetel ", o nome e sobrenome da própria.
Eu estava concentrada na gravata torta de algumas pessoas ali. Mas ela não conseguia parar de falar.
Logo, alguns dos garçons vieram avisar que a janta estaria pronta. Me despedi de Meeny, pois ela sentaria do outro lado da imensa mesa, em que todos os convidados da festa privada estariam. Serviam lagostas, comidas francesas e espanholas, e eu acabei ficando com a francesa, pois fazia séculos que não colocava nada francês na boca, a não ser frutas, geleias, alguns raros doces...mas comida não.
Meu pai estava na ponta esquerda da grande mesa, a direita a perua de 30. Do lado oposto, estava minha mãe, ao lado do novo namorado, e então eu e Charles. Meu pai estava agradecendo a presença de todos, enquanto todos só queriam comer. Eu estava contando os segundos até ele dar a deixa e todos começarem a devorar os pratos pesados. Ao remexer meu prato, um enjoo retornou minha barriga. Haviam colocado um salmão cru em com a de tudo. Meu estômago estava remexendo. Estiquei meu braço até o fim da cadeira e logo um garçom veio. Reclamei da comida e ele disse ser assim mesmo. Mordi a língua. Como iria comer aquilo?
Comecei a colocar alguns pedaços para dentro, sentido que iria vomitar a qualquer momento. Bebi um pouco do vinho caro que havia ali, e avisei minha mãe que estaria eu indo ao banheiro. Obviamente, a mulher em que eu era parecida, quis me matar, mas apenas assentio. Andei pelos corredores da nossa grande  mansão, subindo o mais rápido para o banheiro principal ( que é o que  usamos quando temos visitas), encontrando ele a alguns pessoas de mim. Quando toquei a maçaneta, algo forte me forçou contra a parede gelada de lá, e logo reparei quem era.

- Charles! O que está fazendo? - perguntei, vendo ele passar o rosto.pr meu pescoço.

- Sentindo o seu perfume.

- Você pirou? Me solta!

- Não antes de eu provar uma coisinha...- disse ele, enquanto eu me debruçava para me soltar. Seu rosto foi chegando tão próximo ao meu que comecei a sentir falta de ar. Ele não faria isso.
Ele então grudou os lábios com os meus, trazendo uma sensação horrível em mim.

- SEU MALANDRO! IDIOTA! OTÁRIO! PERVERTIDO! CANALHA! ESTÁ PENSANDO QUE É QUEM ? SEU IMPRESTÁVEL! - Algumas pessoas já se anunciavam ali - ORDINÁRIO! SEU BABACA! ISSO É ASSÉDIO! EU TE ODEIO! SEU NOJENTO!

No meio da confusão e gritaria, meus pais apareceram acompanhados dos agregados. Algumas pessoas iam embora, enquanto outras ainda estavam ali. Minha mãe passou no meio de todos e veio até mim, segurando meu braço tão forte a ponto de sentir o sangue.

- O que você fez?- ela me perguntou.

- Eu? Ele me beijou! Está claro? Ele me beijou! Eu vou denunciar esse miserável!

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